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E o Nobel de Literatura de 2016 vai para... Bob Dylan

Do UOL, em São Paulo

13/10/2016 08h02Atualizada em 14/10/2016 19h28

Bob Dylan, cantor e compositor norte-americano de clássicos como "Blowin' in the Wind" e "Like a Rolling Stone", é o vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2016. A notícia foi recebida com surpresa: no ambiente geralmente formal, ouviram-se gritos e aplausos na sala onde a porta-voz da Academia Sueca, Sara Danius, fez o anúncio nesta quinta-feira (13), em Estocolmo, às 8h (horário de Brasília).

Danius disse que Dylan foi agraciado por ter "criado novas expressões poéticas dentro da grande tradicional canção americana". Ela ainda traçou paralelos entre a obra dele e a dos poetas gregos Homero e Safo. "Eles faziam poesia para ser ouvida e para ser apresentada com instrumentos. Nós lemos Homero e Safo e gostamos até hoje. É o mesmo com Dylan. Ele pode ser lido, deve ser lido, e é um grande poeta da língua inglesa. E ele faz isso se reinventando constantemente". 

Dylan --que já tem 12 prêmios Grammy, um Oscar, um Globo de Ouro, um Pulitzer e um Príncipe das Astúrias das Artes-- é o primeiro compositor de canções a ganhar o prêmio máximo da literatura. Mas, além de ser músico, Dylan tem também 30 livros publicados. É autor, entre eles, do livro "Tarântula", uma coletânea de poesias que ele lançou em 1966 e que foi publicada no Brasil em 1986 pela Editora Brasiliense. Também já lançou sua autobiografia, "Crônicas Vol. I", que chegou no Brasil em 2005. 

"Se uma pessoa quer começar a escutar ou ler [Dylan] deveria começar com 'Blonde on Blonde', o disco de 1966, que tem vários clássicos e é um exemplo extraordinário de seu jeito brilhante de fazer rimas, posicionar os refrãos e seu pensamento em imagens", aconselhou Sara Danius, admitindo que não era muito fã do trabalho de Dylan e que preferia David Bowie. "Talvez fosse uma questão de geração. Hoje eu adoro Bob Dylan."

Bob Dylan vence Prêmio Nobel de Literatura 2016 - Reprodução/Twitter/nobelprize - Reprodução/Twitter/nobelprize
Selo criado pela Academia Sueca para o Nobel de Literatura de 2016 para Bob Dylan
Imagem: Reprodução/Twitter/nobelprize

Embora o nome de Dylan tenha sido cotado para o prêmio há vários anos, ele não estava entre os favoritos nas atuais bolsas de apostas --a liderança era do japonês Haruki Murakami junto ao sírio Adonis e o romancista queniano Ngugi wa Thiong'o. Os norte-americanos Don DeLillo, Philip Roth e Joyce Carol Oates também estavam entre as apostas.

Junto com o prêmio, o autor ganha também 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,9 milhões) e uma medalha, que serão entregues em uma cerimônia no dia 10 de dezembro. Dylan, que completou 75 anos em maio, é o primeiro americano a ganhar o prêmio desde 1993, quando Toni Morrison levou o título. 

Trajetória

Batizado de Robert Allen Zimmerman, Dylan nasceu em Duluth, Minessota, em 24 de maio de 1941. Na adolescência, tocou em diversas bandas e, com o tempo, seu interesse pela música se aprofundou, com paixão especial pela música folk e pelo blues. Um de seus ídolos é o cantor folk Woody Guthrie. Ele também foi influenciado pelos autores da Geração Beat, assim como pelos poetas modernistas. 

Criado em uma família judaica, Dylan largou a faculdade e se mudou para Nova York, onde se tornou famoso no início dos anos 1960. Em 1962, lançou seu primeiro álbum, "Bob Dylan". Mas foi com o segundo, "The Freewheelin' Bob Bylan", de 1963, que ele revelou seu talento como compositor (é deste trabalho a música "Blowin' in the Wind"). O disco mais recente é "Fallen Angels", lançado em maio deste ano.

Dylan foi eleito em 2004 pela revista norte-americana "Rolling Stone" o segundo melhor artista de todos os tempos, atrás apenas dos Beatles. Ele --que tem quase 40 discos lançados e é também um pintor amador-- segue em plena atividade e tem feito, desde 1988, uma média anual de cem apresentações.

Vencedores do Nobel de Literatura dos últimos anos:

2015:  Svetlana Alexievitch (Bielorrússia)
2014: Patrick Modiano (França)
2013: Alice Munro (Canadá)
2012: Mo Yan (China)
2011: Tomas Tranströmer (Suécia)
2010: Mario Vargas Llosa (Peru)
2009: Herta Müller (Romênia)
2008: Jean-Marie Gustave Le Clézio (França)
2007: Doris Lessing (Reino Unido)
2006: Orhan Pamuk (Turquia)
2005: Harold Pinter (Reino Unido)
2004: Elfriede Jelinek (Áustria)
2003: John Coetzee (África do Sul)
2002: Imre Kertész (Hungria)
2001: V.S. Naipaul (Grã-Bretanha)