TV Brasil admite equívoco em não transmitir show de Mano Brown na Virada
A TV Brasil se pronunciou sobre o cancelamento da transmissão do show de Mano Brown na Virada Cultural. A apresentação do vocalista do grupo Racionais MC's no Centro Cultural Tiradentes (zona leste de São Paulo) seria exibida ao vivo na emissora pública de propriedade do governo federal, na madrugada de domingo (22), o que não aconteceu.
Em resposta ao UOL, a TV informou que houve uma "decisão equivocada" da Diretoria de Produção, que determinou o retorno da equipe que faria a transmissão sem avisar a nova diretoria, que tomou posse na última sexta (20), na EBC (Empresa Brasil de Comunicação).
"O que houve foi uma decisão equivocada da Diretoria de Produção enquanto a nova Diretoria-geral tomava posse na EBC, em Brasília na última sexta-feira, 20 de maio. A Diretoria de Produção determinou o retorno da unidade móvel, que estava seguindo de Brasília para São Paulo sem consultar a nova diretoria. A diretora-geral da EBC, Christiane Samarco, ressaltou que isso não se repetirá durante a sua gestão", afirmou a coordenação de comunicação da EBC.
A suspensão do show de Mano Brown na TV Brasil revoltou a mulher do rapper, Eliane Dias. "Já estava tudo assinado. Aí entrou o novo presidente e no dia seguinte cancelaram tudo. Eu não sei dizer se foi censura, mas já estava tudo fechado. Disseram que eles poderiam estar com medo de haver uma grande manifestação do tipo 'Fora Temer', como houve com o Carlinhos Brown", disse minutos antes de o marido subir ao palco.
Ex-secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki lamentou o cancelamento de algumas transmissões da TV Brasil, com a qual havia um acordo para televisionar os shows da Virada: "O show de Mano Brown foi cancelado porque houve uma intervenção na TV Brasil. Achei um completo absurdo, mas tem a ver com esse clima e postura do novo governo, de desmontar o que estava previsto".
A EBC --e, consequentemente, a TV Brasil-- está passando por mudanças na direção após o afastamento da presidente Dilma Rousseff e o início governo interino de Michel Temer. O presidente em exercício determinou Laerte Rímoli como diretor-presidente da empresa, substituindo Ricardo Melo, nomeado por Dilma em 10 de maio e exonerado por Temer no dia 17.
Ricardo Melo entrou com um mandado de segurança exigindo sua permanência no cargo, alegando que a decisão de Temer violaria a legislação da EBC, que determina o mandato de quatro anos para diretor-presidente. Desde a exoneração, funcionários da empresa de comunicação realizam protestos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
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