Eterna Julieta, Giulia Gam reencontra seu Romeu no Festival de Curitiba
Aos 49 anos, Giulia Gam se sente com 17 no 25º Festival de Teatro de Curitiba, que vai até o próximo dia 3 de abril com mais de 350 peças. O motivo do rejuvenescimento imediato da atriz é voltar a atuar com o colega Marco Antônio Pâmio, que protagonizou com ela a peça "Romeu e Julieta", em 1984, quando ambos começavam a carreira no CPT (Centro de Pesquisa Teatral) sob comando do mestre Antunes Filho no Sesc Consolação, em São Paulo.
Em Curitiba, ambos atuam nas duas peças do "Repertório Shakespeare": "Macbeth" e "Medida por Medida", sob direção de Ron Daniels e sucesso de público e crítica no gigante Teatro Positivo, com 2.400 lugares. Thiago Lacerda também integra o elenco das montagens.
Mas é quando encontra Pâmio no palco, que Giulia sente que os 32 anos que separam "Romeu e Julieta" das montagens atuais não passaram. Vira uma adolescente outra vez.
"Fizemos parte da primeira turma do CPT e viajamos juntos para Austrália, Los Angeles, Oriente Médio. Vivemos muita coisa juntos. Voltar a fazer Shakespeare com o Pâmio é reviver tudo isso", conta a atriz ao UOL, durante um café da manhã no Solar do Rosário, no centro histórico curitibano.
"Estamos tendo um revival. E fazer novamente teatro com um grupo, como nestas peças dirigidas pelo Ron Daniels, com muitas viagens, me repete ao período em que estava começando com o Antunes", diz.
Ao lado de Giulia, Pâmio lembra que "Romeu e Julieta" foi uma peça que demorou dois anos para ficar pronta e que sofreu várias mudanças ao longo dos ensaios. "A gente ensaiava e não sabia se iria estrear". Eles lembram que um dia Antunes resolveu mudar tudo e trouxe músicas dos Beatles para os ensaios. "Na hora não entendemos nada, mas depois tudo fez sentido, porque as letras casavam com a história", recordam.
"Vivemos muita coisa juntos. Quando nos reencontramos agora nos ensaios, era difícil não olhar para a Giulia e ver a Julieta", confessa Pâmio. Ao que a atriz também informa: “E eu vejo o tempo todo o Romeu”, diz, sorrindo. “É como se nada tivesse mudado”, define.
Questionados pela reportagem se não sentem vontade de voltar a trabalhar com Antunes Filho, atualmente com 86 anos e dirigindo a peça "Blanche", Pâmio fala que "acha difícil", sobretudo pela exigência do mestre de que seus atores tenha dedicação integral. "Para fazer peça com o Antunes tem de abrir mão de todo o resto de sua vida. Acho que essa época foi marcante em minha trajetória. É inesquecível, mas acho que é difícil poder trabalhar novamente com ele no contexto de minha vida atual", afirma.
Já Giulia Gam sonha em conseguir convencer o mestre a dirigi-la outra vez no teatro. "Até hoje o Antunes reverbera em mim. Temos um vocabulário próprio, os colegas dizem que percebem que Pâmio e eu viemos de uma mesma escola, reconhecem semelhanças, uma marca, que é do Antunes. Eu queria ser dirigida por ele agora e já cheguei a procurá-lo. Queria esse encontro neste momento no qual não sou mais aquela menina, já de igual para igual. Quem sabe um dia ele aceita?".
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