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Umberto Eco, autor de "O Nome da Rosa", morre aos 84 anos

Do UOL, em São Paulo

19/02/2016 21h54Atualizada em 20/02/2016 11h39

O escritor italiano Umberto Eco, autor de "O Nome da Rosa", morreu nesta sexta-feira (19) aos 84 anos, segundo informações da imprensa italiana. De acordo com o jornal "La Repubblica", a morte foi registrada por volta das 22h30 (horário local), em sua casa em Milão. Segundo agências e a mídia internacional, o escritor sofria de câncer, mas a causa ainda não foi oficialmente divulgada.

Pensador, filósofo, ensaísta, romancista e crítico literário, Umberto Eco era figura de renome no meio acadêmico e referência em semiótica, mas ganhou sucesso internacional com "O Nome da Rosa", obra adaptada para o cinema em 1986 pelo diretor Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery no papel principal. No enredo, ambientado em 1327, um monge franciscano tem a missão de descobrir as misteriosas mortes de sete monges em sete dias.

Seu último livro, "Numero Zero", foi lançado no ano passado e critica o mau jornalismo, a mentira e a manipulação da história. Uma paródia sobre tempos convulsos, porque "essa é a função crítica do intelectual". "Essa é minha maneira de contribuir para esclarecer algumas coisas. O intelectual não pode fazer nada, não pode fazer a revolução. As revoluções feitas por intelectuais são sempre muito perigosas", explicou o autor na época à agência de notícias EFE.

Crítico das redes sociais

Umberto Eco nasceu em Alexandria, na Itália, no dia 5 de janeiro de 1932. Em 1988, ele fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino. Desde 2008 era professor emérito e presidente da Escola Superior de Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha.

Ele se formou em filosofia em 1954, na Universidade de Turim, defendendo uma tese sobre a estética de São Tomás de Aquino. Em 1956, Eco publicou seu primeiro livro, uma extensão de sua tese intitulada "O problema estético em São Tomás de Aquino".

Um dos semiólogos e intelectuais europeus mais importantes deste século, ele também escreveu obras como "O Pêndulo de Foucault" (1988) e "O Cemitério de Praga" (2010), além de ensaios "O Problema Estético" (1956), "O Sinal" (1973), "Tratado Geral de Semiótica" (1975) e "Apocalípticos e Integrados" (1964), referência nos cursos de comunicação em todo o mundo.

Crítico do papel das novas tecnologias no processo de disseminação de informação, Eco disse, em julho do ano passado, que as redes sociais dão o direito à palavra a uma "legião de imbecis" que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade". "Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel", disse o intelectual durante um evento em que recebeu o título de doutor honoris causa em comunicação e cultura na Universidade de Turim, norte da Itália.

Em uma de suas últimas colunas publicada pelo UOL, em janeiro deste ano, Eco fala de sua visão sobre a humanidade. "Na medida em que envelheci, comecei a odiar a humanidade. Portanto, se eu tivesse um poder absoluto, deixaria que ela continuasse em seu caminho de autodestruição. Ela seria destruída e eu ficaria mais feliz. Pessoas como eu são intelectuais: nós fazemos o nosso trabalho, escrevemos artigos, temos maneiras de protestar, mas não podemos mudar o mundo. Tudo o que podemos fazer é apoiar a política de empatia", escreveu ele.