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Exposição interativa apresenta 30 obras de Mondrian em São Paulo

Piet Mondrian, Lírio Arum [flor azul] (1908 - 1909) - Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda - Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda
Antes da abstração total, Mondrian também pintou flor, como o Lírio Arum [flor azul] (1908 - 1909)
Imagem: Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda

Roseane Aguirra

Do UOL, em São Paulo

25/01/2016 07h00

A exposição mais completa já montada no Brasil sobre Mondrian (1872-1944) abre nesta segunda-feira (25), no CCBB-SP (Centro Cultural Banco do Brasil). "Mondrian e o Movimento de Stijl" conta com 70 obras do movimento holandês De Stijl, sendo 30 delas de Mondrian. Em cartaz até abril, a mostra terá pinturas, móveis, maquetes, desenhos e, é claro, áreas interativas.

Veja cinco motivos para visitar a exposição.

Quem assina a exposição inédita é o curador Pieter Tjabbes, também responsável pela exposição "O Mundo Mágico de Escher", classificada como a mais vista do mundo em 2011. Em entrevista ao UOL, o curador afirma que o sucesso de Escher o ajudou a ganhar confiança para trazer obras de Mondrian ao Brasil. "Tirar peças históricas, sensíveis e valiosas de casa, fazê-las atravessar o oceano e permanecer por um ano em outro país não é um processo simples. Por isso a preparação leva tempo", diz, explicando que foram necessários cinco anos para negociação e montagem.

Um dos segredos de sucesso de Pieter é a instalação de áreas interativas, que ele chama de "playground", onde o público poderá tirar "selfies" e brincar de artista. No térreo do CCBB, há três atrações interativas, uma delas é a cadeira gigante de Rietveld, outro nome importante do movimento, cujo mobiliário se tornou referência. "Essa foto vai bombar", brinca o curador.

Muito mais que pintura

O grupo De Stijl se formou a partir da revista de mesmo nome, criada em 1917, que procurava ser um espaço de discussão para designers, arquitetos e pintores com ideias semelhantes. Por isso, o De Stijl era mais do que apenas um movimento, era um "modo de pensar", segundo Pieter. O resultado são obras variadas, que vão desde pinturas baseadas nas cores primárias (vermelho, azul e amarelo), até móveis, maquetes e construções.

Maquete da casa Rietveld Schröder em Utrecht (1924) - Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda - Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda
Maquete da casa Rietveld Schröder em Utrecht (1924)
Imagem: Gemeentemuseum, Den Haag, Holanda
"As personalidades que estavam ligadas ao movimento de Stijl tinham um sonho em comum, uma utopia de fazer do mundo um lugar melhor e a narrativa da exposição pretende passar isso ao público. Além disso, os visitantes terão acesso a todo o caminho percorrido por Mondrian desde o início de sua carreira – quando o artista pintava paisagens e obras figurativas – até as obras mais recentes e abstratas".

A abstração, ou a "busca pela essência", veio de diversas fontes. A obra de Mondrian foi influenciada pelo seu amor ao jazz, pela criação extremamente religiosa e pelos estudos da teosofia quando adulto, sem contar os horrores vistos e vividos na 1ª Guerra Mundial. "Foi a partir dali que o grupo se uniu em torno da crença de que algo melhor e novo era possível. O que havia no grupo era a intenção de uma nova plástica que se adequasse a essa nova realidade pretendida".

A exposição

O percurso cronológico começa no subsolo, onde os visitantes podem conferir obras mais figurativas, com paisagens e campos. A partir daí os visitantes seguem até o 4º andar, onde é mostrando o caminho para a abstração de Mondrian, com algumas obras figurativas, mas já apresentando redução de detalhes.

O 3º andar é onde estão os quadros mais famosos de Mondrian, como a "Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul" (1921) e "Composição de linhas e cor III" (1937). No 2º andar está a parte voltada para arquitetura, com projeções da casa de Rietveld, maquetes, plantas e algumas cadeiras. O percurso termina no 1º andar, que também abriga réplicas de cadeiras, como a primeira cadeira feita de caixotes nos moldes "faça você mesmo", criação de Rietveld de 1934.

Vídeos, documentários e até louças fazem parte da exposição, que serve como uma aula de arte e design ao mesmo tempo. Quase um século após a criação do movimento, muitas das peças ainda se mantêm atuais - e não apenas as peças. "Vale ressaltar também que o grupo era extremamente colaborativo e acreditava firmemente na possibilidade de construção de um mundo melhor, duas temáticas que até hoje demonstram ser de profunda importância para as discussões de que tipo de sociedade nós construímos diariamente".

Serviço
Mondrian e o Movimento de Stijl
Quando: De 25 de janeiro a 4 de abril de 2016, de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h
Onde: CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) - Rua Álvares Penteado, 112, centro
Quanto: Grátis
É possível agendar visitas pelo site do Ingresso Rápido
Mais informações: http://culturabancodobrasil.com.br/portal/