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Sucesso da Broadway, "Wicked" chega a SP e põe bruxas para espantar crise

Miguel Arcanjo Prado

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/01/2016 10h00

Os números são altos: cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo já viram o musical "Wicked", uma das franquias de maior sucesso da Broadway desde 2003. Agora, o espetáculo chega ao Brasil com estreia em 4 de março, no Teatro Renault, em São Paulo. E não há bruxa que tema qualquer crise econômica.

"Não houve redução de custos [para produzir o musical]", diz ao UOL Geraldo Rocha Azevedo, diretor da Time for Fun, responsável pela produção. "Não economizamos em nada. A produção é igual à original", diz ele sobre o espetáculo, que tem ingressos já à venda com valores entre R$ 50 e R$ 280. "'Wicked' está entre os musicais mais caros já produzidos pela T4F no país", reitera ele, sem revelar o orçamento total --o último, "Mudança de Hábito", teve investimento próximo dos R$ 30 milhões.

Os números já obtidos pela franquia "Wicked", atualmente com cinco montagens pelo mundo, são um bom presságio: o faturamento do musical supera os US$ 3,9 bilhões. Para Azevedo, o setor de entretenimento demonstra longevidade e disposição diante da crise. "A história de sucesso do musical nos faz acreditar que ele repetirá o feito por aqui".

Durante nove anos consecutivos, foi a maior bilheteria da Broadway, sendo visto, só lá, por 9 milhões de espectadores. Os produtos licenciados renderam US$ 150 milhões. E abocanhou mais de cem prêmios, incluindo um Grammy e três Tony, o Oscar do teatro. Escrito originalmente em inglês por Stephen Schwartz a partir da obra de Gregory Maguire, o português é a sexta língua para a qual é traduzido, depois do espanhol, alemão, holandês, japonês e coreano.

Atores vibrantes

Desde o começo do ano, os ensaios acontecem em ritmo frenético. A diretora norte-americana, Lisa Leguillou, parece satisfeita com os 34 artistas brasileiros que escolheu. "Eles são vibrantes e maravilhosos, são garotos muito especiais", define, antes de pedir ao elenco para cantar uma das músicas da peça, que se passa na Terra de Oz, a mesma de Dorothy de "O Mágico de Oz". A história de "Wicked", no entanto, ocorre muito antes da menina dos sapatinhos vermelho chegar por lá com seu Totó, quando as bruxas Elphaba e Glinda ainda eram jovens e amigas, inocentes diante do futuro de maldade e bondade que as espera.

Braço direito de Lisa, a diretora residente brasileira, Rachel Ripani, atriz com passagem pela TV e farta experiência na tradução de textos do inglês para o português, ajuda a organizar os ensaios. "No teatro musical é preciso manter a mesma peça do começo ao fim da temporada. É preciso atenção diária. Falo para o elenco: 'mais do que teatro, isso é atletismo'".

Lisa Leguillou - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
A diretora norte-americana Lisa Leguillou durante ensaio do musical
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Bruxas protagonistas

Duas atrizes-atletas são protagonistas desta história. Myra Ruiz, 22, e Fabi Bang, 31, foram escolhidas as protagonistas da superprodução e fazem, respectivamente, as bruxas Elphaba e Glinda, habitantes do mundo de Oz --o lendário Mágico é interpretado por Sérgio Rufino, veterano dos palcos que afirma estar adorando "trabalhar pela primeira vez numa superprodução da Broadway", seu "sonho de infância".

As protagonistas receberam suas personagens no fim do ano passado, em uma espécie de presente de Natal antecipado, após maratona angustiante de seis meses de processo seletivo. Desde o começo do ano, ensaiam oito horas diárias, de cinco a seis dias por semana, com o restante do elenco, músicos e a equipe técnica da peça.

"Este ano vou ter vida de monge", brinca Myra, que faz musical há cinco anos, tempo em que acumula duas temporadas de aperfeiçoamento nos Estados Unidos. Lá, estudou em renomadas escolas de Nova York, como a The Lee Strasberg Theatre and Film Institute, lugar pelo qual passaram nomes como Robert de Niro e Angelina Jolie. "Fazia aulas na mesma sala em que eles estudaram".

No Brasil, a jovem atriz atuou em musicais como "Mamma Mia", "Nas Alturas" e "Nine". "Foi tudo muito rápido", admite, sabedora do peso de ser protagonista de uma superprodução. "Nada se compara a esta responsabilidade de ser a Elphaba em 'Wicked'. Fiz testes desde o início pensando nesta personagem. Era pra ser minha", diz Myra, com fala centrada, demonstrando maturidade.

Fabi Bang define sua bruxa Glinda como "carismática e cômica". Sobre ser protagonista, vai direto ao ponto: "Estou esperando por este momento há dez anos". A trajetória foi longa, desde que estreou como bailarina de "O Fantasma da Ópera", em 2005. "Lembro-me que era louca para usar microfone e poder cantar. Estudei muito e fiz de tudo nos musicais até chegar aqui. Posso dizer que me sinto preparada para este desafio".

E Fabi tem currículo de estremecer: depois de "O Fantasma da Ópera", atuou em "Miss Saigon", "A Bela e a Fera", "Cats", "Evita", "Cabaret", "Priscilla - A Rainha do Deserto", "A Família Addams", "O Homem de la Mancha" e "Kiss me Kate", até chegar em "Wicked". "Quando me ligaram dizendo que seria a Glinda, estava sozinha em casa e comecei a gritar e chorar ao mesmo tempo. Tentei abraçar meus gatos, mas eles saíram correndo. O jeito foi ligar para minha mãe, aos prantos", lembra a carioca, que vive há uma década em São Paulo. 

Jonatas Faro - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
Jonatas Faro, que fará o príncipe Fiyero
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Príncipe encantado

Ainda ganharam papel de destaque no elenco os atores Jonatas Faro e André Loddi, que dividirão o papel de príncipe Fiyero, o mocinho da história. "A Lisa gostou tanto de nós dois que resolveu, pela primeira vez, deixar que dois atores interpretassem o mesmo personagem, alternando-se nas sessões", explica Loddi, que recentemente fez o personagem Raul Paletó na novela "I Love Paraisópolis", na Globo.

Ele faz seu sétimo musical, tendo no currículo peças do quilate de "O Violinista no Telhado" e "O Despertar da Primavera". O rapaz comemora o fato de cada ator ter podido criar seu Fiyero de forma diferente. "A diretora vai usar o que podemos dar ao personagem. O bacana de dividi-lo com o Jonatas Faro também é ter a possibilidade de assistir ao meu personagem em outro corpo, outra voz".

Jonatas Faro, por sua vez, conta que se mudou do Rio para São Paulo só para fazer "Wicked". Ele revela que já fez novos amigos no elenco. "Isso é o mais gostoso da nossa profissão, trabalhar o tempo todo com pessoas novas", diz o ator, que está em seu segundo musical --o primeiro foi "Hairspray", com a ex-mulher, Danielle Winits, com quem tem o filho Guy.

"Vou ficar a maior parte do tempo em São Paulo e só vou ao Rio para poder ver meu filho", conta o ator. Faro revela que os ensaios estão puxados: "Ainda estou com os músculos da barriga doendo. Mas é bom a gente sair da zona de conforto. É isso que provoca o frio na barriga que a gente tanto gosta".

Serviço

"Wicked"
Quando:
a partir de 4 de março de 2016
Onde: Teatro Renault - Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista, São Paulo
Quanto:
Quintas 21h
Balcão B: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Visão Parcial Balcão B: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Balcão A: R$ 110 (inteira) e R$ 55 (meia)
Plateia B: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia)
Plateia A: R$ 230 (inteira) e R$ 115(meia)
Camarote: R$ 230 (inteira) e R$ 115(meia)
Camarote ZZ: R$ 230 (inteira) e R$ 115(meia)
Setor Premium: R$ 260 (inteira) e R$ 130 (meia)

Sextas 21h / Sábados 16h e 21h / Domingos 15h e 20h
Balcão B: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Visão Parcial Balcão B: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Balcão A: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)
Plateia B: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia)
Plateia A: R$ 250 (inteira) e R$ 125(meia)
Camarote: R$ 250 (inteira) e R$ 125(meia)
Camarote ZZ: R$ 250 (inteira) e R$ 125(meia)
Setor Premium: R$ 280 (inteira) e R$ 140 (meia)

Vendas: na bilheteria do Teatro Renault, pela internet (http://www.ticketsforfun.com.br/) e pontos de venda espalhados pelo país.
Mais informações: www.ticketsforfun.com.br