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Atrizes querem ver personagens com quem se identifiquem no cinema e na TV

Beatriz Amendola

Do UOL, em San Diego (EUA)

12/07/2015 17h02

Em um ano marcado pelas campanhas pela igualdade de gênero em Hollywood, o assunto não podia ficar de fora da Comic-Con de San Diego, que chega ao fim neste domingo (12). Não só a expressão "mulher forte" foi usada várias vezes para definir personagens femininas, como também estrelas como Gal Gadot (a nova Mulher-Maravilha), Hayley Atwell ("Agent Carter") e Gwendoline Christie ("Game of Thrones") discutiram a forma como as mulheres são retratadas em Holywood.

"Todas as mulheres querem se ver representadas de uma forma mais realista, e os homens também", afirmou Gwendoline, a cavaleira Brienne de Tarth em "Game of Thrones". "Queremos ver pessoas com quem nos identificamos. Ou pessoas tão diferentes que, conforme a história, descobrimos que não são tão diferentes assim. E acho que estamos caminhando para isso".

Hayley, que interpreta a agente Peggy Carter, da série da Marvel, afirmou que consegue se identificar com a personagem justamente por causa da riqueza de sua personalidade. "Na série, Peggy usa muitas coisas: sua inteligência, seu charme, sua esperteza, até sua sexualidade. E gosto da forma como ela foi construída, como alguém que é multifacetada. Eu me sinto vista e reconhecida como ser humano."

A atriz ainda criticou a forma como as relações entre mulheres são retratadas na indústria do entretenimento e disse que entende porque muitos fãs torcem pela amizade entre Peggy e Angie (Lyndsy Fonseca): "Hoje em dia é muito raro você ver na TV uma cena em que duas mulheres não estejam falando sobre homem. Ou competindo e sendo más uma com a outra. Esse tipo de relação genuína, de afeição, não costuma ser retratado, e os fãs entenderam isso."

Prestes a lançar o terror "A Colina Escarlate", o cineasta Guillermo Del Toro ressaltou que é responsabilidade também dos criadores montar personagens femininas mais realistas. "Geralmente, as mulheres são damas em perigos nessas produções. 'A Colina' é um romance com algumas reviravoltas. É mais livre de estereótipos de gêneros, há mais liberdade. Acho que é nossa responsabilidade pegar esses grandes dramas e contá-los de outra forma".

Cenas desnecessárias

Durante o painel Women Who Kick Ass, no sábado, as atrizes discutiram o fato de as mulheres ainda terem de fazer cenas que são inverossímeis ou desnecessárias. "Correr de salto", lembrou Jenna Coleman, a Clara de "Doctor Who". Hayley Atwell mencionou as cenas de nudez: "Há a necessidade de falar 'eu não preciso ficar nua nessa cena, eu não vou fazer isso só por causa da sua fantasia esquisita'".

Parte do novo elenco de "Star Wars: O Despertar da Força", Gwendoline Christie já havia dito durante o painel da produção que foi libertador atuar com um uniforme semelhante ao de um stormtrooper. "Foi a única oportunidade de explorar uma personagem que não se preocupa com a aparência. E acho incrível que por baixo daquela armadura haja uma mulher".

Gal Gadot, que trabalhou na franquia "Velozes e Furiosos", disse que nunca teve problemas com sexismo no set, mas sente a necessidade de valorizar a figura feminina. "Fui privilegiada o suficiente para trabalhar com homens que respeitam as mulheres. Mas acho que as mulheres ainda não são tão valorizadas, não têm o mesmo espaço. Por isso, para mim, é importante mostrar o lado incrível e divertido das mulheres. Não é uma questão de mulheres versus homens, mas de mostrar que elas também são incríveis".