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Cinderela "ataca de DJ" em novo livro da campeã de vendas Paula Pimenta

A escritora Paula Pimenta posa com exemplares de seus "livros cor-de-rosa" - Divulgação
A escritora Paula Pimenta posa com exemplares de seus "livros cor-de-rosa" Imagem: Divulgação

Rodrigo Casarin

Do UOL, em São Paulo

16/04/2015 06h00

Enquanto a reportagem do UOL espera a chegada dos seguranças que escoltariam Paula Pimenta até a livraria de um shopping em São Paulo, uma mãe surpreende-se, para e diz para a filha: “É ela!”. Em tom de súplica, pede para que a escritora tire uma foto com a criança. A pequena sai do encontro feliz, enquanto sua mãe chora emocionada. A autora é uma celebridade literária.

Paula está lançando o livro "Cinderela Pop", uma releitura da clássica narrativa, na qual apresenta Cinderela como uma superDJ, cuja playlist privilegia músicas dos anos 80 e 90. A obra é a versão integral retrabalhada do texto que originou o conto publicado em “O Livro das Princesas”, que reuniu também contos de Meg Cabot, Lauren Kate e Patrícia Barboza. “Desde criança eu gosto muito de princesas, de todas elas”, diz a escritora. Gosta tanto que “Cinderela Pop” continua uma série de livros inaugurada por “Princesa Adormecida” e que seguirá com obras protagonizadas por por Ariel, Branca de Neve e Bela, de “A Bela e a Fera”.

Capa de "Cinderela Pop", novo livro de Paula Pimenta, lançado em 2015 - Reprodução - Reprodução
Capa de "Cinderela Pop", novo livro de Paula Pimenta
Imagem: Reprodução

São títulos que com certeza agregarão ainda mais aos seus já impactantes números. Paula se aproxima da marca de 800 mil livros comercializados em toda a vida e foi a autora nacional que mais vendeu em 2014 segundo o site PublishNews, referência no mercado editorial – em outubro, oito de seus livros estiveram na lista dos 20 mais vendidos. O autor que dividiu a dianteira dos números com a moça foi Augusto Cury, o maior vendedor de livro do Brasil na atualidade. “Não esperava, foi uma surpresa. Fico superlisonjeada de estar ali com ele.” 

Curiosamente, a cada ano seu livro que mais vende, segundo a própria escritora, é “Fazendo Meu Filme”, sua obra de estreia,  de 2008, que ganhou três continuações. Escrever séries, aliás, é algo que agrada à autora. “Me envolvo muito com as histórias e assim tenho mais tempo para desenvolvê-las. O leitor também se envolve com o universo, fica um vazio quando se lê um livro único, algo como 'E agora, como vou viver sem os personagens?' Além disso, os leitores acabam crescendo junto com os personagens, o que é bem legal.”

Uma dessas séries ganhará continuação em junho, quando chegará às livrarias “Fora de Série 3”. Na história, Priscila, a protagonista, estará com 19 anos e cursará a faculdade de veterinária, marcando a saída da adolescência e o início da vida adulta. Há muito que os fãs cobravam reiteradamente a continuação, algo que ocasionalmente incomoda a autora. Quando está cansada, Paula diz que “às vezes dá vontade de falar que todos os personagens morreram, que não existem mais”.

Paula Pimenta fala sobre "Cinderela Pop"

  • Ás vezes, acham que sou a personagem. Tem leitora que quer ser a minha melhor amiga

    Paula Pimenta

Alma de adolescente
A relação de Paula com seus fãs, aliás, é bastante intensa, seja pelas redes sociais, seja nos eventos. Assim que a escritora chega à livraria, jovens, quase sempre meninas com seus 10, 12, 14 anos, correm e choram compulsivamente. Muitas estavam ali desde às 10 horas, aguardando por um papo seguido de autógrafos que estava marcado para às 16 horas. No auditório lotado, acompanham com atenção – e celulares em punho, registrando o momento - tudo o que a escritora tem a dizer. Quando fazem perguntas, sempre precisam dizer “Eu te amo” para Paula. Também gritam muito, o que a autora compreende. “É a maneira do adolescente demonstrar carinho. Eu gritava para o RPM quando era mais nova.”

A escritora aproveita esses momentos de grande contato com seu público para fazer uma espécie de pesquisa para seus livros, perceber o que está acontecendo entre os jovens. Em algumas oportunidades, contudo, essa proximidade ganha contornos mais sérios. No caso mais dramático, recebeu um e-mail de uma leitora depressiva, que costumava se cortar para externar a sua dor interna, mas que mudou de hábito depois de ler uma obra de Paula. “Ela disse que o livro lhe mostrou uma vida mais colorida”, lembra a escritora.

Paula acredita que essa identificação aconteça porque, apesar de seus 38 anos, sua alma ainda seja adolescente. Mas faz questão de manter um limite. Quando alguém lhe pede  conselho, recusa-se a dar e sugere que a pessoa procure alguém de seu círculo de convivência. “Às vezes acham que sou a personagem. Tem leitora que quer ser a minha melhor amiga”.

Escritora cor-de-rosa
Autointitulando-se “escritora de livros cor-de-rosa” - por conta de expressões como “sonho cor-de-rosa”, “vida cor-de-rosa”... -, Paula começou a escrever para si mesma, preocupando-se em construir histórias que gostasse de ler. Hoje, assume que o papel de sua literatura é entreter, mas também formar leitores. “Eu lia os clássicos na escola, mas tem gente que não gosta, isso acaba travando a leitura. Já livros como 'Harry Potter'' ou 'Crepúsculo' atraem os jovens e fazem com que desenvolvam o hábito da leitura”, compara.

Ainda este ano, a escritora lançará também o livro “Um Ano Inesquecível”, feito com Thalita Rebouças, Babi Dewet e Bruna Vieira. Cada autora ficou responsável por escrever um conto para alguma das quatro estações do ano – coube a Paula o inverno.

Outra novidade bastante aguardada pelos fãs é a adaptação para o teatro de “Minha Vida Fora de Série”, que tramita pelas burocracias das leis de incentivo e ainda não tem data para estrear. Além disso, está prevista para 2016 a versão para o cinema de “Fazendo Meu Filme”.

Voltando à livraria, Paula atraiu mais de 300 pessoas para seu encontro em São Paulo – no dia anterior, no Rio de Janeiro, outras 250 tinham prestigiado a autora. Talvez a queixa de um homem acompanhando uma garotinha na fila de autógrafos ajude a dar o tom do furor que a moça causa: “Nem para ver o Jô Soares tinha que pegar senha, 'cê' é louco!”