Cinderela "ataca de DJ" em novo livro da campeã de vendas Paula Pimenta
Enquanto a reportagem do UOL espera a chegada dos seguranças que escoltariam Paula Pimenta até a livraria de um shopping em São Paulo, uma mãe surpreende-se, para e diz para a filha: “É ela!”. Em tom de súplica, pede para que a escritora tire uma foto com a criança. A pequena sai do encontro feliz, enquanto sua mãe chora emocionada. A autora é uma celebridade literária.
Paula está lançando o livro "Cinderela Pop", uma releitura da clássica narrativa, na qual apresenta Cinderela como uma superDJ, cuja playlist privilegia músicas dos anos 80 e 90. A obra é a versão integral retrabalhada do texto que originou o conto publicado em “O Livro das Princesas”, que reuniu também contos de Meg Cabot, Lauren Kate e Patrícia Barboza. “Desde criança eu gosto muito de princesas, de todas elas”, diz a escritora. Gosta tanto que “Cinderela Pop” continua uma série de livros inaugurada por “Princesa Adormecida” e que seguirá com obras protagonizadas por por Ariel, Branca de Neve e Bela, de “A Bela e a Fera”.
São títulos que com certeza agregarão ainda mais aos seus já impactantes números. Paula se aproxima da marca de 800 mil livros comercializados em toda a vida e foi a autora nacional que mais vendeu em 2014 segundo o site PublishNews, referência no mercado editorial – em outubro, oito de seus livros estiveram na lista dos 20 mais vendidos. O autor que dividiu a dianteira dos números com a moça foi Augusto Cury, o maior vendedor de livro do Brasil na atualidade. “Não esperava, foi uma surpresa. Fico superlisonjeada de estar ali com ele.”
Curiosamente, a cada ano seu livro que mais vende, segundo a própria escritora, é “Fazendo Meu Filme”, sua obra de estreia, de 2008, que ganhou três continuações. Escrever séries, aliás, é algo que agrada à autora. “Me envolvo muito com as histórias e assim tenho mais tempo para desenvolvê-las. O leitor também se envolve com o universo, fica um vazio quando se lê um livro único, algo como 'E agora, como vou viver sem os personagens?' Além disso, os leitores acabam crescendo junto com os personagens, o que é bem legal.”
Uma dessas séries ganhará continuação em junho, quando chegará às livrarias “Fora de Série 3”. Na história, Priscila, a protagonista, estará com 19 anos e cursará a faculdade de veterinária, marcando a saída da adolescência e o início da vida adulta. Há muito que os fãs cobravam reiteradamente a continuação, algo que ocasionalmente incomoda a autora. Quando está cansada, Paula diz que “às vezes dá vontade de falar que todos os personagens morreram, que não existem mais”.
Paula Pimenta fala sobre "Cinderela Pop"
Ás vezes, acham que sou a personagem. Tem leitora que quer ser a minha melhor amiga
Alma de adolescente
A relação de Paula com seus fãs, aliás, é bastante intensa, seja pelas redes sociais, seja nos eventos. Assim que a escritora chega à livraria, jovens, quase sempre meninas com seus 10, 12, 14 anos, correm e choram compulsivamente. Muitas estavam ali desde às 10 horas, aguardando por um papo seguido de autógrafos que estava marcado para às 16 horas. No auditório lotado, acompanham com atenção – e celulares em punho, registrando o momento - tudo o que a escritora tem a dizer. Quando fazem perguntas, sempre precisam dizer “Eu te amo” para Paula. Também gritam muito, o que a autora compreende. “É a maneira do adolescente demonstrar carinho. Eu gritava para o RPM quando era mais nova.”
A escritora aproveita esses momentos de grande contato com seu público para fazer uma espécie de pesquisa para seus livros, perceber o que está acontecendo entre os jovens. Em algumas oportunidades, contudo, essa proximidade ganha contornos mais sérios. No caso mais dramático, recebeu um e-mail de uma leitora depressiva, que costumava se cortar para externar a sua dor interna, mas que mudou de hábito depois de ler uma obra de Paula. “Ela disse que o livro lhe mostrou uma vida mais colorida”, lembra a escritora.
Paula acredita que essa identificação aconteça porque, apesar de seus 38 anos, sua alma ainda seja adolescente. Mas faz questão de manter um limite. Quando alguém lhe pede conselho, recusa-se a dar e sugere que a pessoa procure alguém de seu círculo de convivência. “Às vezes acham que sou a personagem. Tem leitora que quer ser a minha melhor amiga”.
Escritora cor-de-rosa
Autointitulando-se “escritora de livros cor-de-rosa” - por conta de expressões como “sonho cor-de-rosa”, “vida cor-de-rosa”... -, Paula começou a escrever para si mesma, preocupando-se em construir histórias que gostasse de ler. Hoje, assume que o papel de sua literatura é entreter, mas também formar leitores. “Eu lia os clássicos na escola, mas tem gente que não gosta, isso acaba travando a leitura. Já livros como 'Harry Potter'' ou 'Crepúsculo' atraem os jovens e fazem com que desenvolvam o hábito da leitura”, compara.
Ainda este ano, a escritora lançará também o livro “Um Ano Inesquecível”, feito com Thalita Rebouças, Babi Dewet e Bruna Vieira. Cada autora ficou responsável por escrever um conto para alguma das quatro estações do ano – coube a Paula o inverno.
Outra novidade bastante aguardada pelos fãs é a adaptação para o teatro de “Minha Vida Fora de Série”, que tramita pelas burocracias das leis de incentivo e ainda não tem data para estrear. Além disso, está prevista para 2016 a versão para o cinema de “Fazendo Meu Filme”.
Voltando à livraria, Paula atraiu mais de 300 pessoas para seu encontro em São Paulo – no dia anterior, no Rio de Janeiro, outras 250 tinham prestigiado a autora. Talvez a queixa de um homem acompanhando uma garotinha na fila de autógrafos ajude a dar o tom do furor que a moça causa: “Nem para ver o Jô Soares tinha que pegar senha, 'cê' é louco!”
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