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Secretária: Ubaldo escrevia novo livro em sigilo e tentava largar o cigarro

Carla Neves

Do UOL, no Rio

18/07/2014 13h02Atualizada em 22/07/2014 19h01

Valéria dos Santos, secretária pessoal de João Ubaldo Ribeiro nos últimos dez anos, contou ao UOL que o escritor estava trabalhando em um novo romance há cerca de um ano e meio. O título e o tema do livro, no entanto, eram mantidos em sigilo pelo autor.

Como Valéria era a pessoa responsável por agendar todos os compromissos de Ubaldo, ele não quis revelar os detalhes de seu novo livro nem a ela, pois não queria que ninguém a procurasse para saber os detalhes. “Ele estava animado com o livro. Acordava todo dia muito cedo, às 4h, 5h, e já começava a escrever. Por causa do romance, me pediu para cercear os convites que recebia”, conta a secretária, que também não sabe dizer quantas páginas o autor já havia escrito da obra.

 

Segundo a funcionária, Ubaldo estava bem de saúde. Ela lembra, no entanto, que no último mês de maio o escritor foi internado no hospital Samaritano, no Rio, pois estava com dificuldade para respirar. “O médico pediu que ele parasse de fumar. Quando teve alta, estava bem. Ele fumou a vida inteira, mas estava conseguindo reduzir. Ultimamente, não chegava a fumar nem um maço por dia”, revela a secretária.

Ela diz, no entanto, que o escritor andava em uma rotina “desgastante”, por conta do acúmulo do trabalho no novo livro com o da coluna semanal que ele publicava no jornal “O Globo”. “Ele tinha que entregar a coluna na quinta-feira para ser publicada no domingo. Para escrever o texto, ele passava os dias de terça e quarta pesquisando o tema.” Ainda de acordo com a secretária, ele sempre despachava com ela via Skype ou e-mail, pois não gostava de falar ao telefone.

Valéria também revela detalhes sobre a morte do romancista. Ela conta que, por volta das 3h desta sexta (18), ele acordou sua mulher, Berenice, passando mal e pedindo socorro. Berenice e Francisca, filha que morava com o casal, chamaram socorro. O médico pessoal do escritor também chegou a ir à residência. O estado de Ubaldo, no entanto, se agravou, e os médicos não conseguiram reanimá-lo. Ele morreu por volta das 5h.

“Ele era um gentleman. De uma delicadeza para lidar com o ser humano muito grande. Era um homem muito delicado”, define a secretária.