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Artista plástico H.R. Giger, pai de "Alien", morre aos 74 anos

04.set.2013 - O artista suíço H.R. Giger durante exibição de "HR Giger. The Art of Biomechanics" na abertura da mostra Ars Electronica 2013 em Linz, na Áustria - EFE
04.set.2013 - O artista suíço H.R. Giger durante exibição de "HR Giger. The Art of Biomechanics" na abertura da mostra Ars Electronica 2013 em Linz, na Áustria Imagem: EFE

Do UOL, em São Paulo

13/05/2014 07h49

A lenda do design H.R. Giger, cujo portfólio inclui uma série de impressionantes capas de álbuns e a imagem assustadora do alienígena na saga “Alien”, morreu na segunda-feira (12), aos 74 anos.

O artista suíço caiu de uma escada no início da semana. Os ferimentos do acidente teriam sido a causa da morte. A informação foi confirmada pelo canal de TV suíço SRF e replicada pelo site “Fact”.

O artista plástico se lançou em várias áreas durante a carreira, incluindo pintura, cenografia, ilustração e escultura. Giger constituiu a imagem do alienígena com dentes afiados e pele viscosa que se tornou icônico desde o primeiro filme da série, “Alien”, de Ridley Scott, lançado em 1979. O artista ganhou Oscar de Efeitos Especiais pelo trabalho. Giger também foi responsável pelo design do filme “A Experiência” (1995).

Com inspiração no surrealismo e no sci-fi, suas obras são ricas em detalhes e carregam forte influência da arquitetura e design industriais. Construiu, através de sua obra, híbridos fantasmagóricos entre o orgânico e o mecânico.

Cinema e música
Giger criou uma série de capas de discos para Debbie Harry (“Koo Koo”, de 1981), Emerson, Lake and Palmer (“Brain Salad Sugery”, de 1973) e Joel Vandroogenbroeck (“Biomechanoid”, de 1980). No álbum “Frankenchrist” (1985), o Dead Kennedys usou a pintura Landscape XX (ou Penis Landscape) como pôster, o que rendeu um processo à banda. Um de seus trabalhos mais conhecidos é a série de imagens “Necronomicon”.

Sua participação em “Alien” começou em 1975, quando chamou a atenção do roteirista Dan O'Bannon enquanto trabalhava com o cineasta chileno Alejandro Jodorowski numa versão de “Duna” jamais concretizada. O'Bannon mostrou a Scott o livro do suíço com as obras de “Necronomicon”, que acabou o convidando para integrar a equipe do filme. Em 1992, ele voltou a trabalhar com o diretor David Fincher em “Alien³”.

Capa de "Brain Salad Sugery", de Emerson, Lake e Palmer - Reprodução - Reprodução
Capa de "Brain Salad Sugery", de Emerson, Lake e Palmer
Imagem: Reprodução
Inaugurado em 1998 no interior de um castelo de mais de 400 anos, o Musuem H.R. Giger abriga a maior coleção deste artista plástico na cidade de Gruyères, na Suíça francesa.

Arte incompreendida

Embora seja considerado um dos artistas mais ousados de sua época, Giger e sua obra ainda muitos vezes foram incompreendidos (e rejeitados) por jornalistas e outros profissionais da área artística.

"Seria fantástico se realmente houvesse unanimidade sobre sua arte. Normalmente, os artistas que conseguem mergulhar no mais íntimo do seu trabalho são vistos como controversos ou perturbadores", lamentou a mulher dele, Carmen Giger, ao UOL, durante uma visita no museu em 2013.

A arte de inconfundíveis traços mórbidos e surreais causa fascínio até hoje, mesmo depois de mais de três décadas após o lançamento do primeiro "Alien". Carmen, que também é diretora do museu, acredita que isso se deve à qualidade atemporal e honestidade de sua obra, que fascina inclusive a geração mais jovem e que não cresceu com imagens clássicas do "Alien" e do "Poltergeist 2", outra contribuição de Giger para a indústria cinematográfica.

"As coisas assustadoras me satisfazem", afirmou o artista em um dos trechos de "H.R. Giger Revealed", documentário lançado em 2010, em que o cineasta David N. Jahn percorre um caminho em que o público custa distinguir o limite entre arte e as próprias questões psicológicas de Giger.

O artista já não concedia mais entrevistas, o que talvez torne sua obra ainda mais fascinante e misteriosa, embora Carmen faça questão de lembrar que Giger nunca tenha tido tal intenção. "Após uma vida dedicada às artes, tudo o que havia para ser dito já foi explicado em entrevistas", afirmou ela, categoricamente.