Liceu de Artes estava irregular há 18 anos, diz Corpo de Bombeiros
O prédio do Liceu de Artes e Ofícios, que foi atingido por um incêndio durante a madrugada desta terça-feira (4), estava há 18 anos sem documentação regularizada. Segundo os Bombeiros, o último Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) do local data de 1994, com validade de dois anos.
Ainda de acordo com a corporação, um novo projeto técnico foi apresentado pelo centro em 2012 e aprovado pelos Bombeiros, mas a nova vistoria nunca foi solicitada. Segundo a Prefeitura de São Paulo, as dependências do Liceu de Artes e Ofícios estão em processo de regulamentação.
Procurado pelo UOL, o Liceu de Artes afirmou, por meio de sua assessoria, que o projeto de adequação foi iniciado e está dentro do cronograma previsto. Em nota, o centro diz também que nunca deixou de ter os equipamentos básicos de segurança, como extintores, hidrantes e luzes de emergência em funcionamento.
Incêncio
Um curto-circuito pode ter causado as chamas, afirmou a Defesa Civil. O fogo danificou cerca de 30 réplicas de esculturas da Grécia Antiga e Renascimento, como a “Vênus de Milo", "Laocoonte", "Pietá", "Moisés" e "Davi", de Michelangelo.
No local, de 2,5 mil metros quadrados, também estavam quadros, mesas e cadeiras. Segundo a Defesa Civil da subprefeitura da Sé, apenas o subsolo do museu, que abrigava algumas obras, não foi completamente atingido. As peças avariadas devem ser restauradas com o auxílio do Museu de Arte Sacra e da Pinacoteca. Não houve feridos.
Por meio de nota, o Liceu afirmou que a estrutura da escola não foi danificada, mas que as aulas só serão retomadas na próxima segunda-feira (10). As causas do fogo serão apontadas pela perícia da Defesa Civil, realizada nesta terça (4).
Criado em 1873 por um grupo de aristocratas pertencentes à elite cafeeira do Brasil, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo se transformou em referência na formação de artesãos e trabalhadores para oficinas.
A escola se tornou também o principal divulgador e realizador de obras em estilo Art nouveau da cidade. Foram moldados lá o Monumento a Duque de Caxias e o Monumento às Bandeiras, ambos marcos da capital. O centro cultural foi fundado na década de 80 para mostrar a tradição do Liceu na arte.
Memorial teve obras atingidas
Recentemente, outro tradicional ponto cultural na cidade sofreu um incêndio. O Cerca de 90% do interior do Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, foi destruído pelo fogo em novembro, entre as obras, a tapeçaria de Tomie Ohtake que enfeitava a lateral do auditório.
O incêndio quebrou vidraças, derreteu metais e provocou rachaduras nas paredes. O balanço final dos bombeiros foi de 25 feridos - todos bombeiros que trabalhavam no combate às chamas.
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