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Para biógrafo americano, direito a informação vale mais do que privacidade

O biógrafo americano Laurence Bergreen (dir.), observado pelo jornalista Mário Magalhães, em palestra no Festival Internacional de Biografias, em Fortaleza - Henrique Kardozo/Estúdio Pã/Divulgação
O biógrafo americano Laurence Bergreen (dir.), observado pelo jornalista Mário Magalhães, em palestra no Festival Internacional de Biografias, em Fortaleza Imagem: Henrique Kardozo/Estúdio Pã/Divulgação

Carlos Minuano

Do UOL, em Fortaleza (CE)

20/11/2013 17h44

"Nos Estados Unidos, o nível de liberdade para escrever é bem maior", afirmou ao UOL o norte-americano Laurence Bergreen, autor das biografias de Louis Armstrong e Al Capone, entre outras. Para ele, a liberdade de expressão e o direito à informação valem mais do que a privacidade. "A tendência é abrir cada vez mais", disse ele.

O escritor, casado com uma cearense, estava no Brasil durante o Festival de Biografias, que aconteceu na semana passada em Fortaleza (CE), e foi convidado a participar do evento. "Escritores norte-americanos têm liberdade muito grande e, se escreverem mentiras, sabem que serão processados", lembrou ele.

Em relação à atual polêmica sobre biografias não autorizadas, o escritor se disse surpreso com o debate e se posiciona a favor da liberdade da imprensa e de biógrafos. "Pensei que a legislação fosse igual aos Estados Unidos".

Mas mesmo em ambiente de contornos legais mais flexíveis, o autor revelou que já teve problemas ao escrever sobre segredos militares e quando fez a biografia do compositor americano Irving Berlin, na década de 1990. "Depois que escrevi 600 páginas com autorização da família do músico, mudaram de ideia".

Mas, graças à legislação norte-americana, a publicação não pôde ser proibida. "Só não foi possível usar as letras das canções", contou Bergreen. Assim como nos Estados Unidos, no Brasil os artistas também já têm os direitos sobre sua obra protegidos por lei, que impede a utilização sem autorização.

Outro problema que Bergreen teve ao fazer biografias aconteceu há cerca de duas décadas, quando viu a publicação de um livro quase pronto, sobre a família Kennedy, ser cancelada. "Houve uma pressão informal e a editora quebrou o contrato, poderia ter procurado outro editor, mas o episódio me desagradou muito e resolvi partir para outro livro".

Apesar dos embates que já enfrentou, o escritor elogiou a liberdade que tem em seu país. "Nos Estados Undiso não precisa de autorização. É bem melhor assim porque, se você for pedir, geralmente querem dinheiro e tentam interferir no trabalho. Informação tem que ser livre".

De Marco Polo a Colombo

Biógrafo premiado e autor de best-sellers, Bergreen tem diversos livros publicados no Brasil --entre eles, "Marco Polo", sobre as viagens do célebre navegador italiano, que será adaptado para o cinema pela Warner (e que deve ter Matt Damon no papel principal), e "Além do Fim do Mundo", que conta a desconhecida expedição do português Fernão Magalhães, primeiro a dar a volta ao mundo pelos mares.

Outro livro do biógrafo norte-americano sobre as viagens de outro grande navegador italiano chega em breve às livrarias brasileiras: "Colombo", que já esteve na lista dos mais vendidos do jornal "The New York Times", tem lançamento previsto no Brasil para janeiro de 2014. Nos Estados Unidos, Bergreen lança a biografia do conquistador Casanova.