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Refúgio de nerds, Comic-Con fecha edição discutindo bullying pela primeira vez em 40 anos

Estefani Medeiros

Do UOL, em San Diego (EUA)

21/07/2013 22h31

Conhecida por ser o refúgio nerd dos fãs de cultura pop, a Comic-Con foi encerrada neste domingo (20) com um palanque contra bullying. "Em mais de quarenta anos, esta é a primeira vez que se fala abertamente sobre bullying na Comic-Con", diz Chase Masterson, responsável pela organização do painel. Masterson iniciou a conversa perguntando quem já havia sofrido algum tipo de agressão na sala nos últimos dez anos e ainda se lembrava. Quase 90% da sala levantou as mãos.

"Dizer que um homem ser feminino é ruim ou mostrá-lo de uma forma estereotipada, é dizer que ser homem é melhor que ser mulher. Nem todos os gays são os melhores amigos das mulheres"

O cartunista e produtor de TV Brad Bell diz que é necessário incluir as minorias de uma forma menos estereotipada nas grandes produções, de uma forma que faça que as pessoas se sintam incluídas e mais fortes. "Dizer que um homem ser feminino é ruim ou mostrá-lo de uma forma estereotipada, é dizer que ser homem é melhor que ser mulher. Nem todos os gays são os melhores amigos das mulheres, existe uma variedade incrível de pessoas na Comic-Con, nenhuma delas é igual", comenta.

A autora Alice Cohn, que participou de uma campanha para crianças do Cartoon Network contra a agressões, comenta que "é importante criar oportunidades que estimulem as crianças a falarem do que está acontecendo. Isso reduz a reincidência dos casos."

Não preciso fingir gostar de uma série só para provar que sou tão inteligente quanto os meninos.

Na quinta-feira, um painel também abordou as discriminações sofridas por mulheres. "Você é quase obrigada a saber mais por ser muher, porque, do contrário, acham que você é fake. Mas não temos que provar nada para ninguém. Não preciso fingir gostar de uma série só para provar que sou tão inteligente quanto os meninos. Mas a cobrança ainda existe", diz Jessica Merizan. "Nas lojas de games, me perguntam se estou comprando jogo para um namorado. Por que não posso comprar meus próprios jogos?", completa Jessica Merizan.

Ashley Eckstein, criadora da comunidade Her Universe, diz que ainda há muito o que falar sobre o assunto. "A gente vive em uma sociedade que ainda acha que sci-fi e e histórias fantásticas pertencem apenas ao universo masculino, quando a cultura pop transcende gêneros. As garotas também podem ser geeks ou gostar de Star Wars."