Corpo de Cleyde Yáconis é velado na casa da atriz, em Cajamar (SP)
O corpo de Cleyde Yáconis está sendo velado na casa da atriz, no distrito de Jordanésia, em Cajamar, Região Metropolitana de São Paulo, na manhã desta terça-feira (16). Cleyde será sepultada às 17h40 no cemitério da cidade.
Por volta das 13h30, foi rezada uma oração de encomendação, que simboliza a despedida da pessoa morta e terminou com aplausos.
"Perdemos a maior atriz brasileira. Ela trabalhou a vida inteira. Colaborou para a cultura do país. Participou com a minha vó, a Cacilda [Becker, irmã de Cleyde], para ajudar o teatro. Espero que o Brasil receba outras Cleydes", disse o sobrinho-neto Guilherme Becker, que é cineasta e já trabalhou com a tia na televisão e no teatro. Ele disse ainda que pretende fazer uma peça em homenagem a Cleyde e Cacilda.
A costureira Edileusa Magalhães, vizinha de Cleyde há 30 anos, contou que a atriz costumava fazer doce de jabuticaba, cultivada no pomar de sua casa.
"Ela sempre me pedia para ajustar as roupas dela. Vinha aqui e casa e ficávamos conversando e dando risada. Ela tinha muito bom humor. Apesar disto não gostava de ser assediada", afirmou Edleusa.
Amigos e colegas de teatro de Cleyde, como o figurinista Fabio Namatami, estiveram no local. "A Cleyde foi a artista mais profissional que conheci. Ela não tinha vaidades, só nos palcos, diferentemente de sua irmã Cacilda, que era bastante vaidosa. Cleyde era uma diva nos palcos e agregou um valor importante para o teatro", disse.
Ela era uma atriz excepcional. Quando um ator de cada geração vai embora, ficamos mais pobres e não dá para repor. Ela era uma artista muito profissional, difícil de encontrar hoje em dia, tê-la no elenco era um privilégio. Ela era uma pessoa muito discreta.
Silvio de Abreu, novelista"Ela está no Olimpo do teatro brasileiro", avaliou Ligia de Paula Souza, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado de São Paulo (SATED/SP). As duas atuaram em encenação da peça "Medeia" nos anos 1970 e Ligia considera Cleyde uma "mestra, pessoa e atriz que é exemplo em tudo".
"Cleyde era uma luz para todos que gostam de fazer arte e abrir seu coração para um mundo melhor." A presidente lembrou ainda que Cleyde não tinha preferência por teatro ou cinema. "Ela gostava de trabalhar", completou.
Após velar o corpo da atriz, o novelista Silvio de Abreu conversou com a imprensa e disse que conhecia Cleyde há cinquenta anos. A última vez que a viu foi no hospital, mas ela já estava inconsciente.
"Ela era uma atriz excepcional", afirmou Abreu. "Quando um ator de cada geração vai embora, ficamos mais pobres e não dá para repor. Ela era uma artista muito profissional, difícil de encontrar hoje em dia, tê-la no elenco era um privilégio. Ela era uma pessoa muito discreta."
Cleyde morreu na segunda, em São Paulo, aos 89 anos. Ela estava internada desde outubro de 2012 no hospital Sírio Libanês, na capital paulista, após sofrer uma isquemia. Uma de suas últimas aparições na TV foi na novela "Passione" (2010), da Rede Globo, como a rabugenta Brígida Gouveia.
O hospital divulgou nota de falecimento, assinada pelo diretor clínico Dr. Paulo Cesar Ayroza Galvão. "A senhora Cleyde Becker Yaconis, 89 anos, faleceu na tarde desta segunda-feira, 15 de abril de 2013, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internada desde outubro de 2012."
Antes, em julho de 2010, a atriz sofreu uma queda e fraturou a cabeça do fêmur. Ela passou por uma cirurgia no Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, no Rio, e ficou internada durante seis dias.
A notícia do falecimento logo repercutiu no Twitter, onde vários amigos e colegas lamentaram o ocorrido. Elias Gleizer, que atuou com Yáconis em "Passione", ficou sabendo pelo telejornal. "Ela foi uma companheira de muitos e muitos anos. Nossa amizade é desde o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), é fora de série", contou.
Carreira
Cleyde Becker Yáconis nasceu em 14 de novembro de 1923, em Pirassununga, interior de São Paulo. Foi sua irmã Cacilda Becker quem a levou a São Paulo, em 1950, para trabalhar no Teatro Brasileiro de Comédia. No TBC, atuou em peças como "Assim É se lhe Parece", "Maria Stuart", "Adorável Júlia" e "A Morte do Caixeiro Viajante", entre outras.
Ainda no teatro, fez participações marcantes como a prostituta Geni, de "Toda Nudez Será Castigada" e Jocasta, em "Édipo Rei", na qual contracenava com Paulo Autran. Por seu papel "Toda Nudez..." levou o prêmio Molière em de melhor atriz em 1965. Voltou a receber o mesmo prêmio em 1991 por "O Baile de Máscaras" e, em 1993, ganhou o prêmio Mambembe de melhor atriz por seu trabalho na peça "As Filhas de Lúcifer".
Cleyde entrou para a televisão em 1966 e atuou em novelas como "O Amor Tem Cara de Mulher" (1966), "Mulheres de Areia" (1973) e "Gaivotas" (1979). Na Globo, atuou em "Rainha da Sucata" (1990) - que está sendo reprisada no canal pago Viva -, "Vamp" (1991), "As Filhas da Mãe" (2001) e "Passione" (2010). Em 2006, teve uma passagem pela TV Record, atuando em "Cidadão Brasileiro".
Em 2003, teve o conjunto da obra celebrado com o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e também recebeu o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura e Arte do Governo da Bahia. Dois anos depois, foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura.
CONHEÇA OS TRABALHOS DE CLEYDE YÁCONIS NA TV E NO TEATRO
NOVELAS | PEÇAS |
1966 - O amor tem cara de mulher | 1950 - O Anjo de Pedra |
1967 - Éramos Seis | 1950 - Pega-Fogo |
1968 - A Muralha | 1951 - Seis Personagens a Procura de um Autor |
1968 - Os Diabólicos | 1951 - Ralé |
1969 - A menina do veleiro azul | 1953 - Assim É (Se lhe Parece)1953 - Assim É (Se lhe Parece) |
1969 - Vidas em conflito | 1955 - Maria Stuart |
1970 - Mais Forte que o Ódio | 1956 - Eurydice |
1973 - Mulheres de Areia | 1957 - A Rainha e os Rebeldes |
1974 - Os Inocentes | 1958 - O Santo e a Porca |
1975 - Ovelha Negra | 1960 - O Pagador de Promessas |
1976 - O Julgamento | 1961 - A Semente |
1976 - Um Dia, o Amor | 1961 - A Escada |
1978 - Aritana | 1962 - A Morte do Caixeiro Viajante |
1979 - Gaivotas | 1962 - Yerma |
1980 - Um homem muito especial | 1963 - Os Ossos do Barão |
1981 - Floradas na Serra | 1964 - Vereda da Salvação |
1981 - O fiel e a pedra | 1965 - Toda Nudez Será Castigada |
1981 - O vento do mar aberto | 1966 - As Fúrias |
1982 - Campeão | 1967 - O Fardão |
1982 - Ninho da Serpente | 1967 - Édipo Rei |
1984 - Meus Filhos, Minha Vida | 1970 - Medeia |
1985 - Uma Esperança no Ar | 1972 - A Capital Federal |
1990 - Rainha da Sucata | 1978 - Os Amantes |
1991 - Vamp | 1980 - A Nonna |
1993 - Olho no Olho | 1982 - O Jardim das Cerejeiras |
1993 - Sex Appeal | 1989 - A Cerimônia do Adeus |
1997 - Os Ossos do Barão | 1991 - O Baile de Máscaras |
1998 - Torre de Babel | 1993 - As Filhas de Lúcifer |
2001 - As Filhas da Mãe | 1995 - Péricles, o Príncipe de Tiro |
2004 - Um Só Coração | 2002 - Longa Jornada Noite A Dentro |
2006 - Cidadão Brasileiro | 2005 - Cinema Eden |
2007 - Eterna Magia | 2006 - A Louca de Chaillot |
2010 - Passione | 2008 - O Caminho para Meca |
2012 - Elas Não Gostam de Apanhar |
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.