Polícia interrompe peça de rua com cena de nudez no Festival de Curitiba
Com armas em punho, policiais interromperam nesta terça-feira (2) a segunda apresentação da peça “Hasard”, que faz parte da mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba, segundo integrantes do Erro Grupo, de Florianópolis.
O motivo é uma cena de nudez com cerca de 30 segundos de duração, já no fim do espetáculo, encenado no calçadão da Rua 15 de Novembro, principal via do centro da capital paranaense.
“Nos sentimos totalmente coagidos”, resumiu o diretor Pedro Bennaton. Segundo ele, problemas como o enfrentado em Curitiba são relativamente comuns na história de 12 anos da trupe, que só faz teatro de rua.
“Problemas com a polícia já ocorreram em outros lugares, como Florianópolis e Palhoça (SC). Mas nunca tivemos uma repressão como a de ontem (terça), com cinco viaturas e quase dez policiais com armas em punho”, desabafou. É a quinta vez que o grupo participa do festival curitibano, considerado o maior do País.
Os problemas do Erro Grupo com a Polícia Militar paranaense começaram já na segunda (1.º), dia da primeira apresentação de “Hasard”. “O texto trata de jogo de azar. Por isso, há quatro finais, sorteados durante o espetáculo. Na segunda, saiu o final de Ouros, em que os atores apostam suas roupas e as perdem, ficando nus por cerca de 30 segundos”, explicou Bennaton.
Enquanto o trecho era encenado, policiais que faziam uma ronda pelo calçadão notaram a nudez dos atores e tentaram interromper a cena. Quando chegaram, o trecho já havia acabado. Sem encontrar os artistas em cena, os policiais ameaçaram a produção do espetáculo de prisão, relatou o diretor.
Na terça, novamente foi sorteado o final com a cena de nudez. “Quando atores começaram a encenar o final, notamos quatro viaturas e cerca de dez policiais, alguns com armas em punho, vindo em nossa direção. Encerramos o espetáculo antes da hora, para evitar problemas”, disse Bennaton.
Procurada pela reportagem, a PM do Paraná informou que recebeu “várias” chamadas de moradores, incomodados com a cena de nudez, e por isso foi ao local. Questionada sobre policiais com “armas em punho”, como denunciaram os artistas, a corporação disse não ter detalhes de como foi feita a abordagem.
A PM também informou que orientou os atores a usarem roupas íntimas durante a cena, sob o argumento de que nudez em público é crime de atentado ao pudor, segundo o Código Penal. O Erro Grupo argumenta que as cenas de nudez não têm conotação sexual.
Nesta quarta, o Erro Grupo realiza a terceira apresentação de “Hasard”, às 18h. Devido à repercussão da repressão policial, alguns espectadores e participantes do festival prometem tirar as roupas, em apoio à trupe catarinense, caso novamente seja sorteado o final em que há cenas de nudez.
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