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Filho de Millôr faz brincadeira com destino das cinzas do escritor

Ivan Fernandes, filho de Millôr, agradece as homenagens da imprensa ao seu pai (29/3/12) - AgNews
Ivan Fernandes, filho de Millôr, agradece as homenagens da imprensa ao seu pai (29/3/12) Imagem: AgNews

Do UOl, em São Paulo*

29/03/2012 14h09

Mesmo com todo o clima de tristeza que possa existir em um velório, Ivan Fernandes, filho de Millôr, respondeu com bom humor à pergunta sobre qual seria o destino das cinzas do escritor, que será cremado na tarde desta quinta-feira (29). "Fiquei sabendo de uma técnica inglesa que transforma as cinzas em um diamante de 20 mil dólares. Vou investigar isso."

Millôr morreu na noite desta terça-feira (27), em sua casa no Rio de Janeiro, aos 88 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Seu corpo está sendo velado no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na zona portuária do Rio. Depois das 15h, o corpo será cremado em cerimônia restrita à família.

Durante o velório, Ivan também agradeceu aos jornalistas sobre as notícias publicadas sobre a morte do pai. "Quero agradecer o trabalho que a imprensa vem fazendo desde ontem, foi emocionante e muito respeitosa. A imprensa de maneira geral engrandeceu o trabalho ao qual meu pai se dedicou a vida toda".

"É uma grande emoção ver todos os amigos que meu pai fez durante a vida, pessoas do desenho, humor, teatro e artes plásticas. São mais de seis décadas de trabalho que estão sendo revisitadas em 24 horas", disse o filho do escritor, emocionado.

 

Famosos comentam vida e obra de Millôr na chegada ao velório

O Millôr era batalhador, competitivo e não admitia ninguém mais inteligente do que ele, nem o computador. Quando a mãe dele morreu o Millor disse que nada pior poderia acontecer com ele. Ele era otimista e individualista no melhor sentido. Era um cara batalhador e tinha o espírito do carioca
Chico Caruso, cartunista
A perda é muito grande, além de um grande amigo o Millôr era um grande artista. A liberdade que ele sempre cultivou em seu trabalho é algo inspirador. O Millôr é da maior importância para todas as gerações, infelizmente muita gente nao teve acesso a essa literatura. Ele não tinha só um bom humor, ele também fazia uma grande crítica social
Otávio Augusto, ator
É difícil falar qualquer coisa nesse momento, qualquer coisa que eu diga será redundante. Só posso dizer que ele foi o amor da minha vida, a melhor pessoa que conheci. Um gênio.
Cora Ronai, jornalista e ex-companheira de Millôr
Conheço o Millor há 44 anos. Ele era um idealista e um moralista, não era anarquista. Ele queria que o mundo funcionasse direito. Millôr era mais fascinante falando do que escrevendo. Não tinha uma frase dele que nao iluminasse uma conversa, que não ajudasse a compreender o Brasil e o mundo. Todos os pensadores internacionais batidos no liquidificador não dariam meio copo do Millôr
Ruy Castro, escritor
Só posso dizer que o sentimento é de tristeza e saudade. Millôr foi a cabeça brasileira mais brilhante que conheci, vai deixar uma lacuna na cultura. Aprendi com ele que um intelectual nunca poder ser acomodado, tem sempre que ser contestador.
Silvio Tendler, cineasta
Ele foi o gênio mais eclético que eu conheci. Todo mundo respeitava o Millôr porque ele era muito sincero. Ele fazia tudo com muita naturalidade e será insubstituível
Hélio Fernandes, irmão de Millôr
A bruxa está solta para o lado dos humoristas. Ela deveria ir para o lado dos políticos. Tinha uma relação muito respeitosa com o Millor, quando eu nasci ele já era um cara consagrado. Uma vez levei para ele uma edição da "Casseta" e ele disse: obrigado e fique rico. Gostaria de ter tido maior convivência com ele. O maior legado dele, assim como o do Chico Anysio, é sua obra. Tudo o que ele produziu vai ficar para sempre, isso é ser imortal.
Marcelo Madureira, humorista e integrante do "Cassesta & Planeta"
O Millôr foi a pessoa mais inteligente que conheci, tinha uma inteligência luminosa. Perder o Millôr é como perder Pelé, Garrincha e Nilton Santos. É a pessoa que mais se aproximou do estado absoluto de liberdade.
Walter Salles, cineasta
A bruxa está solta para o lado dos humoristas. Ela deveria ir para o lado dos políticos. Tinha uma relação muito respeitosa com o Millor, quando eu nasci ele já era um cara consagrado. Uma vez levei para ele uma edição da "Casseta" e ele disse: obrigado e fique rico. Gostaria de ter tido maior convivência com ele. O maior legado dele, assim como o do Chico Anysio, é sua obra. Tudo o que ele produziu vai ficar para sempre, isso é ser imortal.
Hubert, humorista e integrante do "Casseta & Planeta"
Millôr foi um dos maiores pensadores que o Brasil já teve. Tinha uma multiplicidade de talentos que acho que não existe em outra pessoa. Nunca teve rabo preso com ninguém, viveu muito livre. Tivemos encontros muito pontuais, ele sempre ia ver meus espetáculo e depois vinha falar comigo. Ele talvez nunca tenha sabido, mas esses encontros sempre me estimularam a continuar minha vida profissional
Soraya Ravenle, atriz
O Millôr foi meu amigo, irmão e companheiro de trabalho durante 40 anos. Além da inteligência e do senso de humor que todo mundo sabe, o Millôr tinha um enorme senso ético e delicadeza. O Guimarães Rosa dizia que as pessoas não morrem, elas ficam encantadas. O Millôr vai ficar encantado para quem teve acesso aos fragmentos de sua obra e de sua vida.
Geraldo Carneiro, escritor
Sempre tive um imenso carinho pelo Millôr. Ele deu muita atenção à minha carreira quando eu estava começando e acompanhou de perto o início do meu namoro com a minha esposa. Minha esposa e eu dizemos que ele é nosso padrinho. É uma grande perda.
Sérgio Rodrigues, designer de móveis
Se o Millôr pudesse, ele não estaria no velório agora. Era uma pessoa extraordinária, jogamos muito frescobol na década de 70. Gênio é Shakespeare, Millôr era muito mais que isso.
Antônio Pitanga, ator

(Com reportagem de Renato Damião, no Rio de Janeiro)