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Anitta: Minhas músicas criam polêmicas para público debater e aceitar diferença

Anitta na Conferência Billboard da Música Latina, em Las Vegas - Reprodução
Anitta na Conferência Billboard da Música Latina, em Las Vegas Imagem: Reprodução

David Villafranca

De Las Vegas (EUA)

24/04/2019 22h15

Estrelas como Anitta, Becky G e Natti Natasha reconheceram nesta quarta-feira os avanços do feminismo na música latina mas, mesmo assim, pediram mais espaço e poder às mulheres nesta indústria tanto na frente do microfone como nos postos de decisão.

A Conferência Billboard da Música Latina, realizada nesta semana em Las Vegas, nos Estados Unidos, acolheu nesta quarta-feira um debate sobre o papel das mulheres na cena latina, no qual também participaram outras destacadas figuras femininas como Karol G e Lali Espósito.

A mesa começou com um discurso de Stacy L. Smith, professora da Escola Annenberg de Jornalismo e Comunicação da Universidade do Sul da Califórnia (USC) e especialista em analisar a diversidade na indústria do entretenimento.

Segundo um estudo de Smith, apenas 11% dos artistas nas listas latinas de sucessos em 2018 foram mulheres, dois pontos a menos que o 13% registrado no ano anterior.

Além disso, só 5% das 200 canções analisadas nessas listas de 2018 tiveram uma mulher como compositora.

"Obviamente, olhar estes números é muito impactante", comentou Becky G.

"É preciso atrever-se, ser nós mesmas, não aceitar um não como resposta. Porque a verdade é, como dizem os mexicanos, que 'sim se pode, sim se pode'", acrescentou a americana de origem mexicana.

Além disso, reivindicou que a luta pela igualdade não seja só uma questão das mulheres: "Os homens também têm que assumir sua responsabilidade. Não é que falte talento, que falte ambição da parte das mulheres, mas há uma falta de oportunidades".

Machismo

Anitta, por sua vez, comentou que "o machismo é muito forte, principalmente nos países latinos".

"Somos muito machistas ao olhar pra uma mulher e dizer: 'A mulher tem que fazer isto e aquilo para ser bem-sucedida, tem que ter namorado, não pode sair tanto, tem que cantar tal coisa'", exemplificou.

"Dessa forma, nós nos vemos com estas regras e pensamos: 'O que vamos fazer?' Temos artistas mulheres incríveis, mas a indústria também tem que colocar mais DJs (femininas), mulheres que dirijam os clubes, as produtoras e os eventos, que sempre foram coisas feitas por homens", completou.

Anitta, que pediu que a conversa sobre a igualdade também inclua a comunidade LGBT, disse ainda que a intenção das suas canções é "criar polêmicas" para que o público "debata" sobre como "aceitar a diferença".

Já Natti Natasha constatou que "definitivamente senti (no último ano) uma grande diferença porque houve muito mais apoio dos artistas e produtores masculinos".

Um aspecto no qual concordaram todas as participantes foi a rivalidade que o machismo cria entre as mulheres e como a colaboração artística entre elas pode ajudar a revertê-la.

"Nos ensinavam que outra mulher é nossa concorrente. 'Vai roubar meu marido, é mais bonita, é mais alta...' Crescemos com esta questão de que somos a mulher para o homem e que não podemos misturar-nos com outra mulher porque isso significa ver quem faz melhor. Isso é uma loucura", considerou a argentina Espósito.

Por último, a colombiana Karol G refletiu sobre as críticas que as artistas recebem especialmente nas redes sociais.

"Somos mulheres que sentimos, que também nos equivocamos, que também fomos infiéis, que também temos sexualidade e que gostamos disso, e que falamos e defendemos isso nas canções", ponderou.