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Sonetos, tragédias e comédias de Shakespeare continuam encantando o mundo

Viviana García

27/04/2014 07h05

 "Como hei de comparar-te a um dia de verão?" Com este verso começa o soneto 18 de William Shakespeare (1564-1616), um dos mais citados pelos apaixonados e uma pequena mostra da riqueza literária do mais universal dos escritores da língua inglesa.

Ao completar nesta semana 450 anos do nascimento de Shakespeare, suas tragédias, comédias, sonetos e obras históricas continuam fascinando os leitores, e suas obras mais célebres, como "Hamlet" e "Romeu e Julieta", figuram entre as mais representadas no teatro.

Seu universo literário foi tão importante que muitas de suas frases são claramente identificáveis e outras se incorporaram à linguagem cotidiana, como "ser ou não ser" ou "muito barulho por nada".

Shakespeare, cuja data exata de nascimento é um mistério, embora se saiba com certeza que foi batizado em 26 de abril de 1564, é um ícone cultural, e, no Reino Unido, todos os anos esta data é lembrada com eventos em sua cidade natal, Stratford-upon-Avon (centro da Inglaterra).

Como disse certa vez o também dramaturgo inglês Ben Jonson (1572-1637): Shakespeare "não pertence a uma época, mas a toda a eternidade", pois suas obras transcenderam as fronteiras nacionais e resistem ao tempo.

Segundo uma pesquisa internacional feita pelo British Council, instituição responsável por fomentar a cultura britânica no exterior, e divulgada nesta semana por ocasião dos 450 anos de seu nascimento, Shakespeare foi votado como a figura cultural mais representativa do Reino Unido.

Foram entrevistados cinco mil adultos em países como Brasil, Índia, Alemanha, China e Estados Unidos que o elegeram como ícone britânico.

Embora muitos outros escritores tenham conseguido fama internacional, como Dante Alighieri, Liev Tolstói e Charles Dickens, poucos alcançaram a reputação de Shakespeare, segundo os especialistas no tema. A questão é que o dramaturgo inglês conseguiu modelar em suas obras os sentimentos mais profundos da existência humana, como o amor, o ódio, a paixão, a tirania e o destino.

O Bardo do Avon era tão apaixonado pela literatura - sabe-se que era um leitor voraz - que tinha uma inclinação compulsiva por escrever. Isso lhe permitiu, ainda em seu tempo, conseguir grande reputação, e suas obras foram representadas no teatro Globe de Londres, também conhecido como Shakespeare's Globe.

Suas tragédias se caracterizaram por um conceito filosófico sobre a vida e a morte, com protagonistas apaixonados e heróicos. Em um período de 14 anos, Shakespeare escreveu suas tragédias mais célebres, como "Romeu e Julieta", "Julius Caesar", "Hamlet", "Troilo e Créssida", "Otelo, o Mouro de Veneza", "O Rei Lear", "Macbeth" e "Coriolanus".

Além de serem famosas, as citações destas tragédias cativaram a imaginação dos leitores, como "Ser ou não ser: eis a questão", da cena I de Hamlet (escrita em 1601), considerada a mais famosa da literatura universal. Ou "A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, sem sentido algum", da cena V, ato V da obra "Macbeth".

Há ainda "O amor é fumaça formada pelos vapores dos suspiros", citação do jovem Romeu profundamente apaixonado por Julieta.

Além de tragédias e sonetos, Shakespeare foi autor de comédias cheias de jogos de palavras. Entre 1591 e 1612, ele escreveu "Sonho de uma noite de verão", "Muito barulho por nada", "A tempestade", "Como gostais: conto de inverno" e "A megera domada".

O dramaturgo deixou, além disso, importantes obras históricas, embora a mais conhecida delas seja "A Tragédia do Rei Ricardo III" (que viveu entre 1452-1485), último monarca inglês da Casa de York, a quem retratou como um homem ambicioso, cruel e sem escrúpulos.

Uma célebre frase dessa obra é dita quando o monarca desesperado vê se aproximar sua morte aos 32 anos, ao ser rodeado na Batalha de Bosworth Field (1485), durante a Guerra das Duas Rosas (1455-1485): "Meu reino por um cavalo!".