Ausência de Alice Munro e homenagem a Mandela marcam entrega do Nobel

A cerimônia de entrega dos Prêmios Nobel reconheceu nesta terça-feira (10) a canadense Alice Munro, ganhadora do prêmio de Literatura, com o aplauso mais caloroso, e lembrou a figura de Nelson Mandela em um evento presidido pelo rei Carl Gustav 16º e pela rainha Silvia da Suécia.
No começo da cerimônia, o presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, enviou uma "calorosa saudação" a Munro, que não viajou para Estocolmo por motivos de saúde e cujo prêmio foi recebido por uma de suas filhas, Jenny.
Da mesma forma, Mandela, ganhador do Nobel da Paz em 1993, também foi lembrado por sua luta pela liberdade, a democracia e o humanismo.
As lembranças aos ausentes deram calor a uma cerimônia que teve seu momento mais emotivo quando Jenny Munro recebeu o prêmio das mãos do rei, que a cumprimentou durante mais tempo que a qualquer outro premiado.
Mas, antes da entrega dos prêmios, Heldin fez um discurso no qual lançou uma mensagem em favor da pesquisa e cooperação internacional para solucionar os "grandes desafios" da humanidade.
A princesa herdeira Vitória não participou da cerimônia, já que estava em Johannesburgo no funeral de Mandela. Contudo, estiveram presentes os príncipes Daniel, marido de Vitória, e Carlos Filipe, assim como 1.570 convidados.
Heldin lembrou que ainda há pessoas que morrem de fome, que o aquecimento global é "preocupante" e que há "consideráveis turbulências" nos mercados econômicos, cuja solução requer "uma melhor organização e governança da sociedade" e uma distribuição "mais justa" dos recursos da Terra, mas onde a pesquisa é também "de suma importância".
Além disso, os desafios globais são melhor encarados "através da cooperação internacional", e lembrou que a ciência e os cientistas "não conhecem fronteiras nacionais"; por isso, Alfred Nobel decidiu que os prêmios que levam seu nome fossem concedidos a quem o merecesse "sem levar em conta sua nacionalidade".
"Esta não foi uma escolha fácil no final do século 19, o qual, como em nosso tempo, esteve caracterizado pelo nacionalismo e pela xenofobia".
Mas os grandes protagonistas da cerimônia foram os agraciados, especialmente Alice Munro, que com seus relatos esteve perto de solucionar "o maior mistério" de nossa existência material: "O coração humano e seus caprichos", disse o secretário permanente da Academia Sueca, Peter Englund.
"Mestra do conto curto contemporâneo", Munro é capaz de dizer "em 30 páginas mais que um romancista normal em 300", com um estilo "claro, transparente, delicado e surpreendentemente preciso".
Outros premiados
Os demais premiados estiveram no palco e receberam das mãos do monarca o prêmio, após o que, como manda o protocolo, fizeram uma reverência ao rei, outra aos acadêmicos e outra ao público.
O prêmio consiste em uma medalha, um diploma e 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3 milhões, distribuídos entre os agraciados de uma mesma categoria).
Os primeiros agraciados foram os físicos Peter Higgs e François Englert - este ano também Prêmio Príncipe de Astúrias - por terem teorizado sobre a existência do Bóson de Higgs, "um fantástico triunfo para a ciência".
O presidente do Comitê Nobel para Física, Lars Brink, lembrou ainda a morte de Robert Brout, que trabalho com Englert, e o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), que demonstrou a existência do bóson em julho de 2012.
Martin Karplus, Michael Levitt e Arieh Warshel receberam o prêmio de Química pelo "desenvolvimento de modelos multiescala para sistemas químicos complexos revolucionado muitos ramos da química".
A Medicina premiou James E. Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof por "ter resolvido um dos grandes mistérios da fisiologia celular": a maquinaria que regula o tráfego vesicular, que um sistema de transporte essência em nossas células.
Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller receberam o Nobel de Economia por suas "análises empíricas dos preços dos ativos", sem as quais "seria impossível avaliar os mercados financeiros de maneira científica".
A cerimônia contou com interlúdios musicais de Mozart, Jean Sibelius, Frederick Loewe e Benjamin Britten. O hino nacional sueco marcou o final do ato.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.