O poema que provocou indignação na Áustria ao comparar imigrantes a ratos
Um poema sobre imigração intitulado O rato da cidade provocou indignação na Áustria ao comparar imigrantes que vivem no país europeu a roedores.
O texto foi escrito por Christian Schilcher, membro do Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita e que faz parte da coalizão conservadora que governa o país.
Schilcher também é vice-prefeito da cidade austríaca de Braunau am Inn, famosa por ser cidade natal do líder nazista Adolf Hitler.
Ele diz, no texto, para os imigrantes se integrarem ou "irem embora rapidamente".
O poema foi publicado no jornal do partido FPÖ em Braunau am Inn. Ele sugere que imigrantes contribuem para a "mistura de culturas" e que essa mistura seria a destruição delas.
"Assim como nós vivemos aqui, também os ratos, que, assim como hóspedes ou imigrantes, têm de se integrar ao modo de vida ou ir embora rapidamente", diz outro trecho do poema reproduzido pela agência de notícias AFP.
Reação
O chanceler da Áustria Sebastian Kurz rechaçou a publicação, que descreveu como "abominável", e exigiu que o Partido da Liberdade se distanciasse publicamente dao poema.
"O poema é asqueroso, desumano e profundamente racista", disse ele em entrevista à APA, a Agência Austríaca de notícias.
Kurz lidera o partido de centro-direita ÖVP, que integra uma aliança com o FPÖ desde as eleições no final de 2017. As campanhas de ambos os partidos foi marcada por promessas de conter o fluxo de imigrantes no país. Em 2015, no auge da crise do êxodo de refugiados da Síria e do Iraque para a Europa, mais de 90 mil pessoas pediram asilo na Áustria, mais de 1% da população do país.
O autor do poema, por sua vez, disse que não pretendia "ofender ou ferir ninguém" com o poema.
Ele pediu desculpas por ignorar "o fardo histórico" da comparação entre ratos e humanos, explicando que seu objetivo era descrever mudanças "que eu e outros criticam com razão" do ponto de vista de um rato.
Pamela Rendi-Wagner, líder do Partido Social-Democrata (SPÖ), de centro-esquerda, disse que tais comparações eram "costumeiras" na propaganda usada contra os judeus durante a Alemanha nazista.
Membros do FPÖ afirmam que a polêmica sobre o poema foi exageradamente fomentada para desprestigiar o partido e afetar sua participação nas próximas eleições do Parlamento Europeu, previstas para maio.
O vice-chanceler e chefe do FPÖ, Heinz-Christian Strache, escreveu em um post no Facebook que o "atual incitamento e campanha" contra o seu partido mostra que os adversários estão "especialmente nervosos" às vésperas das eleições.
O FPÖ está entre os poucos partidos de extrema-direita que conseguiram chegar ao poder na União Europeia.
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