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Herdeira da Disney critica R$ 260 milhões pagos a CEO da empresa em 2018: "É insano"

Numa série de 22 tuítes, Abigail Disney diz que executivos da Disney poderiam ter suas remunerações reduzidas à metade e, assim, "talvez não comprariam uma terceira casa ou um outro barco" - Getty Images/BBC
Numa série de 22 tuítes, Abigail Disney diz que executivos da Disney poderiam ter suas remunerações reduzidas à metade e, assim, "talvez não comprariam uma terceira casa ou um outro barco" Imagem: Getty Images/BBC

23/04/2019 09h34

No Twitter, cineasta Abigail Disney, neta de cofundador de império Disney, defende cortes em bônus para aumentar salários mais baixos, e salienta que não fala pela família, mas em nome próprio.

Uma das herdeiras do império Walt Disney classificou como "insano" o pagamento de R$ 260 milhões feito pela Disney ao seu CEO, Bob Iger, no ano passado.

"Vou deixar bem claro. Eu gosto do Bob Iger (…) Mas, por qualquer medida objetiva, uma proporção de pagamento acima de mil é insana ", escreveu Abigail Disney no Twitter, apontando para a discrepância entre os salários mais altos e os mais baixos da empresa.

Cineasta com um prêmio Emmy no currículo, Abigail é neta de Roy Disney, irmão de Walt e um dos cofundadores do conhecido conglomerado da indústria de entretenimento. Em uma série de 22 tuítes postados no domingo, 21 de abril, ela defendeu que os salários e bônus pagos ao CEO e a outros executivos da companhia fossem cortados ao meio e que a outra metade fosse usada para aumentar a remuneração dos demais funcionários.

Segundo o jornal britânico The Guardian, Bob Iger ganhou em 2018 um valor 1.424 vezes maior que o salário médio pago aos funcionários da Disney.

No Twitter, Abigail Disney afirmou que "todo mundo ama" um bônus, mas que "ama ainda mais um aumento".

Na semana passada, em um discurso num evento em Nova York, Abigail Disney defendeu o que chamou de "capitalismo humanitário". Na ocasião, ela disse que Iger era um "homem bom" que teve um bom desempenho na Disney e merecia um bônus, mas que acordos de remuneração como esse tinham "um efeito corrosivo na sociedade".

Durante o evento, Abigail, que integra a organização Patriotic Millionaires (Milionários Patriotas), formada por mais de 200 milionários americanos que defendem a elevação do salário mínimo e de impostos sobre os ricos, afirmou ainda que alguns funcionários de parques temáticos da Disney enfrentam dificuldades para pagar produtos de necessidade básica, como, por exemplo, remédios.

No Twitter, ela diz que "todos nós sabemos que o salário mínimo federal é baixo demais para se viver dele".

"Então, por que devemos, em uma empresa que está lucrando como nunca, pagar algo tão próximo do mínimo que a lei permite?", diz ela, notando que a discrepância entre salários viola "nosso senso de justiça".

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O CEO Bob Iger ganhou no ano passado um valor 1.424 vezes mais que o salário médio pago aos trabalhadores da Disney
Imagem: AFP/Getty Images/BBC

Um porta-voz da Disney disse que a empresa fez "investimentos históricos para expandir o potencial de ganhos e de mobilidade social de nossos trabalhadores, implementando um salário inicial de US$ 15 (R$ 59) por hora na Disneylândia que é o dobro do salário mínimo federal, e comprometendo até US$ 150 milhões (R$ 590 mi) em uma iniciativa educacional inovadora que dá a nossos empregados a oportunidade de obter diplomas".

Iger ganhou 80% mais no ano passado que em 2017, e a empresa disse que esse aumento está ligado à aquisição da 21st Century Fox pela Disney.

Para Abigail Disney, um corte nos bônus faria pouca diferença na qualidade de vida dos que estão no topo dos salários da Disney.

"Talvez não possam comprar uma terceira casa. Ou outro barco".

"Não estou brincando aqui. Esse é o tipo de sacrifício de que estamos falando para os altos executivos".