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Brasil marca presença em um Festival de Berlim comprometido com a diversidade

04.02.2018 - O diretor brasileiro Marco Dutra no Festival de Gerardmer - Getty Images
04.02.2018 - O diretor brasileiro Marco Dutra no Festival de Gerardmer Imagem: Getty Images

Em Berlim

18/02/2020 11h39

O Festival de Berlim inicia na quinta-feira (20) sua 70ª edição com uma forte presença do Brasil e os filmes mais recentes de cineastas veteranos como Abel Ferrara.

"Todos os Mortos", dos brasileiros Marco Dutra e Caetano Gotardo, ambientado no fim do século 19, poucos anos após o fim da escravidão, está na disputa pelo Urso de Ouro.

A premiação será anunciada em 29 de fevereiro pelo júri presidido por Jeremy Irons e integrado, entre outros, pelo brasileiro Kleber Mendonça Filho ("Bacurau").

No total, 18 filmes aspiram ao prêmio máximo do festival, famoso por abordar questões sociais. Abel Ferrara exibirá "Siberia", com Willem Dafoe, enquanto Javier Bardem, Elle Fanning e Salma Hayek protagonizam "The Roads Not Taken", da britânica Sally Potter.

A americana Kelly Reichardt, figura importante do cinema independente, competirá com "First Cow" e o iraniano Mohamad Rasoulof, impedido por seu governo de deixar o país, está na disputa com "There is no evil".

Os tons sombrios predominam nesta edição.

"Talvez porque os filmes que selecionamos tendem a observar o presente sem ilusão, não para provocar medo, e sim porque desejam abrir os nossos olhos", explicou Carlo Chatrian, novo diretor do festival ao lado de Mariette Rissenbeek.

A atriz britânica Helen Mirren receberá um prêmio honorário e outras duas mulheres terão presença importante no evento: a australiana Cate Blanchett apresentará a minissérie "Stateless", sobre migração, e Hillary Clinton é aguardada no festival para a exibição do documentário "Hillary".

Os novos diretores, que assumiram o lugar de Dieter Kosslick, que passou 18 anos no cargo, prometeram refletir a diversidade não apenas na seleção dos filmes, mas também entre seus autores.

Dos 18 filmes na mostra oficial, seis são dirigidos ou codirigidos por mulheres, um índice menor que o recorde do ano passado (45%), mas acima do registrado em Cannes e sobretudo em Veneza, cuja edição de 2019 tinha apenas duas diretoras entre 21 filmes.

"Seis filmes não é paridade, mas é um bom caminho para alcançá-la", declarou Chatrian.

A Berlinale criou este ano uma nova mostra, "Encounters", para dar espaço às obras mais ousadas de cineastas "inovadores".

O Brasil terá ainda uma forte presença na mostra "Panorama", com quatro filmes, incluindo o documentário "Nardjes", do diretor Karim Aïnouz, premiado ano passado em Cannes por "A Vida Invisível".

Outro documentário, "O reflexo do Lago", de Fernando Segtowick, que mostra a vida de pessoas que moram nas proximidades da hidrelétrica de Tucuruí, também foi selecionado.