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Algenis Pérez Soto, do campo de beisebol para o elenco de "Capitã Marvel"

O ator dominicano Algenis Pérez Soto - Robyn Beck/AFP)
O ator dominicano Algenis Pérez Soto Imagem: Robyn Beck/AFP)

De Los Angeles (EUA)

07/03/2019 17h03

Como qualquer garoto na República Dominicana, Algenis Pérez Soto sonhava em jogar beisebol e ser descoberto por um olheiro para virar profissional desse esporte.

Ele chegou a ser um jogador de beisebol nos Estados Unidos, só que não em uma equipe das Grandes Ligas e sim em um set de filmagem.

"O beisebol me levou para o cimena", disse o ator, de 32 anos, que conquistou seu grande papel em Hollywood no filme "Capitã Marvel", de Anna Boden e Ryan Fleck.

Foram os diretores desta nova produção dos Estúdios Marvel que deram a primeira oportunidade a Soto no cinema, através do filme "Perseguindo Um Sonho" ("Sugar", de 2008), que contava a história de um jogador dominicano lutando para entrar no mundo profissional do beisebol.

Quase uma década depois da sua estreia nas grandes telas, enquanto dirigia, recebeu um telefonema com um convite para participar de mais um capítulo da lucrativa franquia da Marvel, um salto gigantesco para este ator com uma carreira ainda incipiente.

"Eu tenho fé que esta produção poderá abrir muitas portas", disse Pérez Soto em entrevista à agência France Press.

O dominicano interpreta o capitão Att-Lass, um letal guerreiro do império Kree e integrante da unidade de elite a qual pertence Vers, ou Carol Danvers, a "Capitã Marvel".

Antes de iniciar as filmagens, o ator teve aulas de kickboxing para complementar o treinamento de boxe que recebeu para "Sambá" (de Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán, 2017), um dos cinco filmes em que atuou até o momento.

Algenis Pérez Soto em cena de "Sugar", em que interpretou um jogador de beisebol dominicano  - Reprodução - Reprodução
Algenis Pérez Soto em cena de "Sugar", em que interpretou um jogador de beisebol dominicano
Imagem: Reprodução

"Foi superemocionante", recordou. "Muitas horas de trabalho e com o uniforme, bem apertado, tornava as coisas mais difíceis, mas foi tudo bem divertido".

Ele esperou muito por este momento. Entre "Sugar" e "Sambá" foram muitos anos sem atuar, período em que se dedicou a estudar inglês e a trabalhar em qualquer coisa enquanto aguardava uma nova oportunidade num set de filmagem.

"Não é fácil, principalmente para um ator hispânico. Fiz de tudo, trabalhei em restaurantes, com amigos. Não é porque você fez um filme que você fica rico, as contas não esperam por ninguém", declarou.

Do cinema independente para um blockbuster

De produções independentes para um blockbuster de Hollywood, dividindo o set com a vencedora do Oscar Brie Larson e os indicados Samuel L. Jackson, Annette Bening e Jude Law, foi um salto gigante co para Pérez Soto, que se que se sente orgulhoso por trabalhar no primeiro filme da Marvel protagonizada por uma mulher. Além disso, celebra também a abertura à diversidade que representaram os prêmios no Oscar para "Pantera Negra" e "Homem-Aranha: No Aranhaverso".

"O Homem-Aranha é um dos personagens de que mais gosto. Me imagino lançando teia, saltando de um lugar para outro, escalando prédios. Um dia, quando saía da academia, vi uma aranha, tirei uma foto e postei no meu Instagram: 'Ei, Marvel, o que vocês acham se....'", lembrou.

Isso foi em maio de 2017, ainda não imaginava que um dia iria trabalhar numa produção do estúdio.

Ao ser perguntado se gostaria de interpretar, Miles Morales, o novo Homem-Aranha? "Adoraria, e se não for eu, que seja outro ator latino, que no fim irá representar a todos nós."

Algenis Pérez Soto (à esquerda) em cena do novo Capitã Marvel - Reprodução - Reprodução
Algenis Pérez Soto (à esquerda) em cena do novo Capitã Marvel
Imagem: Reprodução

"O que sou devo a eles"

Pérez Soto nunca pensou em ser ator. Quando seu irmão falou sobre uma oportunidade no elenco de "Sugar", sua primeira reação foi dar uma gargalhada. Por não levar a sério a possibilidade de trabalhar num filme, acabou faltando ao teste de elenco, que estava sendo realizado na República Dominicana, para jogar beisebol.

Para sua sorte, o campo onde estava jogando era próximo ao local das audições. Quando os diretores Boden e Fleck estavam saindo, viram Algenis e o convidaram para um teste.

Por fim conseguiu o papel e viajou para os Estados Unidos. Chegou até a imaginar que tudo não passava de uma armação ou algum tipo de pegadinha, pois não conhecia a dupla de jovens diretores. Mas ao final, ficou encantado com a magia do cinema.

"Na verdade, posso afirmar que sou fruto do trabalho deles", disse agradecendo a Boden e Fleck, a dupla que colocou o dominicano nas Grandes Ligas de Hollywood.

O filme "Capitã Marvel" estreia hoje nos cinemas brasileiros.