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Corpo do escritor Eduardo Galeano será velado em Congresso no Uruguai

14/04/2015 01h17

O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor de "As Veias Abertas da América Latina", será velado nesta terça-feira (14) no Congresso do Uruguai. Referência intelectual da esquerda na América Latina, Galeano morreu na segunda-feira, aos 74 anos, em Montevidéu, em decorrência de um câncer no pulmão.

Em comunicado, o presidente Tabaré Vázquez determinou honras fúnebres para um dos escritores uruguaios mais famosos de todos os tempos. Um porta-voz da presidência uruguaia informou que Vázquez qualificou Galeano como "uma personalidade que transcende com dimensão nacional e internacional", e pediu para que seus ministros assistam à cerimônia.

O velório ocorrerá no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo em Montevidéu, onde são velados os corpos de políticos e expoentes do país.

Amigo íntimo de Cuba

O presidente de Cuba, Raúl Castro, enviou ao presidente do Uruguai suas condolências pela morte do escritor Eduardo Galeano, a quem chamou de amigo "íntimo e inesquecível" da ilha.

"Com profundo pesar tomei conhecimento da morte do destacado intelectual revolucionário e amigo íntimo de Cuba, Eduardo Galeano", afirma a mensagem de Raúl Castro. "Estendo minhas mais sentidas condolências aos familiares do inesquecível Galeano e ao povo uruguaio que tão dignamente representou", completa a nota.

De conhecidas posições esquerdistas, Galeano foi um dos intelectuais que criticou as autoridades cubanas em 2003 por fuzilar, após julgamento sumário, três sequestradores de um barco que pretendiam fugir para os Estados Unidos, e deter outros 75 opositores.

No Brasil, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o dia era de tristeza para todos os latino-americanos que perderam um dos "escritores mais importantes" do continente. "Aos uruguaios, aos amigos e à nossa imensa família latino-americana, quero prestar minhas homenagens e lembrar que continuamos caminhando com os olhos no horizonte, em nossa utopia", disse Dilma em comunicado oficial.

Trajetória

Escritor, jornalista e ensaísta, Eduardo Germán María Hughes Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 e era considerado uma das maiores referências da esquerda latino-americana.

Na juventude, trabalhou como operário, pintor, mensageiro e bancário, entre outras ocupações. Galeano começou sua carreira de jornalista como caricaturista e cronista. Já nos anos 1960, chegou a editor do jornal "Marcha".

Sua principal obra, "As Veias Abertas da América Latina", foi publicada em 1971. Em 1973, com o golpe militar que tomou o poder no Uruguai, foi preso, obrigado a deixar o país e sua obra  censurada pelas ditaduras do Uruguai, Argentina e Chile.

Galeano exilou-se primeiro na Argentina, de onde teve que sair após o golpe naquele país, e depois na Espanha. Ele só retornou ao Uruguai em 1985, após a redemocratização, e fez parte da comissão pela revogação da lei de anistia aos crimes cometidos pelo regime militar em seu país.

Em 2007, Galeano teve que se submeter a uma cirurgia para tratar um câncer no pulmão.