Ex-assistente de Weinstein quebra acordo de silêncio e revela assédio
Uma ex-assistente de Harvey Weinstein quebrou o acordo de confidencialidade para falar sobre o assédio que ela e uma colega sofreram, quase vinte anos atrás, e revelar como o magnata evitou que as acusações contra ele se tornassem públicas, obrigando as vítimas a assinar acordos que preveem penalidades caso elas se pronunciem sobre o caso.
A britânica Zelda Perkins contou ao jornal "Financial Times" que denunciou o produtor em 1998. Na época, ela trabalhava como assistente dele em Londres e era constantemente assediada. Weinstein pedia que ela fizesse massagens quando ele estava apenas com roupas íntimas, pedia que ela olhasse enquanto ele tomava banho e tentava arrastá-la para sua cama à força quando ela ia acordá-lo em seu quarto de hotel, o que era uma de suas obrigações.
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Perkins decidiu denunciar o comportamento do executivo depois que uma colega revelou ter sido abusada por ele durante o Festival de Veneza. "Ela estava branca como papel, tremendo, e em um péssimo estado emocional. Ela me disse que algo horrível tinha acontecido. Ela estava em choque, chorando e tendo muita dificuldade para falar. Eu estava furiosa, profundamente magoada e chocada. Falei 'nós precisamos ir à polícia', mas ela estava muito abalada. Nenhuma de nós sabia o que fazer em um país estrangeiro".
De volta a Londres, as duas foram orientadas por advogados a fazer um acordo. Ela foram compensadas com a soma conjunta, para distribuir em partes iguais, de 250 mil libras e acabaram obrigadas a assinar o acordo de confidencialidade, que as proibia de falar das acusações.
"Quero romper publicamente o meu acordo de confidencialidade", disse Perkins ao jornal britânico, com o argumento que "a menos que alguém faça isto, não haverá um debate sobre quão ultrajantes são estes acordos e a quantidade de sofrimento que as vítimas atravessam".
Ao quebrar a cláusula, Zelda Perkins poderia ter de devolver o valor recebido e, potencialmente, custear os custos legais estipulados no contrato, segundo diz o "FT".
Escândalo em Hollywood
Um dos produtores mais poderosos de Hollywood, que levou ao Oscar filmes como "Shakespeare Apaixonado" e produziu clássicos modernos como "Cães de Aluguel", Weinstein, 65, tem sido alvo de acusações desde que o jornal The New York Times e a revista New Yorker publicaram reportagens com relatos das vítimas do executivo. As acusações incluem assédio, abuso sexual e estupro.
Responsável por algumas das campanhas mais agressivas em busca de estatuetas do Oscar, com mais de 300 indicações, desde a revelação dos casos Harvey foi expulso da Academia de Hollywood, do Bafta e do Sindicato dos Produtores, foi demitido de sua própria produtora e se tornou alvo de investigações policiais.
Entre as vítimas do produtor que vieram a público depois das reportagens estão nomes como Mira Sorvino, Rosana Arquette, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Léa Seydoux. Depois das denúncias, a vencedora do Oscar Lupita Nyong'o também dividiu um relato de quando foi assediada pelo produtor, no início da carreira.
O escândalo chegou inclusive à empresa que Weinstein fundou com o irmão, Bob: A promotoria de Nova York abriu uma investigação contra a The Weinstein Company para investigar se a empresa violou as leis estaduais de direitos civis ou as leis municipais de direitos humanos.
*Com informações da agência EFE
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