Filho da p… tão feio: além de Frida, outra artista sofreu por Diego Rivera
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"Não tenho medo da dor, e você sabe disso. Ela é quase inerente a mim, mas confesso que sofri, e muito, quando você me traiu, a cada vez que você me traiu, não só com a minha irmã, mas com tantas outras mulheres. Como elas se deixaram enganar por você? Você acha que eu fiquei possessa por causa da Cristina, mas hoje confesso que não foi por ela. Foi por você e por mim. Antes de tudo, por mim, porque nunca consegui entender o que você queria e procurava, o que elas davam que eu não sabia dar. Não nos enganemos, Diego, eu te dei tudo o que é humanamente possível dar, e nós dois sabemos disso. De qualquer modo, como você consegue seduzir tantas mulheres sendo um filho da puta tão feio?"
Como Diego Rivera, um dos principais artistas mexicanos da história, conseguia seduzir tantas mulheres sendo tão feio? Essa pergunta rondava minha cabeça sempre que via algo a respeito da difícil relação dele com Frida Kahlo, outro nome incontornável das artes daquele país. Daí minha surpresa ao encontrar a citação pingando a todo momento no meu Twitter. As palavras são da própria Frida, escritas numa carta de desabafo ao calhorda que amou e odiou.
A editora Mundaréu lançou no ano passado uma outra história com essa faceta desprezível do artista: "Querido Diego, Sua Quiela", publicado originalmente em 1978 e que nos chega em tradução de Nilce e Ercilio Tranjan. É o livro mais famoso de Elena Poniatowska. Escritora nascida na França, ela fez sua vida no México e venceu o Prêmio Cervantes de 2013. Na ficção, a autora dá forma ao sofrimento de Angelina Beloff, artista plástica russa que, após uma passagem por Paris, também construiu a carreira na terra de Frida.
Na capital francesa, Angelina (ou Quiela, na intimidade) conheceu Diego Rivera, com quem foi casada por dez anos. Conheceram-se em 1909, casaram-se após dois anos e tiveram um filho em 1916 - a criança morreu pouco depois de completar um ano. Em 1921, Diego resolveu retornar ao México. Aí Quiela começou a conhecer o lado mais podre do marido (e olha que ele já tinha tido um filho com uma de suas amigas, traição perdoada pela artista).
Elena parte de uma carta real para criar uma novela epistolar construída por mensagens escritas por Angelina. No começo temos uma mulher que derrama suas saudades, repassa momentos marcantes e conta os dias para receber o sinal do amado convidando para o encontro no México, onde retomariam a vida a dois. As missivas, no entanto, parecem cair num vazio. Diego ignora a maioria dos escritos. Quando dá sinal de vida, geralmente se limita a poucas linhas quase grosseiras acompanhadas de algum dinheiro para ajudar nas despesas cotidianas de Quiela.
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