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Quem não gosta de "K.O.", de Pabllo Vittar, é porque não entendeu

Divulgação/Gshow
Imagem: Divulgação/Gshow

11/12/2017 04h00

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Neste domingo (10), tivemos a oportunidade de dar uma espiada no que se passa na mente e no coração do povo brasileiro. Isso graças ao glorioso Troféu Domingão, que ano após ano celebra os atores e cantores que estão em voga na Globo, nossa mais adorável janela para a vida no país.

O prêmio Melhores do Ano é como uma selfie retratando este zeitgeist tropical. Não obstante, uma das personalidades mais comentadas na noite foi Pabllo Vittar, que levou para casa o título de Música do Ano graças ao hit "K.O.", deixando na saudade o sucesso mundial de Anitta e sua "Paradinha".

Desde já pedindo perdão por citar a mim mesmo em um texto, como se estivesse organizando a mais preguiçosa bibliografia da história das monografias, escrevi na última coluna sobre a canção: "trata-se de um forrozão do futuro pós-apocalíptico em que vivemos. O arrasa-quarteirão sacolejante fez do Brasil um lugar menos inóspito e certamente merece o título de música do ano". Só quem não compreendeu a beleza disso tudo é que pode ter coragem para dizer que não gostou.

Apesar da consagração popular, a figura de Pabllo continua provocando debates acalorados na internet, nas ruas e nas mesas de bar. Um dos motivos é sua pronunciada inabilidade para apresentações ao vivo. Apesar do engenhoso número de balé durante a execução da música, todas as fraquezas da intérprete foram expostas.

Não sou um especialista, longe disso, mas é perceptível a dificuldade que Vittar tem para segurar o fôlego durante qualquer simples frase da canção, chegando a lembrar minha saudosa vovó depois de subir dois lances de escada. Além disso, como se fosse um Doc Brown de si mesma, Pabllo recorrentemente encontra-se fora do tempo em relação à base musical.

É uma pena que esse tipo de situação tire a atenção para outras questões mais relevantes: "K.O." é, sim, a grande música do ano, conectando as origens dos ritmos nordestinos com um futuro que já aconteceu. E ninguém precisa mandar bem ao vivo para ser uma grande artista.

Ícones do showbiz mundial como Britney Spears, Radiohead e Xuxa Meneghel fizeram fama e fortuna como artistas de estúdio, onde puderam usar e abusar de auto-tune, pro-tools e outras benesses da tecnologia para amenizar seus pontos menos passíveis de orgulho.

O artifício do playback surge como irremediável solução a curto e médio prazo, enquanto a cantora continua exercitando variadas modulações da própria voz. O legado de "K.O.", e da própria importância de Pabllo como figura pública tão representativa e bem-sucedida, não podem ser obliterados por detalhes técnicos tão pedestres.

Encerro apresentando uma versão da música que ilustra seu impacto e abrangência como fenômeno cultural. O Grupo Caso A Parte fez essa envolvente versão pagode para "K.O." (e mandou muito bem ao vivo).

Voltamos a qualquer momento com novas informações.