Prazer, eu sou Andreza Delgado
Entender quem eu sou pode ser muito difícil, principalmente porque eu tenho dificuldades para me apresentar, admito. Digo logo que já fiz de tudo nessa vida. Comecei a trabalhar aos 16 anos como empacotadora num supermercado. Depois disso, consegui um estágio no Tribunal de Justiça, o que despertou em mim o interesse por essa área.
A verdade é que fazer muita coisa é o que mais curto. Quando decidi romper com a igreja evangélica, também foi porque sentia a necessidade de fazer mais, de me entregar mais para as possibilidades de ajudar o próximo. A estrutura da igreja me limitava muito. Acho que vem daí a Andreza hiperativa. Apesar de todo mundo achar que sou paulista, eu sou é baiana, da terra do cacau, Ilhéus. Vim pra Selva de Pedra quando era muito criança, para acompanhar meus pais que vinham ganhar a vida nessa cidade. A gente sempre morou na quebrada, em várias delas. Hoje, com 24 anos, percebo o quanto minha identidade foi forjada por tudo isso: seja pelas experiências felizes de pegar brinquedo do Papai Noel que passava na rua para alegrar as crianças pobres, seja pelas mais assustadora, como ver uma chacina matar sete pessoas na frente da minha casa.
Pensando em todas essas coisas, vejo que meu trabalho sempre vai ser dedicado a dar visibilidade e carregar a quebrada onde quer que eu vá. Eu gosto muito da ideia de que é preciso desmistificar a periferia, começando a entender que ela não é uma coisa só, homogênea. Ninguém representa a periferia. Ela é construída por muitas e muitos. E mais do que nunca a periferia é muita coisa.
Ela é do pagode, do rap, mas também do rock, do funk. É k-pop também. A periferia é o centro! Meu eterno manifesto é pelo direito à cultura e ao lazer, de todos os tipos. Nunca bastou arroz e feijão, a gente quer muito mais. Talvez seja por isso que eu embarquei com meus amigos na loucura de fazer o PERIFACON: para lembrar que além de tudo a favela é geek.
A verdade é que ocupar esse espaço para falar de entretenimento só me lembra do por que sou tão apaixonada nas possibilidades que o universo nerd me proporciona: poder viajar na ficção e esquecer que o mundo é horrível parece muito bom.
Às vezes acho que lutar por um mundo justo também significa ficar de boa com você mesma. E mais do que nunca estar de boa comigo mesma é poder dividir minhas impressões com vocês. Escrever é como uma paixão. Deve ser por isso que mesmo com o pequeno "hate" continuo inabalável para dizer que é preciso colorir esse mundão com a diversidade.
Espero conseguir compartilhar com vocês um pouquinho da diversidade do que é entretenimento para mim, já que entendo que ele não serve só como um escape e sim como novas possibilidades de se pensar e sonhar com um novo mundo. Nesse momento em que a gente se encontra como humanidade, mais do que nunca é preciso entreter e sonhar.
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