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Bivolt lança 1º álbum em meio a pandemia e aguarda pelo show de estreia

Rapper Bárbara Bivolt lança álbum de estreia pela Som Livre - Alex Takaki
Rapper Bárbara Bivolt lança álbum de estreia pela Som Livre Imagem: Alex Takaki

Colunista do UOL

19/03/2020 07h00

Primeiro álbum pronto, contrato assinado com a Som Livre, festa de lançamento para convidados. Tudo seguia dentro do previsto para Bárbara Bivolt até a chegada da pandemia do coronavírus.

A rapper viu a divulgação de seu álbum de estreia, com seus dois pólos, ser interrompida. Nada de show de lançamento e nem datas da turnê. Apesar de ter os planos suspensos, Bivolt se mostra otimista e faz um apelo: "seu cuidem, se protejam e ouçam o disco muitas vezes porque o streaming é minha única fonte de renda no momento."

A cantora acredita que se todos se cuidarem, tudo voltará ao normal em menos tempo. "Penso que essa pausa é um tempo a mais para as pessoas absorverem melhor o disco", diz.

O primeiro trabalho da paulistana, que há um tempo é destaque na cena hip-hop, traz 14 faixas, todas de sua autoria. Composta pelas frequências 100 e 220, o disco tem a direção do Nave, que já trabalhou com nomes como Emicida, Marcelo D2 e outros grandes do rap.

Entre as participações, Xênia França, Tasha & Tracie, Dada Yute, Jé Santiago e Lucas Boombeat dividem os vocais com Bivolt.

A cantora orgulha-se ao falar da inovação audiovisual que acompanha o lançamento. Pela primeira vez no mundo, clipes separados no YouTube, viram uma só faixa quando o play é acionado simultaneamente.

Em conversa com a coluna, ela discorre sobre suas "voltagens" apresentadas no projeto e em sua personalidade.

Adriana: Como é lançar o álbum de estreia em meio a uma pandemia?
Bivolt:
O álbum saiu alguns dias antes dessa questão da pandemia e eu não tinha menor noção que isso aconteceria. A gente tinha planos, que foram interrompidos temporariamente. Estou tentando pensar positivo o tempo todo. Penso que é mais tempo para as pessoas absorverem mais o disco. Algo de positivo que só vamos enxergar daqui algum tempo. A gente estava com todo planejamento que foi bruscamente interrompido, então, estou dependendo muito que as pessoas fiquem em casa, se cuidem e que mais cedo possível possamos voltar aos teatros e shows. Por enquanto, minha fonte de renda é o streaming, então ouçam muito o disco.

Você já está no corre há um tempo. O que viu de mais dificuldade no meio do rap?
Ser mulher apesar de todas as conquistas é ainda um empecilho dentro do rap. Hoje me sinto muito privilegiada em estar em uma gravadora para fazer tudo que eu podia. Estou combatendo as dificuldades com meu trabalho. Acho que não há espaço para a mulher no rap. O trabalho passa batido, porém não despercebido.
Mesmo vendo as mulheres que chegaram mais longe no rap eu ainda acho muito pouco. Por mais que façamos coisas incríveis, às vezes, me parece que não é o suficiente. Sempre consumi muito trabalho feminino. Sou uma consumista nata do trabalho das mulheres. Sou fã de mulheres em atividade, seja qual atividade for. É muito gratificante ver mulher fazendo trabalhos incríveis. Eu vejo muita gente categorizando minha música porque sou mulher. Meu rap não é de mina, meu rap é para todos. Ouçam as mulheres.

Bivolt mostra seu 100 e 220 em álbum de estreia - Alex Takaki - Alex Takaki
Bivolt mostra seu 100 e 220 em álbum de estreia
Imagem: Alex Takaki
De onde vem o seu nome Bivolt, que aliás é sensacional?
Ganhei na escola, no segundo ano do colegial. Uma professora que me deu esse nome. Ela dizia que eu era ligada no 220v e uma aluna rebateu que eu era também 110. E aí pegou, aquelas coisa de escola que o que a gente não gosta, pega. Eu não gostei na hora. Hoje acho que é muito eu 100%. Tem dias que acho que estou no 110 e outros no 220. Fui votar na escola que estudei e encontrei a professora e ela não lembrava que ela tinha me dado o nome.

Como foi compor o lado 110 do álbum? E o 220?
Eu não classifico o disco dividido. Sinto ele fluido, até pelo conceito de que ninguém o tempo todo é 110, nem 220. Mas o lado 110 foi um lado transcedental. Usei mais o meu lado do canto e da melodia. Fiz várias coisas que não eram o que a galera estava esperando de mim. Gostei muito do resultado para mostrar o que sei fazer além das rimas. Foi muito gostoso puxar mais esse lado do R&B. A cada dia tenho uma música favorita, a minha de hoje é "Mary End". O 110 tem batidas leves com mensagens mais fortes. A doçura também é afiada.
O 220 foi um lado onde fiz as mais pauleiras. Misturei o rap com dance hall, eletrônico, funk. Um lado mais rua.

Como foi trabalhar com essa turma toda que reuniu no álbum?
O Nave fez a direção musical, a maioria das músicas foram produzidas por ele. Quanto às participações, fazer música com Xênia França, por exemplo, foi incrível. Ela é muito boa, alegre e contagiante. Foi tão especial que a gente tava gravando e o Lula foi solto no dia. Foi a junção dos nossos axés. Além dela, Tasha & Tracie foi sensacional porque crescemos na rua juntas. As participações foram com amigos íntimos, como o Lucas Boombeat que sempre esteve comigo e agora está fazendo o trabalho dele. O Jé Santiago nem tenho palavras pra descrever. Me apaixonei pelo som dele cantando R&B. A música é especial pra mim porque tem a participação da minha mãe. Dada Yute somos muito amigos. Ele tem um trabalho impecável. Já demos vários rolês juntos, mas nunca tínhamos feito música. Nos instrumentais também são artistas impecáveis. Escolhi tudo a dedo. A gente produziu 25 músicas para trazer essas 14, que uma viram duas, então são 15 faixas.

Como é a Bárbara no 110? E como é no 220?
No 110, eu me defino como bem paciente. Um pessoa firme, concentrada, mais calma. A que está conversando com você agora. Ela é focada e perfeccionista.
A Bivolt 200 é mais elétrica..

A do Twitter...
(rs) a do Twitter, que não tem papas na língua. A que vai preservar as raízes. Ouvir dois lados. Acho ela muito necessária, muito importante.