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Fenômeno gospel, Thalles Roberto resgata histórias de impacto para projeto

O cantor gospel Thalles Roberto - Divulgação
O cantor gospel Thalles Roberto Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

15/01/2020 20h26

O cantor gospel Thalles Roberto conhece o sucesso dos palcos, dos videoclipes e das redes sociais. Para chegar a "Saudade", seu novo projeto, o artista queria algo que fosse genuíno. Mas, segundo ele, todas as ideias que vinham à sua mente eram normais e não o convenciam. Ele não queria falar dele, mas sim das situações vividas pelas pessoas. Foi assim que ele chegou ao trabalho mais ousados de sua carreira.

Com ajuda do diretor Alex Passos, Thalles foi atrás de histórias que mostrassem a realidade das pessoas e como suas músicas atuaram nessas narrativas. O resultado foram 10 histórias impactantes de diferentes personagens dos mais diversos lugares do Brasil.

Lá, o cantor e ministro de louvor na Igreja Lakewood - a maior comunidade evangélica dos Estados Unidos - esteve de surpresa, para ouví-las e também presenteá-las com sua apresentação. O resultado será mostrado em um DVD que ainda será lançado e dois EPs com as canções que serviram de pano de fundo para essas histórias.

Do Texas, nos Estados Unidos, onde o cantor atualmente vive com a esposa que está grávida de uma menina e os três filhos, Thalles falou sobre o projeto que teve o segundo volume lançado essa semana. A seleção reúne seis músicas, incluindo o sucesso "Deus da Minha Vida", que acumula mais de 17 milhões de visualizações no YouTube.

A primeira parte do EP, lançada no final de novembro, é composta por cinco faixas, referentes aos cinco primeiros episódios da série disponível em seu canal oficial.

Adriana: Por que você quis relatar as histórias dessas pessoas?
Thalles Roberto: O público já sabe como sou no palco, nos shows e nos clipes. Eu queria algo que fosse genuíno e diferente, mas tudo que vinha na minha cabeça eram ideias normais. Isso começou a me incomodar. Aí pedi pra Deus me dar uma ideia. Não queria que o trabalho falasse somente do Thalles. Quando uma pessoa está em uma situação ruim ela não quer ver um artista bem. Ela quer encher o coração de paz. Chamei o Alex Passos e expliquei pra ele. Ele veio com a ideia de mostrar a realidade das pessoas, que não é a luz do palco. Vamos mostrar a real. Qual é a real? Assim começamos a selecionar histórias do Brasil inteiro. Não tem como dimensionar o número que recebemos pra selecionar somente 10. Foi uma logística gigantesca. Gravamos tudo em 20 dias.

Você imaginava que sua música tinha tocado tanta gente?
Não. A gente não tem essa noção. Essa semana li um negócio pesado que a menina disse que a minha música a fez desistir de um suicídio. A gente não sabe desse poder. A cada dia que passa me envolvo mais com esse evangelho, o evangelho do amor, da palavra e não da religião.

Qual história chamou mais te tocou e por que?
Tinha um cara que comia pedaços de pessoas. Ele era bandido e negócio dele não era só matar. Ele matava e comia. A viagem do cara era essa. Foi o único canibal do sistema carcerário. "Arde Outra Vez" foi a música que o salvou.

Como era a reação das pessoas quando te viam?
A pessoa não sabia que eu ia porque minha produção entrava em contato e eu só chegava na hora que ela contava a história. Eu chegava, ela contava a história e no final eu dizia pra ela escolher um lugar para fazer um show pra exclusivo pra ela. Eu cantava a música para essa pessoa no lugar que ela escolhia. Filmamos tudo isso, de maneira orgânica. A gente vai lançar em DVD e quer transformar em série.

Deve ter ficado muito relato de fora. Você pretende em algum momento retomar esse projeto?
A gente tá metade do lançamento do projeto e estou com saudade dele. Um volume 2 seria incrível. Isso virou uma marca na minha vida.

A música gospel é uma das mais fortes no Brasil. Você acha que ela tem o espaço merecido?
Eu acho que pra falar com mais pessoas nós teríamos que ter uma estratégia bem definida pela questão da linguagem. A música que fazemos ela alcança nosso povo, mas ela poderia ter muito espaço. Nós como pessoas que propagamos o evangelho precisamos estudar novas estratégias para alcançar mais pessoas. Acho que muitas pessoas são fechadas a esse gênero de música e precisamos ser mais criativos para encontrar caminhos para chegar até elas. Aqui nos Estados Unidos não tem diferença entre música gospel e secular. Aqui é música. Há grandes cantores como Stevie Wonder, Michael Jackson, pessoas que aprenderam cantar na igreja. Acho que a mensagem de Jesus não é para um público específico, é para todo mundo.
Quando você usa o termo "a música evangélica" exclui muita gente. O que tem é música, não tem música evangélica. A letra, a melodia, são muito importantes. Temos que tirar os rótulos.

Você também teve experiências como músico do Jota Quest e Jamil e Uma Noites. O que você traz de lembranças dessa fase da sua carreira?
Muita experiência boa. Rodei o Brasil várias vezes com eles e sou muito grato a esse tempo. Aprendi muito. Foi uma época de muita loucura também, muita. Eu era um cara muito intenso, de muita droga. Devo muito a Rogério Flausino, a Tuca Fernandes, a Ivete Sangalo. Quando encontro eles é maravilhoso. Eles comentam minhas músicas, veem minhas postagens nas redes sociais e eu adoro.

Como será seu 2020?
Estou começando a organizar a turnê desse projeto "Saudade" para rodar o Brasil inteiro e entro em estúdio em 2020 para gravar músicas inéditas.