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Tarcísio Meira diz que nova peça deve ser a última: "Estou sendo realista"

Tarcísio Meira - Reprodução/TV Globo
Tarcísio Meira Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

22/01/2020 08h25

Resumo da notícia

  • Tarcísio Meira contou que peça O Camareiro deve ser última da carreira
  • "Sendo realista, não aparecerá outro personagem que posso interpretar", comentou
  • Ator de 84 anos ainda disse que "não quer morrer no palco"

Tarcísio Meira não gosta muito da ideia de se aposentar, mas acha que a sua nova peça, O Camareiro, deve ser a última da carreira. Meira, de 84 anos de idade, interpreta na produção um ator que tenta continuar trabalhando enquanto enfrenta a velhice e o cansaço.

"Acho que qualquer ator pode se identificar com esse personagem. Nosso trabalho é muito difícil e cansativo, mas também muito prazeroso e enriquecedor. Se há uma coisa que o ator não pensa é em se aposentar e parar de atuar", avaliou.

"Claro que ninguém quer morrer no palco. Esses dias vi um sertanejo [Juliano Cezar] que morreu no palco. Achei tão triste, espero que não aconteça comigo e nenhum de nós", comentou ainda, em entrevista à Quem.

"Mas não penso em me aposentar, parar. Agora, sendo realista, depois desta peça, não vou fazer outra. Estou indo para os 85 anos, estou velhinho. Não acredito que surja um outro personagem que eu possa fazer", completou.

Meira ainda disse que tenta se cuidar para manter o vigor. "Não tem nada de melhor na velhice, tudo é pior. Envelhecer é uma coisa muito chata. Tem limitações físicas e intelectuais cada vez maiores. A memória não é mais a mesma", contou.

"A morte está aí. Qualquer hora ela chega. Que chegue bem. Não penso muito nisso. Me preocupo em ficar bem, cuidar da minha saúde, não saio por aí fazendo loucuras. Faço as minhas consultas, vejo as coisas que estão erradas comigo e procuro corrigi-las, faço academia, minha ginastiquinha... Não faço tanto quanto deveria, mas faço", confessou também.

O tempo trouxe um ritmo mais tranquilo de trabalho, decisão da qual o ator não se arrepende. "Não sinto falta de estar sempre ocupado. Sinto que já fiz bastante coisa, muitas boas e outras nem tanto... Tudo foi acontecendo quase como um turbilhão na minha vida. Nem parava muito para pensar, não dava tempo", disse.

"Tive pouco tempo para mim na minha vida. Não sei como é hoje em dia fazer novela, tenho impressão que é mais fácil, mais dividido. Antes era concentrada em poucos atores. Acho que ninguém decorou tanto texto quanto eu", brincou ainda.

A primeira vez que Tarcísio fez um trabalho para a televisão aconteceu em 1959, com Noites Brancas. Sua última novela foi há dois anos, com Orgulho e Paixão.

Com O Camareiro, Tarcísio Meira já ganhou dois prêmios, um em 2015 e outro em 2016. O primeiro foi o Prêmio Arte Qualidade Brasil como melhor ator e no ano seguinte, o Prêmio Shell de Teatro de São Paulo, na mesma categoria.

Amor e internet

O tempo livre ajudou a manter a relação com Glória Menezes firme e forte. "Nós dispomos de mais tempo para nós mesmos. Procuro o tempo todo a minha mulher e ela me procura o tempo todo também. Eu encontro muito de mim na minha mulher como ela deve encontrar muito dela em mim. Nós somos indissolúveis. A pessoa mais importante da minha vida é a minha mulher", declarou.

"Não tem muita fórmula. É muito amor. Tivemos a sorte de ter encontrado um ao outro. Acho que se existe uma crise tão forte que justifique a separação, tem que se separar mesmo. A gente passa por crises, mas há coisas melhores e maiores. Eu nunca fiz esforço para continuar casado com a minha mulher e nem ela", garantiu.

O ator também opinou sobre a internet, dizendo que se mantem longe das redes sociais para "não topar com nada desagradável". "Acho que as pessoas talvez frequentem as redes sociais por um sentimento de solidão, que eu não tenho, felizmente", especulou.

Também por isso, ele prefere não opinar sobre política publicamente. "As pessoas não sabem bem o que eu penso, porque eu não falo muito a respeito. Nunca fiz propaganda de ninguém, desse partido ou daquele... Eu acho que eu não devo porque, facilmente, posso errar. Errei algumas vezes nos meus julgamentos e lamento profundamente, mas esse erro foi meu e ficou para mim", explicou.

Em tom diplomático, no entanto, Meira comentou sobre o convite da colega Regina Duarte para se tornar secretária de cultura do governo Jair Bolsonaro: "Se ela aceitar, espero que faça um bom trabalho".