Topo

Como Olivia Wilde foi da 13 de Dr. House a diretora do elogiado Fora de Série

Olivia Wilde (à direita) dirige Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein no set de Fora de Série - Divulgação
Olivia Wilde (à direita) dirige Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein no set de Fora de Série Imagem: Divulgação

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

13/06/2019 04h00

O nome artístico de Olivia Wilde foi escolhido pela atriz em homenagem ao lendário escritor Oscar Wilde, um artista revolucionário para a sua época, que ficou conhecido por clássicos como o O Retrato de Dorian Gray e Salomé. Como essa pequena curiosidade mostra, a atriz é uma das figuras mais interessantes de Hollywood -- mas, por muito tempo, pareceu destinada a ficar na "série B" dos astros e estrelas do cinemão americano.

Isso deve mudar, no entanto, com Fora de Série, sua estreia na direção de longas-metragens, que chega aos cinemas brasileiros hoje. Reinventada em sua nova função, Wilde foi elogiada pelo trabalho no filme, uma comédia adolescente sobre duas amigas (Kaitlyn Dever e Beanie Feldstein) que, após passarem os anos de escola concentradas nos estudos, resolvem se soltar e se divertir no último dia de aula.

Um crítico do jornal "The Washington Post", por exemplo, disse: "Conforme o filme progride, as habilidades de Wilde na direção se tornam cada vez mais evidentes, trazendo um terceiro ato que se transforma em algo lindo, até transcendental". Nada mal para a atriz que, até dois ou três anos atrás, estava estrelando fracassos críticos e comerciais como O Natal dos Coopers e Renascida do Inferno.

É verdade que ela vem de uma família de jornalistas (sua mãe, Leslie Cockburn, é uma das produtoras do famoso programa 60 Minutes), já produziu uma dezena de documentários sobre diversas causas sociais, e atua como embaixadora e organizadora de diversas iniciativas ativistas. A sensação, com o lançamento de Fora de Série, é que Wilde finalmente está mostrando sua verdade em tela.

Olivia Wilde como a Dra. Remy Hadley, vulgo "13", na série Dr. House - Divulgação/IMDb - Divulgação/IMDb
Olivia Wilde como a Dra. Remy Hadley, vulgo "13", na série Dr. House
Imagem: Divulgação/IMDb

Menina de ouro

Olivia Wilde entrou para o radar de Hollywood quando interpretou Alex Kelly na segunda temporada de The O.C.: Um Estranho no Paraíso. A personagem teve vida curta na série teen, mas conseguiu a distinção de viver romances com dois dos protagonistas, Seth Cohen (Adam Brody) e Marissa Cooper (Mischa Barton). Na época (entre 2003 e 2004), a aparição de uma personagem bissexual na TV aberta norte-americana era rara.

Isso só tornou o próximo papel de destaque de Wilde mais notável. Em 2007, ela entrou para o elenco de Dr. House no papel da Dra. Remy Hadley, rebatizada com o apelido "13" pelo protagonista da série, que a escolheu em meio a uma sala cheia de candidatos para formar sua equipe de médicos. Hadley também era bissexual, e viveu na série um romance com o Dr. Eric Foreman (Omar Epps).

Wilde saiu de Dr. House em 2011, retornando brevemente para participação especial nos dois últimos episódios da série, no ano seguinte. A fama rendeu papéis de destaque em blockbusters, seja no campo da comédia (Ano Um, de 2009) ou da ficção científica, onde era frequentemente escalada para viver o par romântico do protagonista (Tron: O Legado, de 2010) ou para papéis menores, que capitalizavam em sua beleza (Cowboys & Aliens e O Preço do Amanhã, ambos de 2011).

Foi mais ou menos nessa época que Wilde passou de estrela em ascensão a presença rara em filmes de sucesso. Ela continuou trabalhando (pontas em Ela, de Spike Jonze, e Rush: No Limite da Emoção, de Ron Howard, não nos deixam mentir), mas a impressão que ficou foi que a atriz se rebelou contra o que Hollywood esperava que ela fosse: mais uma protagonista "sem sal" de blockbusters genéricos.

Um novo rumo

Nessa época, o elemento em comum entre os projetos escolhidos por Wilde parecia ser a vontade de trabalhar com grandes diretores. Além de Jonze e Howard, ela atuou para Martin Scorsese na série Vynil, da HBO. Em entrevistas, ela cita que tirou de Scorsese a ideia de exigir que seus atores não trouxessem roteiros para o set de Fora de Série -- garantindo, assim, que suas falas estivessem totalmente decoradas antes das filmagens.

Antes de mergulhar em seu primeiro longa-metragem, Wilde também testou suas habilidades de direção em dois videoclipes. Com a banda Edward Sharpe and the Magnetic Zeros, ela produziu o sombrio vídeo de "No Love Like Yours"; com os roqueiros do Red Hot Chilli Peppers, fez "Dark Necessities". Toda essa preparação faz com que Fora de Série pareça o momento pelo qual Olivia Wilde estava esperando durante toda a sua carreira.

A comédia, no entanto, não será o único lançamento dela neste ano. Wilde volta para a frente das câmeras em A Vigilante, sombrio drama da diretora e roteirista Sarah Daggar-Nickson, em que a atriz vive uma mulher que se torna uma espécie de super-heroína dedicada a libertar outras mulheres de relacionamentos abusivos e violentos.

O filme, que ainda não tem data de lançamento por aqui, imagina os efeitos de uma vigilante ao estilo das histórias em quadrinhos da Marvel e da DC no mundo real. Wilde tem sido elogiada pela interpretação, que os críticos classificam como a melhor e mais ousada de sua carreira. Parece que este é mesmo (finalmente) o momento dela.