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Escrito em 1968, texto de Stan Lee denunciando racismo viraliza após sua morte

Stan Lee - Getty Images
Stan Lee Imagem: Getty Images

Caio Coletti

Colaboração para o UOL

13/11/2018 13h19

A morte de Stan Lee, o cofundador da Marvel, na segunda-feira (12), fez com que dois textos escritos pelo quadrinista em 1968, denunciando os males do racismo e do preconceito, viralizassem nas redes sociais.

A jornalista Jen Yamato, do "Los Angeles Times", tuitou os textos, retirados de uma coluna chamada "Stan's Sopabox", publicada na sessão editorial dos quadrinhos da Marvel na época. Desde então, quase 3.000 fãs retuitaram o achado.

"Vamos ser totalmente sinceros: o preconceito e o racismo estão entre os maiores males que assolam o mundo hoje em dia", escreve Lee em um deles. "No entanto, ao contrário de um time de super vilões, eles não podem ser parados com um soco ou um tiro de arma a laser".

"A única forma de destruí-los é expô-los, mostrando-os como os males insidiosos que eles são", continua. "O preconceituoso é um hater sem raciocínio, ele odeia cegamente, fanaticamente, indiscriminadamente".

"Se o problema dele é com homens negros, ele odeia todos os homens negros. Se uma ruiva o ofende uma vez, ele odeia todas as ruivas", diz ainda. "Se um estrangeiro ganhou um emprego no lugar dele, ele odeia todos os estrangeiros".

"Ele odeia pessoas que ele nunca viu, pessoas que ele nunca conheceu, com a mesma intensidade e com o mesmo veneno", prossegue. "Não estamos querendo dizer que não é razoável um ser humano desagradar ao outro. Mas, embora todo mundo tenha o direito de odiar alguém, é totalmente irracional, patentemente doido, odiar toda uma raça, toda uma nação, toda uma religião".

"Mais cedo ou mais tarde, se desejamos ser dignos de nosso destino, precisamos encher o nosso coração de tolerância", completa. "Então, e só então, seremos dignos do conceito de que Deus nos criou em sua imagem e semelhança, um Deus que chama a todos nós de seus filhos".

No outro texto, o quadrinista argumenta com leitores que não gostam quando a Marvel inclui temas sociais em suas histórias. "De tempos em tempos, recebemos cartas de leitores que nos perguntam por que nossas revistas têm que ser tão moralizantes. Eles sempre dizem que os quadrinhos deveriam ser diversão escapista, e nada além disso".

"De alguma forma, eu não consigo ver as coisas desse jeito. Para mim, uma história sem mensagem, mesmo que subliminar, é como um homem sem alma", define. "De fato, até a literatura mais escapista de todas, os contos de fada e lendas heroicas, tinham um ponto de vista moral e filosófico".

"Em todos os campi de universidade onde vou discursar, sempre há tanta discussão sobre guerra e paz, sobre direitos civis, sobre a chamada rebelião jovem, quanto há nas nossas revistas", comenta ainda. "Nenhum de nós vive em um vácuo. Nenhum de nós não é tocado pelos eventos do dia a dia".

"Estes eventos moldam as nossas histórias e a nós mesmos", completa. "É claro que nossas histórias podem ser escapistas, mas só porque algo é divertido não significa que precisamos desligar o cérebro enquanto lemos".