Topo

Menos youtubers, mais erotismo e terror: O que é tendência na Bienal do Livro

Vista geral da 24ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, em 2016 - Nelson Antoine/Folhapress
Vista geral da 24ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, em 2016
Imagem: Nelson Antoine/Folhapress

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

03/08/2018 04h00

Se em 2016 a Bienal do Livro de São Paulo priorizou as obras de youtubers, a edição de 2018 --que começa nesta sexta-feira (3), no Parque Anhembi, zona norte da capital-- aposta em veteranos e tendências de leitura nacionais e internacionais, como o terror e as histórias eróticas. Não que os youtubers fiquem de fora da programação, mas terão que dividir o espaço.

"A programação é sempre em cima daquilo que o mercado está apostando. Em 2016 era o boom dos youtubers. Esse ano você percebe que já não tem tanta ênfase. Com isso, conseguimos fazer algo mais voltado ao slogan da Bienal, 'venha fazer esse download de conhecimento', onde a ideia é destacar cada vez mais o protagonismo do livro", destaca ao UOL Luís Antônio Torelli, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro).

A programação também cresceu, e passa das 1.300 horas de 2016 para 1.500 horas em 2018. Serão mais de 300 autores nacionais e internacionais divididos em 11 espaços diferentes para oficinas e debates, além dos estandes das editoras. Na Arena Cultural, que concentra as principais atrações da Bienal do Livro, acontecerão os grandes lançamentos e encontros de autores e leitores.

É lá, por exemplo, que Mauricio de Sousa e Ziraldo se reúnem neste sábado (4), às 15h, para o lançamento do livro "Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica". Mauricio de Sousa volta às 11h do outro sábado (11) para apresentar o livro "Vamos Pensar + Um Pouco" ao lado de Mário Sérgio Cortella em uma agenda moldada para atender desde o público infantil até os adultos.

O fato de a Bienal estar cada vez maior também reflete em sua sede: a feira se despede do Anhembi, sua casa desde 2006, para ser abrigada por um local maior. O anúncio da nova casa para sua próxima edição, em 2020, será feito durante o evento deste ano.

De Frankfurt para o mundo

Nos dois anos de intervalo entre uma Bienal e outra, a organização fica de olho não só no mercado brasileiro, como em tendências mundiais. Em uma parceria da Câmara Brasileira do Livro com a Apex-Brasil e o Ministério das Relações Exteriores, os autores e as editoras participam das principais feiras literárias.

Foi na Feira do Livro de Frankfurt, o maior encontro mundial do setor editorial, que os profissionais notaram um grande interesse nos livros eróticos, voltados ao público adulto, e também em temáticas de terror. Ambos estarão representados com autores e painéis na Bienal do Livro de São Paulo. "Frankfurt reflete bem o que vai acontecer no resto do mundo, não só no Brasil. Miramos no que o mercado está refletindo. Temos que atender não só o nosso gosto, mas sim o gosto de quem compra o livro, do público geral", explica Torelli.

Capa do livro "Bem Safado", da autora norte-americana Lauren Blakely - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Capa do livro "A Garota do Lago", do autor norte-americano Charlie Donlea - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Reflexo disso é que Tessa Dare, autora best-seller nas listas do "The New York Times" e do "USA Today" com romances históricos e eróticos, abre a programação da Arena Cultural às 11h no dia mais concorrido do evento, sábado (4). "Romance Com o Duque" e "A Noiva do Capitão" estão entre os títulos da escritora norte-americana. Já Lauren Blakely, dos livros "Mister O" e "Bem Safado" fecha a Arena às 17h no domingo (5). Também americana, ela é uma das autoras mais vendidas da atualidade.

Representando a literatura de suspense e terror internacional, estarão A. J. Finn, autor de "Mulher na Janela", e Charlie Donlea, de "A Garota do Lago". É a primeira vez dos americanos no evento. Entre os brasileiros, Raphael Montes, Gabriel Tennyson, Marcos de Brito e Santiago Nazarian debatem o tema às 19h desta sexta-feira (3) em uma mesa no Salão de Ideias da Bienal.

Lição de casa

Luís Antônio Torelli - Mastrangelo Reino/Folhapress - Mastrangelo Reino/Folhapress
Luís Antônio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL)
Imagem: Mastrangelo Reino/Folhapress

Os acertos de 2016 ganham ênfase em 2018. Luís Antônio Torelli destaca os encontros de fãs e a arena de autógrafos. "Os autógrafos se esgotaram em 1, 2 horas. As pessoas querem estar perto do autor. E o autor também adora isso. Conversei com alguns famosos como o Pedro Bandeira que me disse: 'Demoro de dois a três anos para escrever um livro, e eu não sei quem é o meu leitor. Na Bienal sou reconhecido, reverenciado. As pessoas querem tirar foto comigo'. Esse é o outro lado. A Bienal não é só para vender livro. Lógico que a indústria quer que as pessoas comprem livro, mas também desfrutem de experiências."

Com base na pré-venda de ingressos, a expectativa é de que o público da Bienal do Livro cresça ainda mais neste ano. "Hoje já temos mais de 120 mil ingressos vendidos, sendo que essa última semana é a que mais vende, então a tendência é que o número aumente. Na mesma época em 2016 estávamos com 25 mil ingressos vendidos. Isso é muito animador. É algo inédito, nos surpreendemos", finaliza o presidente da CBL.

Serviço:

Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Endereço: Pavilhão do Anhembi - Av. Olavo Fontoura, 1209. São Paulo
Datas: De 3 a 12 de agosto
Horário: das 9h às 22h
Ingressos: R$ 12,50 (meia) R$ 25 (inteira)
Site oficial: http://www.bienaldolivrosp.com.br/