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Os novos baianos: Quem são os artistas que dão novos tons e cores na música

Illy, Baco Exu do Blues, Kafé, Àttøøxxá e Ludji Luna dão a cara da nova música baiana - Divulgação
Illy, Baco Exu do Blues, Kafé, Àttøøxxá e Ludji Luna dão a cara da nova música baiana Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em São Paulo

24/04/2018 10h13

Já foi a época em que a música da Bahia era sinônimo de axé. O gênero que fez o Brasil sair do chão nos anos 1990 e 2000 tem se metamorfoseado e não deixa de inspirar uma nova geração de artistas. E essa nova cena musical que surge no estado tem revelado outros tons e cores, que vão do pop soul de Kafé à experimentação cheia de suingue do ÀTTØØXXÁ.

O movimento é tão amplo e original que não faltam bons exemplos dessa nova Música Popular Baiana. O UOL selecionou dez sons imperdíveis para você curtir.

ÀTTØØXXÁ

Caso você ainda não conheça, saiba que uma composição desse coletivo bombou no Carnaval baiano. O irresistível hit “Popa da Bunda (Elas Gostam)” foi cantado por Marcio Victor, do Psirico, mas na verdade é de autoria desse grupo, cuja experimentação acontece sempre em prol do groove. Pela sonoridade do nome deu para sacar o que te espera: grave forte, batidas eletrônicas, guitarras baianas e a vibe do pagodão baiano. Com o projeto de cada disco ser liderado por um integrante, o grupo promete novas músicas para este ano.

Luedji Luna

Luedji chegou pisando de mansinho, mas fez seu disco “Um Corpo no Mundo” se tornar um clássico contemporâneo da MPB. Nascida na Bahia há 30 anos, ela vive hoje em São Paulo, mas carrega no som e nas letras a poesia da realidade que só a vivência por lá poderia dar. O que sai das caixas é uma produção esmerada e elegante. O ritmo moçambicano, aliado ao peso do atabaque, faz de “Banho de Folhas” sua música mais envolvente. O clipe foi gravado em Salvador, no Cabula, bairro natal da cantora.

Kafé

Já imaginou se Drake e The Weeknd nascessem na Bahia? Kafé vem chamando atenção desde o ano passado com seu disco de estreia justamente por mostrar um pop delicado, atento ao que de melhor os norte-americanos têm produzido no soul e no R&B. Mas que fique claro: esse soteropolitano não perde a identidade, mesmo com letras românticas e coreografias em clipes.

Giovani Cidreira

Giovani começou a fazer shows no Rio Vermelho quanto tinha apenas 16 anos e mesmo com pouca idade já mostrava uma veia poética própria, por onde passeiam imagens absurdas, mas de pura beleza. Seu primeiro disco, “Japanese Food”, mostra o universo de um jovem que bebeu com a mesma intensidade de fontes distintas, que vão de Legião Urbana a Clube da Esquina. “Vai Chover”, é um ótimo exemplo desse amplo leque musical.

Livia Nery

Essa soteropolitana ganhou espaço na cena alternativa por usar a música como espaço de experimentação. No seu som, cruzam tanto referências urbanas como o cancioneiro popular do nordeste. Tudo isso é misturado como teclado e o uso de samples e loops, em uma criação extremamente contemporânea. Seu mais recente single, “Vulcanidades”, nada mais é que um trip-hop com gostinho baiano.

Xênia França

A baiana de Camaçari, no interior da Bahia, começou a cantar em 2007, quando rodava a noite paulistana com um repertório cheio de clássicos do samba e da MPB. Após entrar no coletivo Aláfia, focou em uma jornada de autoconhecimento musical ainda mais forte. No primeiro disco solo, ela investiga a sonoridade da diáspora negra para além das suas cercanias, dando a mesma atenção ao samba-reggae quanto para a cremosidade do R&B americano.

Baco Exu do Blues

O rapper desceu de Salvador e chegou ao Sudeste cercado de elogios, colocando de vez o rap nordestino no mapa. A força de “Esú”, seu disco de estreia, fez até quem não é familiarizado com o gênero se curvar diante da força de seus versos sobre a fragilidade humana diante do divino. “Quando o ser humano expõe essa fragilidade, você aceita, você está pronto para vencer nesses quesitos. Quanto mais você nega, mais você esconde, mais ela vai tomando conta do seu corpo”, explicou em entrevista ao UOL. As inspirações vão do escritor baiano Jorge Amado ao poeta francês Arthur Rimbaud.

Illy

Nascida na Baixa do Bonfim, em Salvador, a cantora que puxou trio na adolescência passeia por caminhos diversos no álbum de estreia, “Voo Longe”, e flutua do jazz ao samba, da salsa a libertária marchinha “Fama de Fácil”. Com timbre agradável e bonito, Illy distribui graciosidade e inventividade nos arranjos pilotados por Moreno Veloso e Kassin, principalmente nos sambas nada convencionais “Enquanto Você Não Chega” e “Devargarinho”.

JosyAra

Instrumentista e compositora, JosyAra tem despontado na cena baiana com faixas autorais. Natural de Juazeiro, ela iniciou sua carreira jovem em bares em Salvador, ainda como Josy Lélis. A reverência às suas raízes ribeirinhas está presente – além das influências declaradas em Gal Costa, Chico César, Caetano Veloso e Belchior -- mas a cabeça da artista está plugada em outras inspirações mais contemporâneas. Seu primeiro disco sai este ano pelo selo Natura Musical.

Dark MC

Saído do grupo de rap Contenção 33, o rapper tem jogado suas vivências e questionamentos em um potente trabalho solo. Seja em “Pretos no Topo” e “A Voz de um Pregador”, Dark experimenta o trap e outras sonoridades, mas não abre mão de falar de temas como o genocídio do povo negro. Apesar das belezas e inspirações, a Bahia ainda é um dos estados mais violentos do Brasil.