Velório atrasa início de espetáculo encenado no Cemitério da Consolação

Conhecida por montagens em espaços incomuns, a companhia estreou o espetáculo neste fim de semana no Cemitério da Consolação, região central de São Paulo. 

 

A reportagem do UOL acompanhou a apresentação que aconteceu domingo (18). Um velório atrasou cerca de 30 minutos o início da peça, marcado para 16h. 

Teatro em lugares estranhos não é novidade na capital paulista. E mesmo os cemitérios também já estão se tornando um conhecido local de atrações culturais da cidade. Ainda assim, não faltaram interessados em conferir a experiência. 

 

“Gostei da proposta de pensar sobre a morte num lugar onde de fato ela está presente”, observou o estudante de teatro José Mario, 34. Ele foi conferir com a amiga, a publicitária Jéssica Miranda, 25. “Vim pela curiosidade mesmo, nunca assisti uma peça em um lugar assim”, disse ela. 

 

Escrita e dirigida por Eduardo Bruno, com Georgia Dielle, Lyvia Marianne e Marie Auip no elenco, a peça propõe uma reflexão sobre a relação nem sempre consciente entre as diferentes experiências da vida e o inevitável fim da existência. 

 

O público é conduzido por um passeio pelo cemitério e diversas vezes convidado a interagir com as cenas que acontecem entre os túmulos, ou até em cima deles. 

 

“Eu nem li a sinopse, vim porque seria no cemitério”, diz a agente de modelos, Gabriela Almeida, 27.  “Temos uma atração pela morte”, afirma.

 

O grupo teatral de Fortaleza, que existe desde 2009, é conhecido por sua ousadia e radicalidade. Já se apresentou até dentro de ônibus. Mas apesar da natureza mórbida do local, a apresentação é conduzida pelos atores de maneira lúdica, poética, misturando músicas e brincadeiras. 

 

“Em Fortaleza isso deve parecer mais estranho do que aqui”, observa a atriz a dramaturga, Ana Souto, 50. Embora seja do ramo, ela admite que o afeto que nutre por cemitérios foi o que a levou à peça. “Sou turista de um tempo que não havia computador, e para quem sabe ler, lápides podem falar muito sobre um lugar”, diz Souto.

 

“É um programa diferente para um domingo”, comenta o empresário Michell Zappa, 37. “Vou muito pouco ao teatro, o que me atraiu foi esse lado inusitado da experiência, estou em pleno suspense”, acrescentou. 

 

O grupo cearense se apresenta durante todo o mês de janeiro, de sexta a domingo, às 16h no Cemitério da Consolação. Em fevereiro o espetáculo segue para os cemitérios São Paulo (Pinheiros) e Araçá (Cerqueira Cesar), ambos na zona oeste da cidade. 

 

A entrada é gratuita, mas para assistir os interessados devem solicitar ingresso pelo e-mail: temporadaemfoco@gmail.com. 

 

Nos dias 26 de janeiro, 2 e 9 de fevereiro, o grupo apresenta a peça Jardim das Espécies na Casa Amarela, casarão abandonado na rua da Consolação, que há um ano foi invadida por artistas e transformada num ateliê compartilhado. 

 

Temporada: 17 de janeiro a 15 de fevereiro de 2015

Sexta a domingo às 16h

Duração: 80 min/ Recomendação: 12 anos - Lotação: 45 pessoas 

Tel. Informações: (11) 98623.1232

Cemitério da Consolação - de 17 de janeiro a 1º de Fevereiro de 2015 

Rua da Consolação, 1660 – Consolação – São Paulo - SP

 

Cemitério São Paulo – dias 6, 7 e 8 de Fevereiro de 2015

Rua Cardeal Arcoverde, Nº 1250 – São Paulo - SP

 

Cemitério do Araçá – dias 13, 14 e 15 de Fevereiro de 2015

Avenida Doutor Arnaldo, 666 - Cerqueira César – São Paulo - SP

 

Três apresentações: 26 de Janeiro, 2 e 9 de fevereiro de 2015 às 20h

Grátis

Casa Amarela – Ateliê Compartilhado

R. da Consolação, 1075 - Centro

Lotação: 35 pessoas 

Duração: 70 min/ Recomendação: 18 anos

Tel. Informações: (11) 98623.1232