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Alfaguara vai antecipar reedições de Manoel de Barros para o início de 2015

Guilherme Soares Dias

Do UOL, em São Paulo

13/11/2014 13h54

Os livros do poeta Manoel de Barros, que morreu nesta quinta-feira (13) em Campo Grande, serão editados a partir de 2015 pela Alfaguara, da editora Objetiva.

A editora já havia fechado contrato para a republicação da obra do poeta a partir do segundo semestre de 2015, em edições avulsas. No entanto, com a morte de Manoel de Barros, o lançamento deve ser antecipado já para o início do ano.

Os primeiros relançamentos seriam clássicos, como "Livro das Ignorãças" (1993), "Livro sobre Nada" (1996) e "Poemas Rupestres" (2004). A meta da editora agora é encomendar os projetos gráficos para que os livros cheguem o quanto antes às livraria.

A filha do poeta, Martha Barros, que cuida dos direitos autorais do pai, esperou vencer o contrato de 15 anos com a Leya para fazer a troca, no fim de outubro. A mudança não foi justificada por ela, mas ocorreu quando o estado de Manoel já havia se degenerado: ele não mais escrevia ou falava, enxergava mal e era alimentado por aparelhos.

Martha há algum tempo se mobilizava para dar novo rumo à obra do poeta que escrevia sobre paisagens e sentimentos. Antes da Leya, era editado pela Record nos anos 1990. Um dos seus livros, “Memórias Inventadas”, lançado pela Editora Planeta, vendeu 450 mil exemplares, sendo distribuídos nas escolas de São Paulo.

9.nov.2004 - O poeta Manoel de Barros - Tuca Vieira/Folha Imagem - Tuca Vieira/Folha Imagem
O poeta Manoel de Barros em foto de 2004
Imagem: Tuca Vieira/Folha Imagem

Manoel de Barros também guardava no “lugar de ser inútil”, o escritório onde escrevia em sua casa em Campo Grande (MS), seus cadernos de rascunhos escritos a lápis, que nunca foram publicados. Os versos soltos compuseram livros anteriores, mas há muito material bruto ainda, que Manoel havia feito a filha prometer que só seriam publicados após sua morte. Os leitores aguardam agora seus poemas inéditos.

Marcelo Ferroni, editor da Alfaguara, diz que a empresa sabe da existência dos manuscritos inéditos, mas ainda não conhece seu conteúdo e não sabe o que pode ser transformado em livro. “Inicialmente, queríamos fotografá-los para publicar algo junto com as reedições que iremos fazer, mas temos todo o interesse neles”, diz o editor. O projeto inclui ainda a divulgação junto a estudantes, com previsão de chegar a escolas públicas e particulares de todo país já em 2015.

Atualmente, é difícil encontrar livros antigos do poeta nas livrarias de São Paulo, onde apenas a “Poesia Completa”, de 2010, costuma estar disponível. Só em sebos é possível encontrar obras mais antiga, como “Poemas Concebidos Sem Pecado" (1937), “O Guardador das Águas” (1989),  “Exercícios de Ser Criança” (2000) e o último, lançado no ano passado, “Portas de Pedro Viana”.

Com seus livros, Manoel colecionou prêmios, como dois Jabuti de Literatura (1989/2002) e o da Academia Brasileira de Letras, em 2000. São 34 obras ao todo.