Amy Winehouse inaugura série de quadrinhos dedicada a artistas que morreram aos 27 anos
Apesar de ser a mais recente integrante do "Clube dos 27" – grupo de artistas que morreram aos 27 anos e que tem representantes como Kurt Cobain, Brian Jones, Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin –, Amy Winehouse é quem inaugura uma série de quadrinhos dedicada a eles. Criada pela Drugstore, selo da editora francesa Casterman, a franquia de HQs homônima ao "clube" é lançada nesta semana no Brasil com o livro sobre a cantora britânica morta em julho de 2011.
A edição dedicada a Amy, que é lançada nacionalmente pela Conrad, tem roteiro dos jornalistas franceses especializados em música Christophe Goffette e Patrick Eudeline, com desenhos do espanhol Javi Fernandez. O próximo livro a ser lançado é dedicado a Kurt Cobain, que liderou o Nirvana até seu suicídio, em 1994, ainda sem autores e ilustradores definidos. A previsão é que o volume chegue às lojas em setembro na França e em 2014 no Brasil.
Os livros de "O Clube dos 27" contam ainda com uma presença "demoníaca". Apesar de não contar com um volume apenas para si, o bluesman Robert Johnson, conhecido pela lenda que fala de um pacto que fez com o diabo para tornar-se famoso e também morto aos 27 anos, terá referências às suas músicas nas histórias. O livro de Amy Winehouse, por exemplo, é aberto com letras de "Cross Road Blues".
Convidado a participar do projeto por Christopher Gofette, Javi Fernandez conta ao UOL que aceitou o trabalho "basicamente pela curiosidade". "Era uma personagem importante e um gênero interessante a se explorar", diz.
Era uma personagem importante e um gênero interessante a se explorar. Minha intenção era desenhá-la o mais perto possível da realidade. Usei todo o material que encontrei disponível, fotos, videoclipes, matérias em revistas, notícias. Tudo ajudou a compor o que está no livro
Javi Fernandez, desenhista de "Amy Winehouse"O maior desafio, ele conta, foi conhecer a personagem e trazê-la o mais perto possível do leitor, mostrar a sua personalidade. Segundo Fernandez, para conseguir autorização para o lançamento, o trio que assina a HQ entrou em contato com a agência que cuida dos trabalhos de Amy, mas a negociação não foi tratada diretamente com Mitch, pai da cantora e responsável por seu espólio.
Fernandez comenta ainda que não era fã da artista britânica, mas que começou a gostar de suas músicas fazendo a pesquisa para o livro, enquanto tentava "captar sua essência”. “Minha intenção era desenhar a personagem o mais perto possível da realidade. Usei todo o material que encontrei disponível, fotos, videoclipes, matérias em revistas, notícias. Tudo ajudou a compor o que está no livro". Apesar da pesquisa envolvente sobre o tema, Fernandez brinca aliviado quando perguntado se já passou da temida idade que a série aborda: "Graças a Deus, tenho 31".
HQ retrata primeira vez com Blake e composição de "Back to Black"
A pesquisa da dupla é fiel quando se diz respeito à trajetória de Amy. Entre os relatos mais importantes, estão as diversas brigas com os pais na adolescência e sua conturbada e ao mesmo tempo próxima relação com a família.
Amy liga para o pai para dizer que está pintando um quadro feito com seu sangue com Pete Doherty
Na música, momentos como quando ela descobriu que o Franz Ferdinand levou o Mercury Prize, importante premiação britânica à qual ela achava que seu primeiro álbum "Frank" tinha direito, em 2004, e o encontro com o produtor Mark Ronson para a gravação de "Back To Black", em 2006, são os mais fielmente reproduzidos.
Mas assim como na vida de Amy, algumas partes podem incomodar ou gerar uma sensação de mau gosto.
Cenas da cantora usando heroína com Pete Doherty, a primeira vez que fez sexo com o marido Blake Fielder-Civil e uma "bad trip" causada por cocaína também são cenas presentes nas páginas da HQ, criada em tons pastéis de marrom.
Apesar de relatar fatos que foram notícia, a HQ não deve ser levada a sério como biografia, já que deixa de lado importantes apresentações da cantora, premiações e até a marca de roupas que criou. No Clube dos 27, assim como na vida dos artistas, os fatos negativos podem ofuscar o trabalho da carreira.
"O Clube dos 27"
Por Christophe Goffette, Patrick Eudeline e Jave Fernandez
Tradução: Diego de Kerchove
Editora Conrad
48 páginas
R$ 39,90
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