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Com samba "afiado", russa é coroada rainha da Unidos do Peruche

9.dez.2012 - A russa Lola Melnick, rainha da bateria da Unidos do Peruche, samba durante evento na quadra da agremiação na zona norte de São Paulo - Junior Lago/UOL
9.dez.2012 - A russa Lola Melnick, rainha da bateria da Unidos do Peruche, samba durante evento na quadra da agremiação na zona norte de São Paulo Imagem: Junior Lago/UOL

Thais Carvalho

Do UOL, em São Paulo

10/12/2012 03h07

Para quem pensa que samba no pé é exclusividade da mulher brasileira, o Carnaval 2013 de São Paulo poderá acabar com essa imagem. Isso porque o Sambódromo do Anhembi verá à frente da bateria de uma das suas mais tradicionais escolas, a Unidos do Peruche, uma europeia. Natural de Odessa, na Ucrânia, mas com etnia russa, Lola Melnick (30), bailarina e apresentadora, que hoje faz parte do júri do programa “Cante se Puder” do SBT,  foi apresentada neste domingo (9) como rainha na quadra da agremiação, que fica na Zona Norte de São Paulo.

Em 2011, Lola desfilou pela X-9 Paulistana, mas em cima de um carro. Durante sua coroação, ela mostrou que tem gingado e, em entrevista ao UOL, prometeu dar o sangue pela escola, que estará pelo segundo ano consecutivo no Grupo de Acesso.

“Sou uma nega revelada. Na X-9 foi diferente, entrei em um carro. Agora vou no chão, e pela primeira vez vou sentir aquele Carnaval, de sair com os pés ensanguentados. Vou sentir aquela força, que vem quando você já acha que não aguenta mais”, afirmou ela, que recebeu o convite por meio da amiga, companheira de programa e madrinha da escola, Dani França.

Com pouco mais de uma hora e meia de atraso – o evento estava marcado para às 20h30 – Lola adentrou a quadra da Peruche com uma fantasia preta e dourada, acompanhada de Dani e da rainha da Dragões da Real, a dançarina Simone Sampaio, que apresentou a bailarina à comunidade e elogiou a escolha da escola.

“Conheço a Lola de antes do ‘Cante’ e tenho certeza que a Peruche vai ser muito feliz de tê-la como rainha. Essa mulher é russa, mas tem um gingado incrível e samba muito. Espero que essa seja uma parceria feliz para todos, e principalmente, para o Carnaval de São Paulo”, declarou ela, que foi a décima eliminada da quinta edição do reality “A Fazenda”, da Record.

Depois das palavras de Simone, Lola recebeu a faixa de rainha, flores e uma coroa simbólica com plumas verdes. A partir daí, o microfone passou para ela, que fez questão de subir em uma cadeira de plástico para fazer seu discurso.

“Caramba, estou falando”, disse ela, como pedido de silêncio à comunidade que fazia barulho enquanto tentava começar.  “A Peruche, para mim, é uma família, e eu tenho o prazer de fazer parte dessa família linda com tanta tradição e harmonia. Me sinto honrada em poder carregar essa bandeira e dizer que faço parte disso tudo”, agradeceu. “Não importa o que aconteça, todos aqui já são campeões”. Ovacionada, ela finalizou em um português claro: “Estamos juntos nessa, minha gente”.

Em seguida, a bateria da agremiação, conhecida como “Rolo Compressor”, entrou em cena e a russa mostrou que está com o samba “afiado” para atravessar a avenida no próximo ano. Muito aplaudida e perseguida por várias crianças, ela foi bastante atenciosa com as fãs-mirins, que tentavam imitá-la. Apaixonada pela cultura brasileira, Lola, que há dois anos mora em São Paulo, contou que sair como rainha será a realização de um sonho.

“Amo esse país, amo essa cultura e amo o Carnaval. Não estou aqui para me promover, estou porque gosto de estar, e é um sonho que tenho desde criança quando, lá na minha cidade, já assistia aos desfiles pela televisão”, declarou ela, que não acha que a nudez seja o principal “tempero” para o espetáculo na avenida.

“Eu topo tudo, mas não acho que preciso sair totalmente nua para fazer uma bela apresentação. Posso dar um show e contagiar de alegria sem estar nua”, disse ela, que já recebeu convites para posar para revistas masculinas, mas ainda não aceitou nenhum.

O enredo da Peruche em 2013 será "O povo da floresta está em festa. A tribo da Peruche vai passar", que vai homenagear o índio brasileiro. Em 2012, a escola alcançou apenas a sexta posição do Grupo de Acesso.