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Influenciado por "experiência espiritual", artista reproduz casas de filmes de terror em recortes

O artista gráfico inglês Marc Hagan-Guirey durante a criação da série "Horrorgami" - Reprodução
O artista gráfico inglês Marc Hagan-Guirey durante a criação da série "Horrorgami" Imagem: Reprodução

Estefani Medeiros

Do UOL, em São Paulo

30/10/2012 05h00

Com uma prateleira de filmes de terror tão variada que "não dá pra contar", o designer inglês Marc Hagan-Guirey criou uma série chamada "Horrorgami", exposta a partir do dia 1º de novembro em Londres, em que reproduz casas de filmes de terror famosas em recortes de papel precisos. Em entrevista ao UOL nesta segunda (29), Hagan explicou o processo de criação dos recortes. 

"Comecei a trabalhar com Kirigami – técnica de recorte japonesa – em outubro de 2011. Um ano antes, em 2010, estava visitando um amigo em Los Angeles, que se meteu em um monte de problemas para me ajudar a conhecer a Frank Lloyd Wright's Ennis House. Essa casa foi usada em 'Blade Runner' e 'House on Haunted Hill', com Vincent Price", explica. "Foi o mais perto que tive de uma experiência espiritual".

Geralmente, eu faço alguns protótipos e leva até uma semana para que todos os ajustes sejam feitos. A casa do 'Bebê de Rosemary' tem quase 400 buracos para as janelas.

Marc Hagan-Guirey

Foi nessa época que Guirey começou a recortar as casas usando a técnica do Kirigami e a primeira escolhida foi a mansão da Família Addams, especialmente a do filme lançado em 1993. Mas esse não foi o primeiro longa que o artista viu, seu primeiro filme do gênero foi "Something Evil", de Steven Spielberg.

O artista diz que o que mais gosta nos filmes de terror é a forma como quebram os paradigmas de uma sociedade extremamente religiosa. "A maioria das religiões quer manter você sob controle, instigando o medo, dizendo que você vai para o inferno caso você faça algo errado. E isso teve o efeito contrário em mim. Eu gosto da ideias de demônios e maldade, e me tornei um pouco obcecado por isso."

Para criar cada casa de papel, Guirey não usa cola, só recortes e dobraduras. "Geralmente, eu faço alguns protótipos e leva até uma semana para que todos os ajustes sejam feitos. A casa do 'Bebê de Rosemary' tem quase 400 buracos para as janelas. Depois que cortei todas, descobri que tinha um erro no design. Então, tive que refazê-la", explica.

Na exposição, Guirey mostra 13 de suas casas assombradas. "É porque é um número sem sorte", explica. Mas ao todo, 20 casas foram produzidas, incluindo filmes como "Os Caça-Fantasmas", "Psicose" e "Bettle Juice". Para ele, o que torna uma casa assustadora é "o vazio e o medo da vulnerabilidade".

Acompanhado por cinema até mesmo na hora de criar – Guirey gosta de ouvir as trilhas-sonoras de "Cavaleiro das Trevas" e "Inception" enquanto produz seus trabalhos –, o artista diz que seu fascínio pelo terror não passa das telas. "Por mais que ame o assunto, não acredito em fantasmas ou maldições", confessa.