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"Humor não precisa disso", diz Renato Aragão sobre comediante chamar negro de "macaco"

Mauricio Stycer

Do UOL, em São Paulo

22/03/2012 06h01

Homenageado da terceira edição do Risadaria, Renato Aragão inaugurou oficialmente o evento, na noite quarta-feira (22), na Bienal, em São Paulo, fazendo o que sabe como poucos: provocar o riso. Convidado a cortar uma fita, colocada especialmente para o gesto simbólico, o genial trapalhão aproveitou para também picotar a gravata do músico Falcão.

Cercado por fotógrafos, empurrado por seguranças e espremido entre os organizadores do evento e uns poucos repórteres, Renato disse algumas rápidas, mas boas palavras, para o repórter do UOL.

Chamar um negro de macaco é uma forma de humor? “Acho que o humor não precisa disso”, respondeu. Medindo bem as palavras, disse ver um período de “transição”, como outros que já ocorreram. “Desde que me entendo na vida, o humor passa umas nuances. Vem a turma nova, vem outra turma. Mas é um caso isolado. Não tem nada a ver”, disse.

A observação diz respeito a um show de humor ocorrido em São Paulo, chamado "Proibidão", no qual um músico negro se sentiu ofendido por uma piada de conteúdo racista e pediu a ajuda da polícia.

E as piadas dos Trapalhões? As provocações com o negro Mussum? “Naquela época não tinha essa conotação”, disse. “Era brincadeira entre eu e o Mussum. Era coisa infantil.”

E foi ao ponto: “Ninguém tentou agredir ninguém. Nem se tocava que poderia agredir alguém. Era uma brincadeira de circo.”

Uma repórter de televisão, ex-BBB, perguntou: Qual é o segredo para estar há quatro décadas no humor? E Renato: “Olha, quatro décadas... São cinco, né? Cinco... O segredo são vocês, esse carinho. Vocês me assistem, então tenho que me superar para cada vez mais correr atrás da idade.”

A Risadaria abre para o público nesta quinta-feira. Funciona das 10 às 22h, no prédio da Bienal.

100 Comentários

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Luís Franciso

em tempo: os personagens do Chico não eram politicamente corretos. Nazareno era machista e sempre ameaçava bater na mulher; Tavares era alcoólatra e mantinha um casamento por interesse; Azambuja era malandro/marginal, o famoso 171. O que ocorre hoje em dia é que na maioria das vezes os comentários são desrespeitosos, possuem um rancor desmotivado e resultam em agressões desnecessárias e sem graça(não por ser incorreto, mas por simplesmente não ter graça). Um exemplo é o caso do Rafael Bastos com a Wanessa Camargo... por que ele fez aquela brincadeira com a moça? Não gosto da Wanessa Camargo, mas mesmo assim desrespeitar ela e a criança dela só para fazer uma "piada" é bem nada a ver. Isso é o tipo da coisa que nenhum dos Trapalhões, nem Chico Anysio, nem qualquer outro humorista/comediante com bom senso faria. Já vi os vídeos de stand-up do Rafael Bastos e não vejo graça em nenhum... é só comentário infame disfarçado de "piada".

Luís Franciso

nos trapalhões não era questão de Renato "patrão", Mussum "empregado"... o Mussum sabia lidar com as brincadeiras e nunca o Renato fazia para ofende-lo. Ele chamava sim o Mussum de "grande pássaro", "suiço", etc. Mas o Mussum rebatia chamando-o de "cabeça chata", "ceará", "paraíba", etc... tudo na brincadeira. Há um episódio do Chico Total(salvo engano) em que o nome do personagem do Milton Gonçalves(ator negro) é "Branca de Neve"(e ele não interpreta a Branca de Neve, interpreta um caçador, salvo engano)... o Milton não ficou com raivinha do Chico depois disso... tanto que a amizade continuou e o Milton fez diversas aparições nos programas do Chico, inclusive no ultimo. Agora o Milton não aparece mais no Faustão por esse ter sido desrespeitoso com ele. O Faustão não tocou no assunto "raça", mas veladamente desrespeitou o ator Milton Gonçalves e esse corretamente não aparece mais no programa do mal-educado e infame Fausto Silva.

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