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Fernanda Montenegro homenageia Bárbara Heliodora no Prêmio Shell de Teatro no Rio

Rodrigo Monteiro

Do UOL, no Rio

13/03/2012 22h55Atualizada em 14/03/2012 08h10

Aos gritos de "Mazeltov", o ator José Mayer saudou o colega músico Marcelo Castro, vencedor do troféu de melhor música pelo espetáculo "O Violinista no Telhado". Indicado ao troféu de melhor ator pelo mesmo trabalho, Mayer, que era o favorito, perdeu a honraria para Charles Fricks, da peça "O Filho Eterno". Castro, que reduziu a orquestra original de 28 músicos para 14, mantendo no Brasil a qualidade do musical famoso mundialmente, afirmou: "As pessoas acham que produzir um espetáculo internacional no Brasil é simplesmente executar as partituras que chegam da Broadway. Nas produções de Cláudio Botelho e de Charles Moeller, a gente tem os direitos de direção musical também."

Outra produção de Castro é "Judy Garland - o fim do arco-iris", que teve indicações de melhor ator, para Gracindo Júnior, e de melhor atriz, para Cláudia Netto, que também não levou a Concha Dourada. Dani Barros, a protagonista de "Estamira - a beira do mundo", foi escolhida pelo júri e emocionou o público presente no Espaço Vitória do Jockey Club, oferendo o troféu para a sua mãe e dedicando o prêmio para Estamira Gomes de Souza, catadora de lixo do Jardim Gramacho, falecida no ano passado. Marcos Prado, diretor do premiado documentário que deu origem ao monólogo, estava emocionado. Ao seu lado, Beatriz Sayad, diretora do espetáculo, disse: "O prêmio é um reconhecimento à trajetória de Dani Barros."

Christiane Jatahy recebeu o troféu de melhor direção pelo espetáculo "Julia", uma adaptação do texto de Strindberg que une a linguagem do teatro a do cinema. "Estou muito feliz. Teatro é a minha vida. Minhas peças têm um público específico, mas esse público não é menor. Ao contrário, é cada vez maior!" - comemora. "Julia" também recebeu indicação para melhor cenário (Marcelo Lipiani), mas quem foi para a casa com esse prêmio foi a produção "Um Coração: Fraco" (Fernando Mello da Costa).

"Crônica de uma Casa Assassinada" ganhou quatro indicações: melhor cenário, melhor direção, melhor iluminação, sendo a vencedor do prêmio de melhor figurino (Gabriel Villela). Outro espetáculo com quatro indicações, "Palácio do Fim", dirigido por José Wilker, não venceu nas categorias de direção, de atriz (Vera Holtz) e de figurino, mas foi a escolhido pelos jurados para o troféu de melhor iluminação (Maneco Quinderé).

A noite que rendeu homenagens a Sérgio Britto e Bernardo Jablonski conferiu destaque especial para a crítica teatral Bárbara Heliodora pelos seus 54 anos de trabalho. Ela recebeu o prêmio pelas mãos da atriz Fernanda Montenegro, que fez um discurso incluindo a temida crítica como parte da classe artística teatral brasileira: "Bárbara, você ama o teatro passionalmente. Diante dele, você nunca foi uma moça comportada. Já tive espetáculos desancados por você e hoje eu posso dizer que você estava certa!" Aos 88 anos e ainda em plena atividade, a maior autoridade brasileira em William Shakespeare declara estar feliz com o teatro nacional. "Finalmente o teatro brasileiro atinge o seu objetivo que é o de refletir sobre o mundo no qual ele é escrito."

Ponto alto da noite, a entrega do Prêmio Especial aconteceu com empate. O Teatro Tablado, pelos seus 60 anos de atividade, e Marcia Rubin, pela direção de movimento dos espetáculos "Escola do Escândalo", "O Filho Eterno", "A Lua vem da Ásia" e "Outside: um musical noir", receberam a Concha Dourada, marcando o fim do 24º Prêmio Shell de Teatro Carioca.

No total, 24 espetáculos foram nominados. Veja a lista completa dos indicados e dos premiados:

Ator
Charles Fricks, por "O Filho Eterno"
Gilberto Gawronski, por "Ato de Comunhão"
Gracindo Junior, por "Judy Garland - o fim do arco íris"
Rafael Primot, por "Inverno da Luz Vermelha"
José Mayer, por "O Violinista no Telhado".

Atriz
Dani Barros, por "Estamira - Beira do Mundo"
Claudia Netto, por "Judy Garland - o fim do arco-íris"
Vera Holtz, por "Palácio do Fim"
Débora Olivieri, por "Rosa"
Letícia Isnard, por "A estupidez"

Direção
Christiane Jatahy, por "Julia"
Inez Viana, por "Amor Confesso"
José Wilker, por "Palácio do Fim"
Daniel Herz, por "Adultério"
Gabriel Villela, por "Crônica da Casa Assassinada".

Autor
Felipe Rocha, por "Ninguém falou que seria fácil"
Eduardo Bakr, por "4 Faces do Amor"
Rodrigo Nogueira, por "Obituário Ideal"
Pedro Brício, por "Me Salve, Musical".

Música
Marcelo Castro, por "Um Violinista no Telhado"
Liliane Secco, por "4 faces do amor"
Warley Goulart, por "Não me diga Adeus"
André Aquino e João Bittencourt, por "R & J de Shakespeare, juventude interrompida"

Iluminação
Maneco Quinderé, por "Palácio do Fim"
Fernanda Mantovani, por "Breve Encontro"
Aurélio de Simoni, por "O Filho Eterno"
Domingos Quintiliano, por "Crônica da Casa Assassinada"

Figurino
Gabriel Villela, por "Crônica da Casa Assassinada"
Beth Filipecki e Renaldo Machado, por "Palácio do Fim"
Marcelo Pies, por "Judy Garland - o fim do arco íris"
Flávio Graff, por "Outside: um musical noir"

Cenário
Fernando Mello da Costa, por "Um coração: Fraco"
Daniela Thomas, por "Inverno da Luz Vermelha"
Marcelo Lipiani, por "Julia"
Marcelo Lipiani e Lídia Kosoviski, por "Cozinha e Dependências - um dia como os outros"
Márcio Vinícius, por "Crônica da Casa Assassinada"

Categoria Especial
Teatro Tablado, pelos 60 anos de atividade; e Marcia Rubin, pela direção de movimento dos espetáculos "Escola do Escândalo", "O Filho Eterno", "A Lua vem da Ásia" e "Outside: um musical noir"
Christiane Jatahy, pela adaptação do clássico "Senhorita Julia", de Strindberg, para o espetáculo "Julia"
Teatro do Pequeno Gesto pela publicação da revista Folhetim dedicada a Nelson Rodrigues e sua manutenção ao longo de 13 anos