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Novo livro de Sebastião Salgado, "Gênesis", faz tributo à Terra virgem

O fotógrafo Sebastião Salgado registra a pata de uma iguana nas ilhas Galápagos para o livro "Gênesis" - Sebastião Salgado
O fotógrafo Sebastião Salgado registra a pata de uma iguana nas ilhas Galápagos para o livro "Gênesis" Imagem: Sebastião Salgado

Almudena González

08/04/2013 06h17

Após oito anos e mais de 30 viagens buscando a natureza em estado original, nasceu "Gênesis", o último grande projeto do fotógrafo Sebastião Salgado, um livro de mais de 500 páginas de aterradoras imagens com toda as tonalidades possíveis do preto e branco.

Depois de realizar trabalhos mundialmente conhecidos como "Trabalhadores" e "Êxodos", o livro "Gênesis" é a homenagem de Salgado a uma porção do planeta Terra que permanece virgem, driblando de forma quase milagrosa o desenvolvimento e a incursão da sociedade moderna.

O projeto, realizado entre 2004 e 2012, teve prévia em uma exposição ao ar livre em Oviedo, na Espanha, em 2006. Os capítulos são divididos em "Extremo Sul do Planeta", "Extremo Norte do Planeta", "África", "Amazônia/Pantanal" e "Santuários do Planeta". O livro será lançado mundialmente neste mês.

Além disso, foi lançada uma edição limitada, concebida como um portfólio de grande formato e em dois volumes, que estará disponível somente em inglês, informou a editora.

Nascido em 8 de fevereiro de 1944 na cidade de Aimorés (MG), Salgado é um mestre do enquadramento e da luz. Neste projeto são reveladas em todas as tonalidades o preto e branco, já que nunca usa outras cores em seus trabalhos.

O fotógrafo brasileiro, que em 1994 fundou em Paris sua agência As Imagens da Amazônia, embarcou em uma dura expedição que o levou a viajar às vezes de canoa, balão, navio, aviões bimotores e até a fazer longas caminhadas, em algumas ocasiões com calor ou frio extremo.

Imagens de baleias, pinguins, leões marinhos, jacarés, jaguares, leões e elefantes africanos são mescladas com instantâneas dos vulcões da África Central, os desfiladeiros do Grande Cânion e icebergs de formas improváveis, como o que ilustra a capa da publicação.

Os cenários impressionantes que Salgado retrata ganham ainda mais força com o contraste que as lentes do mineiro buscam entre céu e terra, neve e mar. As luzes, as sombras e os movimentos desfocados são os instrumentos que o fotógrafo utiliza para emoldurar cada uma das imagens que compõem o trabalho.

Mas "Gênesis" não é só um catálogo de paisagens naturais. Inclui um surpreendente retrato de seres humanos que vivem em equilíbrio natural com seu ecossistema, como a tribo dos Zo'e, isolada na Floresta Amazônica, os criadores de gado nômades Dinka no Sudão e a etnia Korowai de Papua Nova Guiné.

Trata-se de fotografias que se sobressaem pela beleza natural e que foram captadas por Salgado em momentos de plenitude. Porque o artista descreve o livro de uma forma tão simples quanto rotunda: "minha carta de amor à Terra".

Seu objetivo com o projeto era captar a beleza do planeta e dar uma pequena colaboração para "reverter o dano causado e conservá-lo para o futuro".

Entre todas as imagens, uma se destaca. Publicada na página 121 do livro e captada durante os 90 dias que passou nas ilhas Galápagos, onde iniciou a aventura: o registro da pata de uma iguana (foto), que mostra uma inquietante semelhança com a mão humana.

"Gênesis" é o resultado de uma trajetória frutífera e também seu modo de conscientizar a sociedade sobre a importância de conservar o planeta.

O projeto será complementado ainda com um filme de Win Wenders em parceria com o fotógrafo, além de uma exposição que percorrerá a partir do dia 11 cidades como Londres (Inglaterra), Rio de Janeiro (Brasil), Roma (Itália), Toronto (Canadá), Paris (França) e Lausanne (Suíça).

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