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Casa Daros inaugura sede no Rio com exposição de arte colombiana

Detalhe da obra "Marmore Americano", feita com ossos de boi pela artista colombiana María Fernanda Cardoso, parte da exposição da Casa Daros, que inaugura uma sucursal no Rio de Janeiro. A mostra é formada por 75 obras de dez artistas colombianos atuais. - EFE/Marcelo Sayão
Detalhe da obra "Marmore Americano", feita com ossos de boi pela artista colombiana María Fernanda Cardoso, parte da exposição da Casa Daros, que inaugura uma sucursal no Rio de Janeiro. A mostra é formada por 75 obras de dez artistas colombianos atuais. Imagem: EFE/Marcelo Sayão

José Manuel Blanco

Rio de Janeiro

22/03/2013 17h32

A Casa Daros, entidade suíça que possui uma das maiores coleções de arte contemporânea da América Latina, inaugura neste sábado (23) sua sede no Rio de Janeiro com uma exposição que reúne 75 obras de dez artistas colombianos da atualidade.

Intitulada "Cantos Contos Colombianos", a mostra, que ficará em cartaz na Casa Davos até o dia 5 de setembro, se destaca pela grande diversidade de temas, desde o conflito armado e o tráfico até os problemas do campo, e técnicas, tendo em vista que o visitante poderá ver esculturas, fotografias e, inclusive, escutar obras sonoras.

"Cantos Contos Colombianos", que foi apresentada em Zurique há oito anos, inclui um caixão feito com peças de Lego nas cores amarelo, azul e vermelho - as mesmas da bandeira colombiana - com uma linha branca no meio, a qual o visitante pode interpretar como uma carreira de cocaína ou a separação entre a vida e a morte.

Esta obra, criada por Fernando Arias, procura homenagear às crianças vítimas da guerra do tráfico de drogas.

A mostra também destaca esculturas e vasos de Nadín Ospina, que reproduzem a arte pré-colombina de culturas como as de Santo Agostinho e Tierradentro, mas com formas de personagens de desenho animado, como Pateta, Mickey Mouse e Bart Simpson.

Miguel Ángel Rojas, outro artista presente na exposição, revisou obras da arte universal, como "David", de Michelangelo, que sob sua perspectiva se transforma em um soldado colombiano mutilado, assim como os quadros "pop" de Roy Lichtenstein com base em folha de coca cortadas em pontos.

Os artistas que formam a exposição são, além dos citados, Doris Salcedo, Fernando Arias, María Fernanda Cardoso, José Alejandro Restrepo, Óscar Muñoz, Oswaldo Macià, Rosemberg Sandoval e Juan Manuel Echavarría.

Este último, que apresenta três vídeos e uma série de fotografias cuja temática é a violência na Colômbia, revelou hoje à Agência Efe que prefere que o visitante busque seu próprio significado para cada obra.

"A verdade é que é o próprio espectador, em sua condição de observador, que deve interpretar como o artista articulou sua obra. Explicá-las é muito difícil. O observador é quem, se a obra for potente e verdadeira, se conectará com ela. Esperemos que assim seja", manifestou.

O diretor artístico da Daros América Latina, Hans-Michael Herzog, explicou que esta mostra foi escolhida para inaugurar a sede do Rio porque a Colômbia "é um país com uma produção artística muito interessante, prolífica e, principalmente, desconhecida pelos brasileiros".

"Essa é uma das metas que queremos atingir, que os diferentes mundos artísticos da América Latina se encontrem aqui", revelou o diretor, que ressaltou que a instituição organizará anualmente pelo menos duas grandes exposições de sua coleção, com quase 1,2 mil trabalhos de 117 artistas nascidos ou que vivem na América Latina.

A Casa Daros do Rio, instalada em um edifício neoclássico do século 19 que foi restaurado durante mais de seis anos, conta com uma biblioteca de arte contemporânea latino-americana composta por mais de 5 mil obras de consulta, entre livros de arte, periódicos e material educativo.

Além deste rico acervo, a sede da Daros no Rio inclui um auditório para cem pessoas, um restaurante, uma cafeteria e uma loja.