Imigrantes ilegais viram super-heróis em ensaio de fotógrafa nos EUA
Uma série fotográfica da artista mexicana Dulce Pinzón retrata imigrantes latino-americanos que vivem ilegalmente nos EUA - principalmente mexicanos - como super-heróis clássicos dos quadrinhos.
Apesar de o trabalho ter um tom de sátira, a artista diz que seu objetivo é fazer uma homenagem aos "heróis silenciosos" que ajudam a sustentar a economia americana.
As fotos foram feitas ao longo de cinco anos e reunidas em um livro. Cada imagem é acompanhada de um valor: a quantidade de dinheiro que os imigrantes enviam para suas famílias.
"Essa gente trabalha muitas horas, com salários baixos. Da renda que eles conseguem juntar dependem famílias inteiras no México. Mesmo que a importância das remessas não seja sempre reconhecida, elas beneficiam direta ou indiretamente a todos nós", explicou a fotógrafa mexicana à BBC.
O ponto de partida do trabalho é a revalorização do conceito de heroísmo, um fenômeno que, segundo Pinzón, teria ganhado força nos EUA depois do atentado contra as Torres Gêmeas.
"A ideia do herói ficou associada a policiais, bombeiros e enfermeiras, mas ninguém parou para prestar atenção nos imigrantes, especialmente os latino-americanos", diz.
Pinzón estudou as características e história de cada super-herói para encontrar os que melhor poderiam ser identificados com as ocupações dos imigrantes.
Segundo a autora, esses trabalhadores mostram seus "superpoderes" no dia a dia: não só força e resistência, mas também a "capacidade de sobreviver a situações extremas e sacrificar a vida para ajudar a seus familiares".
Os latino-americanos fotografados concordaram em se vestir de super-heróis para reforçar o tom de sátira.
"A intenção era romper com a tradição documental mexicana, com aquela típica foto em preto e branco dos trabalhos sobre imigração, em que os entrevistados têm o olhar perdido", afirma Pinzón.
O discurso político por trás do projeto destaca a dupla dependência entre os EUA e o México: enquanto a economia americana precisa da mão-de-obra dos imigrantes, o vizinho do sul precisa das remessas desses trabalhadores emigrados.
Em homenagem a seus modelos, Pinzón finaliza seu livro com um autorretrato, feito em uma oficina de costura na qual trabalham dezenas de imigrantes.
"Muitos dos retratados chegaram a ver as suas fotos, outros tiveram de se mudar por estarem com os papéis irregulares", explica a fotógrafa.
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