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02/07/2009 - 21h16

Estrelas da Flip, Richard Dawkins e Gay Talese se encontram no almoço do príncipe

DANIEL BENEVIDES
Colaboração para o UOL, de Paraty
O almoço tradicionalmente oferecido pelo príncipe Dom João de Orleans e Bragança, evento tradicional da Flip oferecido na tarde desta quinta-feira, dia 2, foi regado a sorrisos e caipirinhas. Prato principal: conversas literárias (ou nem tanto) e frango com quiabo. Alguns escritores aproveitaram para se conhecerem. Foi o caso de Richard Dawkins e Gay Talese, que trocaram impressões animadamente, como velhos colegas de escola e depois se sentaram, na mesma mesa.
  • Daniel Benevides/UOL

    O escritor norte-americano Gay Talese (e) e o cientista britânico Richard Dawkins (d) brincam para ver quem ri primeiro durante almoço oferecido pelo príncipe Dom João de Orleans e Bragança em Paraty



Atiq Rahimi, escritor afegão, autor de "Terra e Cinzas", estava encostado num canto com um sorriso discreto. Fã de Villa-Lobos, declarou não ter dormido a noite inteira por conta da barulheira na porta do hotel na hora do show de Adriana Calcanhoto, na abertura da Flip na noite de quarta-feira, dia primeiro. Irônico, disse que os escritores são pessoas estranhas, e que nem sempre correspondem ao que se espera deles.

Edna O'Brien, por sua vez, depois de papear com o príncipe, sentou-se sozinha à mesa esperando os outros comensais. Disse que gostaria de falar de literatura, mas que todo mundo queria falar de outros assuntos. Sua conterrânea Anne Enright, autora de "O Encontro", parecia concordar, com um olhar divertido de aprovação.

Bernardo Carvalho, o mexicano Mario Bellatin e o crítico musical Alex Ross (que hoje se tornou fã fervoroso dos Mutantes) também circulavam entre as mesas do nobre casarão. No começo da tarde começou a chover, tornando mais difícil e escorregadio o belo caminho das pedras de Paraty na volta do almoço.

Um cético no pantanal
  • Danilo Verpa / Folha Imagem

    Em Paraty, o biólogo britânico Richard Dawkins durante debate. Dawkins é autor dos livros "O Gene Egoísta", "O Fenótipo Estendido" e "Deus, um Delírio", nome da mesa que participa

A coletiva de imprensa com Richard Dawkins ocorreu como se esperava. Sala lotada, flashes por todo lado, as mesmas perguntas, as mesmas respostas, girando em torno da polêmica entre fé e ciência. Alguém sugere que o grande e cético cientista é um fundamentalista da racionalidade. Dawkins não deixa por menos e ironiza a crença na água que vira vinho, dizendo não acreditar que alguns cientistas possam crer em tal coisa. Para ele, a mágica está na ciência, no progresso tecnológico. Mas num lance de bom humor concedeu: "se eu não tivesse estudado a teoria darwiniana e visse o pantanal com toda aquela natureza exuberante, talvez acreditasse em Deus".

Novo velho jornalismo
"Quem tá no comando? Sou eu?" Assim começou a coletiva de Gay Talese, 77 anos. Elegantemente extravagante, com seu costume bege, camisa verde com colarinho branco e gravata amarela, mão no bolso com a aba do paletó virada para trás, à Bogart, esbanjou energia, contando com gestos expressivos histórias de sua carreira. Pena que a maioria delas está em seu mais recente livro, "Vida de Escritor", irritando os presentes que já o haviam lido. Mesmo assim, todos ouvem o simpático pai do novo jornalismo como crianças sendo ninadas. Num dado momento apontou para Luiz Schwarcz, dono da editora Companhia das Letras, e perguntou se estava indo bem. "É meu chefe!" disse, despertando risadas na plateia. Perguntado sobre a velocidade da informação, declarou: "Eu escrevo para a história. É um pouco arrogante, mas é o que eu penso."

  • Danilo Verpa / Folha Imagem

    Ma Jian lê texto durante mesa "China no Divã". O escritor, nascido na cidade chinesa de Qingdao, é autor de "Pequim em Coma", livro de 2008

Perdido na multidão
O chinês Ma Jian, do corajoso livro "Pequim em Coma", passou o primeiro dia da Flip sem conseguir se comunicar com ninguém a não ser por gestos enfáticos e nem sempre eficientes. Isso porque seu intérprete havia perdido o voo.

Lobo das letras
A melhor coletiva foi a de António Lobo Antunes. Lírico, sarcástico, engraçado, profundo. E um verdadeiro aficionado por literatura. "Considero que cada livro que leio foi escrito para mim. Na minha casa eles me olham da estante com olhos faiscantes." Sobre romances: "Não me interessa nada contar histórias. Um livro não pode ter um significado exclusivo, tem de ter um poder simbólico. Me interessa o por dentro das pessoas, quem de fato somos." Para ele, um dos grandes "livros" da humanidade é o quadro "As Meninas", de Velásquez.

E continua: "Escrever é muito difícil. Fico boquiaberto com a quantidade de livros publicados. Se você é mesmo escritor tem de fazer outra coisa, criar outra linguagem." Leitor dos livros na casa de seu avô brasileiro, gosta de Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima, Cabral e Drummond. Destesta a fama. Acha que "se os livros fossem publicados anonimamente, teríamos menos problemas". "Não há nada pior do que pessoas que querem se passar por inteligentes."

Outras frases Lobo Antunes:

"Chega uma altura na vida que você tem de jogar com as cartas para cima, não esconder nada, não tentar seduzir o leitor."

"A idade adulta não é mais do que a infância fermentada."

"Não existem doenças, a natureza é que é maleducada".

"Toda arte tende para a música e música para o silêncio."
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