Uma nova era

"Vingadores: Ultimato" conclui saga da Marvel e deixa os caminhos abertos para uma outra geração de heróis

Beatriz Amendola e Roberto Sadovski Do UOL, em São Paulo Divulgação

Foram 11 anos, 21 filmes e um número inédito de super-heróis reduzidos a pó. Com "Vingadores: Ultimato", que estreia hoje, a Marvel põe fim à saga mais ambiciosa já vista nos cinemas com uma produção que não é, nem de longe, só um filme.

O fim da jornada de Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downy Jr.), Thor (Chris Hemsworth) e companhia contra o vilão Thanos (Josh Brolin) vem como o auge de um experimento extremamente bem-sucedido que transportou dos quadrinhos para o cinema um estilo narrativo muito particular, e que agora experimenta uma nova expansão.

Com as séries já anunciadas para a plataforma de streaming da Disney ainda em 2019, além da família aumentada com a chegada dos personagens que voltam ao lar com a aquisição da Fox pelo estúdio do Mickey, a Marvel deixa seu recado claro: a gente ainda não viu nada!

Pode continuar lendo sem medo, aqui não tem nenhum spoiler.

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O que vem por aí

"Vingadores: Ultimato" cumpre duas funções no Universo Cinematográfico Marvel (MCU). A primeira é olhar para o passado, expandindo o legado de duas dezenas de filmes e encerrando um ciclo. A segunda é limpar o caminho para iniciar uma nova saga, não só trazendo de volta personagens já estabelecidos, como também apresentando uma nova geração de heróis para o cinema.

A natureza dos gibis de super-heróis é essa há mais de cinco décadas: vários títulos distintos, acompanhando as aventuras de cada personagem, que ocasionalmente convergem para um épico espetacular. E depois uma nova história.

Exatamente por isso que encarar o fim dessa jornada como o início de uma nova é padrão quando o assunto são super-heróis dos quadrinhos. Não é como "O Senhor dos Anéis", que tinha começo, meio e fim. Não é como "Star Wars", que vai encerrar sua saga principal em dezembro com "A Ascensão Skywalker". A Marvel, até segunda ordem, é um caldeirão infinito de ideias.

Os planos para o pós-"Ultimato" ainda são nebulosos. O longa não trouxe nenhuma cena pós-crédito que acenasse para o futuro, como ditava a tradição estabelecida pela Marvel, e só há um filme oficialmente no calendário da editora: "Homem-Aranha: Longe de Casa", que estreia em 4 de julho.

No entanto, ainda que vá demorar para descobrir qual será a próxima saga da editora nos cinemas, já podemos dar como certo o retorno de alguns velhos conhecidos.

Eles vão voltar

Homem-Aranha

Em "Longe de Casa", Peter Parker (Tom Holland) vai curtir uma viagem para a Europa, onde terá de lidar com o vilão Mysterio (Jake Gyllenhaal). Kevin Feige, o chefe da Marvel nos cinemas, já disse que o filme funcionará como um "epílogo", concluindo a fase 3 do MCU.

Viúva Negra

Uma das mais queridas do MCU, a personagem interpretada por Scarlett Johansson finalmente ganhará uma aventura solo em 2020. O longa será comandado pela diretora australiana Cate Shortland e deve se passar em um tempo pré-Vingadores, quando Natasha ainda era uma espiã.

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Capitã Marvel

O filme que apresentou a super-heroína arrecadou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais e, apesar de a sequência não ter sido oficialmente anunciada, a volta de Carol Danvers é inevitável: o próprio Feige anunciou que ela será a líder dos heróis no universo pós-"Ultimato".

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Pantera Negra

T'Challa (Chadwick Boseman) e o reino de Wakanda irão retornar em uma aventura que deve começar a ser produzida ainda no fim deste ano, ou no começo do próximo. Ryan Coogler voltará para escrever e dirigir a produção.

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Doutor Estranho

O mago supremo interpretado por Benedict Cumberbatch dará as caras em uma sequência comandada, novamente, por Scott Derrickson. A estreia está prevista para 2020 ou 2021, segundo a revista "Hollywood Reporter".

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Guardiões da Galáxia

O terceiro filme sobre a trupe de desajustados já é uma certeza há tempos, mas pairou no limbo por meses com a novela em torno da demissão (e recontratação) de James Gunn. Como o diretor já havia se comprometido com "Esquadrão Suicida 2", o novo "Guardiões" deve ficar para 2022.

Quem vai se juntar ao time

Reprodução/Marvel

Os Eternos

Criados pelo gênio Jack Kirby em 1976, os Eternos são resultado de uma experiência das entidades cósmicas conhecidas por Celestiais para criar uma raça de superseres no planeta - em teoria, para agir em sua defesa. Isolados nas montanhas da Grécia, onde seus poderes foram confundidos com habilidades dos deuses gregos, os Eternos eventualmente passaram a viver, sem memória de sua longevidade ou habilidades, entre os humanos. Seu despertar, entre eles Ikaris, Thena e Sersi, aponta um novo conflito entre seres superpoderosos na Terra. O filme, ainda sem data de estreia, terá Angelina Jolie no elenco e Chloé Zhao na direção.

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Shang-Chi

Imensamente popular nos quadrinhos brasileiros da primeira metade dos anos 80, Shang-Chi, o Mestre do Kung Fu, foi criado em 1973 por Steve Englehart e Jim Starlin no auge da febre de artes marciais que tomou o mundo impulsionada pelo sucesso de Bruce Lee. Filho do mestre criminoso Fu Manchu (uma criação literária licencidada pela Marvel), Shang-Chi foi treinado desde a infância para dominar seu corpo como uma arma. Eventualmente ele abandonou a sombra de seu pai e passou a combatê-lo, em histórias que misturavam tramas de espionagem, filosofia oriental e ficção científica. David Daniel Cretton foi apontado como diretor do longa, ainda sem data de estreia.

O universo expandido com Quarteto Fantástico e X-Men

Os fãs dos heróis mutantes e da família de exploradores que deu início à Marvel nos quadrinhos terão de esperar um pouco mais para sua estreia no universo compartilhado do estúdio. Com a aquisição da Fox pela Disney, X-Men e Quarteto Fantástico "voltaram para casa", mas o presidente da Marvel, Kevin Feige, por enquanto se contenta com esse pensamento.

Na prática, os próximos cinco anos dos heróis do estúdio no cinema já estavam mapeados antes de o acordo ser fechado, o que impossibilitava qualquer possibilidade de inserir seus personagens na atual cronologia. Feige ressaltou que não teremos um filme dos X-Men nesse período - mas em nenhum momento citou nem o Quarteto Fantástico e nem a possibilidade de inserir personagens populares como Wolverine em outros filmes. Funcionou com o Homem-Aranha e com o Pantera Negra, apresentados em "Capitão América: Guerra Civil" antes de voarem solo.

"X-Men: Fênix Negra", que estreia em junho, fecha o ciclo dos personagens em sua atual encarnação, iniciada em 2000 com o filme de Bryan Singer. Mas não duvide se Deadpool voltar aos cinemas, em toda sua glória desbocada, antes de prazo-limite.

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Heróis no streaming

A próxima fase do Universo Cinematográfico da Marvel será construída, também, na TV - ou melhor, no streaming.

O Disney +, serviço que estreará no fim do ano, terá como principal chamariz quatro séries protagonizadas por personagens que já conhecemos dos cinemas: Loki (Tom Hiddleston), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), e Falcão (Anthony Mackie) e Soldado Invernal (Sebastian Stan). Todas serão ligadas diretamente aos filmes, expandindo o universo de uma forma nunca antes vista.

É a primeira narrativa longa que a Marvel Studios, já fez. Elas terão seis, oito e dez episódios, com os atores dos filmes interpretando seus personagens. Eles vão mudar, evoluir e crescer nessas séries, e essas mudanças se refletirão nas próximas aparições deles nos filmes. Kevin Feige, presidente da Marvel Studios

Há um detalhe importante na fala dele: essas serão as primeiras séries da Marvel Studios, a responsável por "Ultimato" e pelos filmes que vimos até agora. Séries como "Agents of S.H.I.E.L.D." e os já cancelados frutos da parceria com a Netflix são tocados pela Marvel Television, uma outra subsidiária da Casa das Ideias. Esse é o principal motivo pelo qual, apesar de estarem situadas no mesmo universo dos filmes, as séries pouco dialogavam com eles.

Desejo dos fãs, o resgate das produções para a Netflix ("Demolidor", "Jessica Jones", "Luke Cage" e "Punho de Ferro") ainda é uma incógnita. Só não espere de pé: por conta do contrato com a gigante do streaming, esses heróis só podem voltar ao ar a partir de 2020.

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A vez de todos

Histórias à parte, já sabemos que o futuro do MCU é, também, mais diverso. Além de colocar Capitã Marvel como líder de uma nova geração de super-heróis, a Marvel trará mais um filme solo protagonizado por uma mulher (Viúva Negra) e terá seu primeiro herói asiático, Shang-Chi.

O estúdio ainda pode ter, em breve, seu primeiro super-herói abertamente gay -- caso rumores em torno de "Os Eternos" se confirmem.

A inclusão se estende para as equipes por trás da câmera. O filme da Viúva Negra será capitaneado por uma mulher, Cate Shortland, assim como "Os Eternos", que será comandado por Chloe Zhao ("Domando o Destino"). Elas seguem o rastro de Anna Boden, que codirigiu "Capitã Marvel" com Ryan Fleck e se tornou a primeira mulher a ser creditada como diretora em um filme da Casa das Ideias.

Zhao, aliás, foi a primeira diretora com ascendência asiática contratada pelo estúdio -- o segundo foi Destin Daniel Cretton, que irá comandar "Shang-Chi".

"Nossa audiência é global, é diversa e inclusiva", disse a chefe de produção Victoria Alonso, recentemente, à revista "Variety". "Se nós não fizermos desse jeito para eles, vamos falhar. Se não acelerarmos para a diversidade e inclusão, nós não teremos mais sucesso. Nossa determinação é que todas as pessoas assistam aos nossos filmes".

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