Star Wars: O fim de uma saga

A Ascensão Skywalker põe fim a uma história de décadas. UOL conversou com o elenco

Beatriz Amendola do UOL, em Los Angeles* e em São Paulo

Parece que foi muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante, que George Lucas lançou seu primeiro Star Wars - ou Guerra nas Estrelas, como ficou conhecido aqui no Brasil. A ópera espacial protagonizada por Luke, Han e Leia trouxe ao cinema um universo inédito e fascinante, com planetas, naves e criaturas fantásticas, e se tornou um fenômeno da cultura pop, com três trilogias para as telonas, um punhado de filmes e séries derivados, e milhões de brinquedos vendidos.

Agora, 42 anos depois, a saga que começou tudo e encantou gerações será encerrada com seu nono capítulo, A Ascensão Skywalker. O filme, que estreia hoje, coloca os veteranos do filme lado a lado com a nova geração, encabeçada por Daisy Ridley (Rey), Adam Driver (Ben/Kylo Ren), Oscar Issac (Poe) e John Boyega (Finn). É o fim definitivo de uma era nos blockbusters.

Pode seguir sem medo pelo resto do texto.

Spoilers, aqui não há.

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Uma história de 40 anos

Ainda longe de ser rebatizado como Uma Nova Esperança, o primeiro Star Wars chegou aos cinemas americanos em 25 de maio de 1977 (por aqui, ele só desembarcaria no começo de 1978). Foi um sucesso estrondoso, que manteve o filme por quase um ano em cartaz nos Estados Unidos e foi recompensado com uma bilheteria de impressionantes US$ 500 milhões (dados do Box Office Mojo, não corrigidos pela inflação).

Os dois filmes seguintes, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, consolidaram o grande império criado por George Lucas, que aos poucos expandiu seu universo para a literatura, a TV e os games. Mas era pouco.

No final da década de 90, com os efeitos especiais infinitamente mais avançados, Lucas resolveu contar a história da gênese do Império e da transformação do jovem Anakin Skywalker no temeroso Darth Vader. Sua nova trilogia, lançada entre 1999 e 2005, não foi unanimidade de crítica nem de público, mas provou que ainda havia muito a ser explorado - e que a Força seguia intensa nas bilheterias.

A franquia, no entanto, ficou em estado de dormência por quase uma década. Isso até a Disney anunciar, em 2012, a aquisição da LucasFilm por astronômicos US$ 4 bilhões. Era o início de uma nova era de Star Wars nos cinemas, com novos personagens, novas aventuras e um mundo muito mais diverso - o que provocou chiadeira em alguns cantos da internet. George Lucas foi escanteado, e a história tomou novos rumos nas mãos de J.J. Abrams — que volta para o episódio final — e Rian Johnson, que comandou o controverso Os Últimos Jedi.

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A nova geração

Para encabeçar a nova trilogia, a Disney apostou em um novo trio, formado pela catadora Rey (Daisy Ridley), o piloto da resistência Poe (Oscar Isaac) e o ex-stormtrooper Finn (John Boyega). Em oposição a eles, surgia o vilão Ben Solo/Kylo Ren (Adam Driver), filho de Leia (Carrie Fisher) e Han Solo (Harrison Ford).

Entrar em uma franquia tão grande, com tanta bagagem - e fãs tão passionais - foi um desafio para os atores. "Meu primeiro dia foi assustador", lembrou Daisy Ridley em um papo exclusivo com o UOL.

Era a minha primeira cena. Olhei e tinha uma equipe enorme. Lembro de olhar aquelas pessoas e pensar 'meu Deus, você escolheu a pessoa errada'.

John Boyega, que assim como Daisy só tinha no currículo algumas produções britânicas, ficou inseguro com tudo o que viria depois da estreia de O Despertar da Força: "Foi estressante [filmar] e depois pensar 'vou ser famoso e já era'".

Mais experiente do trio, Oscar Isaac sentiu uma mistura de empolgação com ansiedade quando chegou para gravar o Episódio VII. "Minha primeira cena foi muito legal. Eu havia sido capturado e estava todo sangrento. [No set] havia uma energia em torno do desconhecido, de ninguém saber onde isso ia dar e dos riscos serem tão grandes. É louco pensar que estamos chegando ao fim disso".

Hoje, os atores se sentem mais seguros em relação aos comentários sobre os filmes. Daisy, que tina apenas 23 anos quando o primeiro filme da nova trilogia saiu, admitiu que teve algumas dificuldades para se adaptar. "Para qualquer pessoa, é muita coisa estar sob esse tipo de escrutínio", disse.

Você está à mercê de milhões de pessoas que amam demais essa saga, então pode ser intimidador e incrível, porque todo mundo tem uma opinião.

Daisy Ridley, a Rey, de Star Wars, sobre sua chegada na franquia de sucesso

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Controversa Ascensão

E haja opinião. A Ascensão Skywalker estreia em meio a críticas que vão de "fenomenal" a "filme-zumbi" mais rápido do que a velocidade da luz - uma reação para a qual o diretor J.J. Abrams já estava preparado quando conversamos com ele e o elenco, em agosto.

"Tudo que fazemos é tentar entreter as pessoas e contar uma história da melhor forma possível, com as melhores intenções. Mas isso não significa que vamos agradar a todos. Algumas das decisões que tomamos neste filme vão chocar as pessoas, deixar algumas bravas e fazer outras rirem ou chorarem de emoção. Não tem como prever. Você simplesmente não sabe".

Abrams voltou ao universo Star Wars em uma reviravolta daquelas que só Hollywood pode proporcionar, após o diretor Colin Trevorrow (Jurassic World) ser afastado do projeto. E, em um desafio adicional, ele ainda teve de lidar com as escolhas controversas de Os Últimos Jedi - que caíram bem com a crítica, mas nem tanto com os fãs.

Abrams, no entanto, jurou de pés juntos que não teve que alterar nada em decorrência do filme de Rian Johnson (não tenho tanta certeza assim, mas isso é assunto para outro texto). "Nós tínhamos um plano geral traçado logo de início. Cada criador vai encontrar algo que o inspira e que ele quer enfatizar. Nada do que Rian fez desfez o que eu pensava que eu iria acontecer", explicou.

No fim das contas, o cineasta se sentiu grato por ter a oportunidade de retornar ao universo criado por George Lucas. "Star Wars foi tão importante para mim quando eu era criança, e continua a ser. Sou muito grato e não poderia estar mais empolgado com o que temos", contou, antes de comemorar o fato de que o Episódio IX reúne, pela primeira vez, o trio principal, bem à moda da trilogia clássica.

"Este é o primeiro filme em que vemos esse grupo de amigos juntos em uma aventura, o que, para mim, é o que define a sensação de Star Wars".

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Movido a nostalgia, A Ascensão Skywalker é final imperfeito para Star Wars

por Roberto Sadovski

Star Wars: A Ascensão Skywalker é um produto com duas caras. Na superfície, o filme de J.J. Abrams parece feito exclusivamente para agradar aos fãs da saga, com sua reverência exagerada às suas mais de quatro décadas de história. Um olhar mais atento, porém, revela que o compromisso da aventura, que encerra uma das séries mais festejadas da cultura pop, é unicamente com o escapismo. Segue o fio.

O Despertar da Força, que o próprio Abrams comandou em 2015, trazia a preocupação em reapresentar a marca a uma nova geração sem alienar seus devotos - missão que alcançou com louvor. Com o filme seguinte, Os Últimos Jedi, o diretor Rian Johnson foi na contramão das expectativas e tomou decisões ousadas, recuperando o mistério e a empolgação para o futuro da saga. A Ascensão Skywalker, por sua vez, deixa de lado sutileza e criatividade para ancora-se unicamente em nostalgia (daí a ilusão do fan service) e na força de seu visual acachapante, que emoldura uma narrativa linear. Só não espere que ela faça algum sentido. Continue lendo no blog do Sadovski.

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Como eles se sentiram com o fim

Me senti tão animado e aliviado. Acho que as pessoas ficarão surpresas e que será muito recompensador descobrir que está em curso uma partida de xadrez galáctica, desde o Episódio VI

Oscar Isaac, o Poe

É muito estranho, mas também é o certo a fazer, porque não tinha como continuar após este filme, que é um final épico para a saga como um todo.

Daisy Ridley, a Rey

Eles estão de volta!

O final da saga conta com vários veteranos

Anthony Daniels

O intérpete de C-3PO esteve em todos os filmes da saga. "Achava que era só um trabalho de 12 semanas, sob circunstâncias terríveis, em 1976. E é satisfatório chegar ao fim."

Ian McDiarmid

O ator retorna como o temido Imperador Palpatine, mais decrépito e fantasmagórico do que nunca. "É a maior e mais assustadora ameaça da galáxia", adiantou J.J. Abrams.

Mark Hamill

O eterno Luke Skywalker faz uma breve participação no filme. Isso é tudo o que podemos dizer sem entrar no território de spoilers -- mas dá para imaginar, já que ele é um Jedi...

Billy Dee Williams

O ator retorna como Lando Calrissian após 40 anos longe da franquia. "Quando J.J. me ligou e me pediu para participar, eu fiquei muito empolgado. Foi ótimo voltar", disse o ator.

Sempre Leia

Quem também retorna, embora de outra forma, é a atriz Carrie Fisher. Ela morreu em 2016, antes das gravações de A Ascensão Skywalker, após sofrer um ataque cardíaco durante um voo. A atriz, no entanto, está presente por meio de cenas gravadas e não utilizadas de O Despertar da Força - e o resultado emociona.

"Ela está muito viva no filme", disse Abrams.

É uma coisa muito estranha, agora que ela se foi. Mas nós percebermos que não havia forma de contar o fim da saga Skywalker sem ela. Não havia chance alguma.

É o fim, mas Star Wars continua

A conclusão da história em nove capítulos, no entanto, não significa que este seja o fim da linha para o universo Star Wars. Ainda há muitas, muitas produções chegando a essa galáxia distante.

Nos cinemas, a próxima trilogia será comandada por Rian Johnson (sim, o mesmo de Os Últimos Jedi), que deve dirigir ao menos o primeiro filme. A história dos novos filmes ainda é desconhecida, mas já sabemos que eles serão protagonizados por personagens completamente novos. O cineasta deve começar a trabalhar neles em breve, já que acabou de lançar seu mais recente trabalho, Entre Facas e Segredos.

O Disney+, o serviço de streaming da Disney, também abrigará mais duas séries que prometem deixar os fãs felizes: uma centrada no mestre Jedi Obi Wan Kenobi, com Ewan McGregor de volta ao papel; e outra que vai funcionar como um prequel de Rogue One, contando a história do espião rebelde Cassian Andor (Diego Luna).

E, claro, há The Mandalorian, a série que trouxe o maior xodó da internet de 2019: o Baby Yoda. Já prestes a encerrar sua primeira temporada nos Estados Unidos, a produção vai desembarcar oficialmente por aqui em 2020, quando o Disney+ chegar ao Brasil.

Que a Força permaneça muitos anos nesse universo.

*A repórter viajou a convite da Disney

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