"Você precisa escolher quem você não vai pagar. As pessoas não podem trabalhar achando que vão receber." Quando ouviu isso de um sócio, Paola Wescher tinha 24 anos e estava prestes a realizar a terceira edição de um festival em Curitiba que não tinha vendido ingressos suficientes para pagar as próprias despesas.
Abandonada pelos parceiros na véspera do evento, levou três anos até conseguir quitar todas as dívidas. E hoje, quase duas décadas depois, ela lembra do episódio com voz embargada e olhos marejados, mas sem se esquecer do que aprendeu.
"O meu pai me ensinou que dinheiro vai e volta. Mas o que você é, a sua carreira e o seu nome, isso fica para sempre. Ele me disse: 'Você vai perder dinheiro neste ano. Mas, se você fizer uma coisa bem-feita, depois vai recuperar. E se você for uma pessoa íntegra, não enganar ninguém, você vai passar por isso. Pode demorar, mas você vai conseguir sobreviver'."
Lição aprendida, Paola conseguiu, de fato, sobreviver. Hoje comanda a marca Popload ao lado do sócio Lucio Ribeiro, plataforma que une portal, festival indie e site de venda de ingressos e que, em março deste ano, foi comprada pela T4F (Time For Fun), gigante do entretenimento.
Avessa a entrevistas, fotos e badalação, Paola topou conversar com o UOL sobre sua trajetória, os tropeços, as conquistas, a fama de difícil, a parceria e a amizade com o sócio de mais de uma década. E, na véspera da sétima edição do Popload Festival, que acontece nesta sexta-feira, no Memorial da América Latina, em São Paulo, comemora mais um sonho realizado: oshow inédito da lenda do punk Patti Smith. "Acho que vou chorar horrores."